A Viagem – Um amigo (o espírito não colocou o seu nome) 3.17/5 (6)

Our Score
Click to rate this post!
[Total: 0 Average: 0]
Download PDF

Um amigo (o espírito não colocou o seu nome) Contribuição de Pedro

Ocupando leito de CTI, a velha senhora sente-se vencida pelos anos que passaram.

Ligada a equipamentos complexos, com fios e tubos envolvendo-a, dá-se conta que a vida física extingue-se, qual chama de uma vela, agora de pequena dimensão.

Recorda-se das experiências da infância, da casa e dos animais.

Lembra-se das brincadeiras simples e divertidas, das primeiras amizades, das comidas cheirosas e dos bolos de fubá, que lhe traziam sorrisos.

Passa em sua mente o filme do primeiro e único namoro, da sua conversão em casamento e dos desafios daqueles tempos, que eram bem diferentes dos atuais.

Depois, a prole que chegou, a criação e os desafios, até que seus cabelos iniciaram a embranquecer, e a beleza da juventude iniciava o ocaso.

Reviu os filhos saindo de casa e montando famílias, os netos que vieram, os beijos e os abraços que se tornavam feliz rotina, acompanhado da gritaria e das bagunças, tão naturais nas crianças.

Recordou a doença que chegara, limitando-a; a perda do companheiro e o rápido processo de envelhecimento que parece não perdoar a ninguém após certo estágio da vida.

Vieram as dores, o diagnóstico, o ir e vir aos hospitais, até que um dia, relembrou, a internação derradeira, a cirurgia inarredável e as complicações decorrentes.

Agora, o leito na unidade intensiva é sua casa.

No silêncio quebrado pelo vai e vem das enfermeiras, na sala com semiobscuridade, nota uma luz estranha que se aproxima e parece transformar-se em pessoa conhecida.

Aos poucos observa o antigo companheiro, liberto da matéria, que lhe sorri, e estendendo os braços lhe diz, na linguagem do pensamento:

-Vem comigo! Teu tempo findou na terra. Uma nova vida te espera.

Ao que o alarme da máquina que a mantinha, soa e provoca correria, mas a vida já havia cumprido seu papel.

Um amigo.

(Página psicografada na noite de terça-feira, 17/5/2016, na Legião Espírita de Porto Alegre, por Alberto Sampaio.

Loading