AMOR-PERDÃO – Livro – Amor Imbativel Amor 0/5 (1)

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Quando vige o amor nos sentimentos, não há lu­gar para o ressentimento. Não obstante, face à estrutu­ra psicológica do ser humano, a afetividade espontâ­nea sempre irrompe intentando crescimento, de modo a administrar as paisagens que constituem os objetivos existenciais. Não conseguindo atingir as metas, porque se depara com a agressividade inerente ao processo de desenvolvimento intelectomoral que ainda não se pôde instalar, sente-se combatida e impelida ao recuo. Tal ocorrência, nos indivíduos menos equipados de valo­res éticos, gera mal-estar e choques comportamentais que se podem transformar em transtornos aflitivos.
Quando isso sucede, o ser maltratado refugia-se na mágoa, ancorando-se no desejo de desforço ou de vin­gança.
A injustiça de qualquer natureza é sempre -uma agressão à ordem natural que deve viger em toda a parte, especialmente no homem que, por instinto, de­fende-se antes de ser agredido, arma-se temendo ser assaltado, fica à espreita em atitude defensiva…
Tudo quanto lhe constitui ameaça real ou imaginá­ria torna-se-lhe temerário e, por mecanismo de defesa, experimenta as reações fisiológicas específicas que de­correm das expectativas psicológicas.
A raiva, sob esse aspecto, é uma reação que resulta da descarga de adrenalina na corrente sangüínea, quan­do se está sob tensão, medo, ansiedade ou conflito de­fensivo.
O medo que, às vezes, a inspira, impulsiona àagressão, em cujo momento assume o comando das atitudes, assenhoreando-se da mente e da emoção.
A criatura humana, portanto, convive com esses estados emocionais que se alternam de acordo com as ocorrências, e que se podem transformar em transtor­nos desesperadores tais o ódio, o pânico, a mágoa en­fermiça.
A mágoa ou ressentimento, segundo os estudos da Dra. Robin Kasarjian, instala-se nos sentimentos em razão do Self encontrar-se envolto por sub-personali­dades, que são as qualidades morais inferiores, aque­las herdadas das experiências primárias do processo evolutivo, tais a inveja, o ciúme, a malquerença, a per­versidade, a insatisfação, o medo, a raiva, a ira, o ódio, etc.
Quando alguém emite uma onda inferior — sub-personalidade — a mesma sincroniza com uma faixa equivalente que se encontra naquele contra quem é di­recionada a vibração, estabelecendo-se um contato in­feliz, que provoca idêntica reação.
A partir daí estabelece-se a luta com enfrentamen­tos contínuos, que resultam em danos para ambos os litigantes, que passam a experimentar debilidade nas suas resistências da saúde física, emocional, psíquica, econômica, social… Naturalmente, porque a alteração do comportamento se reflete na sua existência huma­na.
Sentindo-se vilipendiado, ofendido, injustiçado, o outro, que se supõe vítima, acumula o morbo do res­sentimento e cultiva-o, como recurso justo para descar­regar o sofrimento que lhe está sendo imposto.
Essa atitude pode ser comparada à condução de “uma brasa para ser atirada no adversário que, apesar disso, enquanto não é lançada queima a mão daquele que a carrega”.
O ressentimento, por isso mesmo, é desequilíbrio da emoção, que passa a atitude infeliz, profundamente infantil, qual a de querer vingar-se, embora sofrendo os danos demorados que mantém esse estado até quan­do surja a oportunidade.
O amor, porém, proporciona a transformação das subpersonalidades em superpersonalidades, o que im­pede a sintonia com os petardos inferiores que lhes se­jam disparados.
Em nossa forma de examinar a questão do ressen timento e da estrutura psicológica em torno do Self, acreditamos que, em se traçando uma horizontal, e par­tindo-se do fulcro em torno de um semicírculo para baixo, teríamos as subpersonalidades, e, naquele que está acima da linha reta, defrontamos as superpersona­lidades, mesmo que, nas pessoas violentas e mais ins­tintivas, em forma embrionária.
Toda vez que é gerada uma situação de antagonis­mo entre os indivíduos, as subpersonalidades se enfren­tam, distendendo ondas de violência que encontram guarida no campo equivalente da pessoa objetivada.
Não houvesse esse registro negativo e a agressão se perderia, por faltar sintonia vibratória que facultas­se a captação psíquica.
O ressentimento, portanto, é efeito também da onda perturbadora que se fixa nos painéis da emotividade, ampliando o campo da subpersonalidade semelhante que se transforma em gerador de toxinas que termi­nam por perturbar e enfermar quem o acolhe.
Sob o direcionamento do amor, a subpersonalida­de tende a adquirir valores que a irão transformar em sentimentos elevados — superpersonalidades — anulan­do, lentamente, a sombra, o lado mau do indivíduo, criando campo para o perdão.
É provável que, na primeira fase, o perdão não seja exatamente o olvidar da ofensa, apagando da memória a ocorrência desagradável e malfazeja. Isso virá com o tempo, na medida que novas conquistas éticas forem sendo armazenadas no inconsciente, sobrepondo-se às mazelas dominantes, por fim, anulando-lhes as vibra­ções deletérias que são disparadas contra o adversário, ao tempo em que desintegram as resistências daquele que as emite.
Não revidar o mal pelo mal é forma de amar, concedendo o direito de ser enfermo àquele que se transforma em agressor, que se compraz em afligir e perturbar.
Nessa condição — estágio primário do processo de desenvolvimento do pensamento e da emoção — é na­tural que o outro pense e aja de maneira equivocada.
O amor-perdão é um ato de gentileza que a pessoa se dispensa, não se permitindo entorpecer pelos vapo­res angustiantes do desequilíbrio ou desarticular-se emocionalmente sob a ação dos tóxicos do ódio ressen­tido.
O homem maduro psicologicamente é saudável, por isso, ama-se e perdoa-se quando se surpreende em erro, pois que percebe não ser especial ou alguém irre­torquível.
Compreendendo que o trabalho de elevação se dá mediante as experiências de erros e de acertos, proporcio­na-se tolerância, nunca porém sendo complacente com esses equívocos, a ponto de os não querer corrigir.
É atitude de sabedoria perdoar-se e perdoar, porqüanto a conquista dos valores éticos é conseqüência natural do equilíbrio emocional, patamar de seguran­ça para a aquisição da plenitude.
O amor é força irradiante que vence as distonias da violência vigente no primarismo humano, gerador das subpersonalidades.
Surge como expressão de simpatia que toma corpo na emoção, distendendo ondas de felicidade que en­volvem o ser psicológico e se torna força dominadora a conduzir os objetivos essenciais à vida digna.
Fonte proporcionadora do perdão, confunde-se com esse, porque as fronteiras aparentes não existem em realidade, desde que um somente tem vigência quando o outro se pode expressar.
Amor é saúde que se expande, tornando-se vitali­dade que sustenta os ideais, fomenta o progresso e de­senvolve os valores elevados que devem caracterizar a criatura humana.
Insito em todos os seres, é a luz da alma, momen­taneamente em sombra, aguardando oportunidade de esplender e expandir-se.
O amor completa o ser, auxiliando-o na auto-supe­ração de problemas que perdem o significado ante a sua grandeza.
Enquanto viger nos sentimentos, não haverá lugar para os resíduos enfermiços das sub-personalidades, que se transformarão em claridade psicológica, avan­çando para os níveis superiores do sentimento, quan­do a auto-realização conseguirá perdoar a tudo e a to­dos, forma única de viver em plenitude.

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