Meu pai, meu herói – Redação do Momento Espírita 5/5 (1)

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Quando eu cheguei a este mundo, não sabia ao certo o que estava fazendo aqui, até que percebi que havia alguém para me orientar na jornada.

Um dia, quando você me ergueu nos braços, elevando-me acima da sua cabeça, descobri que você queria que eu percebesse o mundo de um ponto de vista muito abrangente.

Quando comecei a ensaiar meus primeiros passos, com a musculatura das pernas ainda frágil, você me sustentou segurando-me a mão, e entendi que você não desejava me carregar no colo para sempre: queria que eu andasse com as próprias pernas.

Quando entrei em casa pela primeira vez, ofegante, me queixando dos amigos, você disse para eu me acertar com eles, e compreendi que deveria assumir a responsabilidade pelos meus próprios atos.

Quando trouxe para casa minha primeira lição e você se sentou ao meu lado, orientando-me, mas não fez a lição para mim, entendi que você desejava que o aprendizado fosse uma conquista minha.

No dia em que alguns objetos alheios foram parar em minha mochila escolar, você, sem me ofender, me pediu para devolver ao legítimo dono, e compreendi que você queria fazer de mim uma pessoa honesta.

Quando, um dia, meus amigos saíram da sala e tracei alguns comentários maldosos sobre eles, e você me disse que não devemos falar mal das pessoas ausentes, aprendi as lições da sinceridade e do respeito.

Nos momentos difíceis, você estava sempre ao meu lado para me apoiar, e nas horas alegres não me faltou o seu abraço para compartilhar.

Quando fraquejei diante do primeiro embate da vida, você me falou de coragem.
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Quando chorei as lágrimas provocadas pelo primeiro sofrimento, você me falou de resignação.
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Quando desejei fugir dos compromissos que se apresentavam, você me falou de responsabilidade.
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Quando pensei em mentir para um amigo, você me falou de fidelidade.
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Quando senti em minha alma os açoites dos primeiros vendavais, você me falou de flexibilidade, e aprendi a me dobrar para não quebrar, como o pequeno ramo verde faz diante dos golpes do vento.

Quando você pressentiu em meu olhar a insinuação da vingança, me falou do perdão.
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Quando desejei salvar o mundo, nos ardentes dias da juventude, você me ensinou a moderação e o bom senso.

Quando quis me submeter aos modismos do grupo, você me falou de liberdade.

Quando me iludi, pensando que o mundo era meu, você me falou do Criador do Universo.
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Assim, meu pai, desejo dizer que você sempre foi meu herói, meu amigo, meu grande mestre, meu companheiro de caminhada.
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Você foi firme, quando era de firmeza que eu precisava.
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Você foi terno, quando era de ternura que eu necessitava.
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Você foi lúcido, quando era de lucidez que eu precisava.
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Quando eu cheguei a este mundo, não sabia ao certo o que estava fazendo aqui, até que percebi que havia alguém para me orientar na jornada.
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Hoje, bem, hoje eu sei claramente o que estou fazendo aqui, porque você, meu pai, fez mais que apenas me orientar, você caminhou ao meu lado muitas vezes, me seguiu de perto outras tantas, e andou à minha frente muitas outras, deixando rastros de luz, como diretrizes seguras que eu pudesse seguir.

Hoje eu sei muito bem o papel que me cabe na construção de um mundo melhor, porque isso eu aprendi com você, meu grande e admirado amigo.
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E quando eu vejo tantos jovens perdidos, sem rumo e sem esperança, vagando entre a violência e a morte, eu peço a Deus por eles, porque é bem possível que não tenham tido a felicidade de ter um pai como você.
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E peço a Deus por você, papai, meu grande amigo.

Redação do Momento Espírita.

Disponível no CD Momento Espírita, coletânea v.
8/9

e no livro Momento Espírita, v.
4, ed.
FEP.

Em 7.
8.
2020

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