Livro O que é o Espiritismo – Capítulo I – DISSIDÊNCIAS – Allan Kardec 5/5 (1)

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DISSIDÊNCIAS

V.
— A diversidade na crença do que o senhor denomina uma Ciência, parece a sua condenação.

Se essa Ciência se fundasse em fatos positivos, não deveria ser a mesma, quer na Europa, quer na América?

A.
K.
— Antes de mais nada afianço-lhe que essa divergência está mais na forma do que no fundo.
Na realidade, está apenas na maneira de considerar determinados pontos da doutrina, sem constituir um antagonismo radical nos princípios como pretendem os nossos adversários, sem terem estudado a questão.

Diga-me, porém: Qual a ciência que, no seu aparecimento, não originou dissidências, até que seus princípios fossem definitivamente estabelecidos?

E não as encontramos, ainda, nas mesmas ciências já melhor constituídas?

Estão todos os sábios concordes sobre um mesmo ponto?

Não têm seus sistemas particulares?

As seosões do Instituto apresentam sempre o espetáculo de cordial e perfeito entendimento?

Em Medicina não existe a Escola de Paris e a de Montpellier?

O descobrimento de cada ciência não ocasiona um choque entre os que desejam o progresso e os que teimam em permanecer estacionários?

No que diz respeito ao Espiritismo, não será natural que, por ocasião do aparecimento dos primeiros fenómenos, quando ainda se ignoravam as leis que os regem, concebesse cada um o seu sistema e os encarasse a seu modo?

Ademais, que fim tiveram todos esses sistemas primitivos e isolados?

Caíram ante uma observação dos fatos.

Alguns anos bastaram para que se estabelecesse a unidade grandiosa que prevalece na doutrina e que une a imensa maioria dos adeptos, à exceção de algumas individualidades que, nisto como em tudo, agarram-se às ideias primitivas e morrem com elas.
Que ciência, que doutrina filosófica ou religiosa oferece exemplo semelhante?

Apresentou jamais o Espiritismo a centésima parte das divisões que se desgarraram da Igreja durante séculos e séculos, e que atualmente ainda se desgarram?

Na verdade, são dignas de admiração as puerilidades de que lançam mão os adversários do Espiritismo.
Não significa isto escassez de argumentos fortes? Alegações de burlas, negações, calúnias; mas nenhum argumento peremptório.
E a prova de que ainda não se lhe encontraram pontos vulneráveis é que nada pode suster-lhe a marcha ascendente e que, ao cabo de dez anos, conta mais adeptos do que outra qualquer seita jamais o conseguiu em um século.
Este é um fato demonstrado pela experiência e reconhecido por seus próprios adversários.

Para liquidá-lo, não basta dizer: não existe tal coisa, isto é um absurdo.
É mister provar, categoricamente, que os fenómenos não existem e que não podem existir, e isto até hoje ninguém o fez.

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