Só Caramujo Leva a Casa nas Costas 2.5/5 (2)

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Contribuição de Orleide Felix de Matos

Aprendemos no Espiritismo o desapego aos bens materiais, em contraste com outras religiões, que promovem o apego, fazendo cultos que prometem o progresso material e financeiro.

Na realidade, o dinheiro é neutro. O uso que se faz dele é que determina sua qualidade boa ou má; ou melhor, determina a qualidade de seu possuidor.

Nada há de errado na pessoa desejar o progresso financeiro e até querer enriquecer, desde que o uso que faça do dinheiro seja proveitoso não somente para si, como também para o semelhante. Não deixar o egoísmo apoderar-se, mas saber usar a matemática de Jesus, ou seja: dedicação + doação = caridade.

Não se pode servir a Deus e às riquezas. Qual a verdadeira interpretação desta frase?

Jesus não condena a riqueza, mas sua frase é interpretada como condenação. Ele pediu ao moço que deixasse seus bens aos pobres e depois o seguisse, mostrando que o desapego é necessário para a prática da caridade. O apego é incompatível com a doação; o egoísmo é incompatível com a caridade. Na realidade Jesus não pediu ao moço que se desfizesse de seus bens, mas que se desapegasse do dinheiro. Ninguém pode ser caridoso se o apego aos bens materiais for grande, porque o egoísmo falará mais alto. Como diz Allan Kardec, se a riqueza fosse meio de perdição, Deus teria colocado no mundo a condenação de todos nós. Dessa forma, o dinheiro não é incompatível com o progresso espiritual. Devemos saber trabalhar em nós mesmos o desapego, porque nossas boas obras é o que realmente levaremos para o outro lado da vida. E o dinheiro é um poderoso facilitador.

O que levamos para o outro lado é apenas o nosso melhoramento espiritual através da reforma íntima que fizermos.

Só o caramujo leva a casa nas costas, porque, provavelmente, já a tem em seu perispírito. Nós temos que nos esforçar para fazer os reajustes necessários em nosso caráter.

Conversando com uma psicóloga espírita que viveu com monges do Tibet, ela nos disse que crescimento espiritual verdadeiro não é a caridade que se pratica, mas a melhoria interior que se conquista. A caridade vem do amor, da piedade para com o semelhante, porém, quando se tem de sobra sem que se faça falta, o desapego, se assim pode ser chamado, é muito fácil. Desapegar-se do necessário é tarefa difícil, pois exige renúncia.

Podemos desfrutar dos bens materiais, não permitindo, porém, que eles se tornem a única razão da nossa vida, o “deus” dinheiro que escraviza.

Podemos ajudar as pessoas de muitas formas e ajudar a nós mesmos colocando limites em nossas ambições, quando elas passarem do racional. Uma ambição, um desejo sem limites é como uma locomotiva desgovernada a atropelar tudo e todos que encontra pela frente. Quando contida pelo racional e pela disciplina é poderoso meio de mudança e crescimento.

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