O VAZIO EXISTENCIAL – Livro – Amor Imbativel Amor

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Nesse processo de superação do primarismo, quan­do o Self adquire discernimento, se não houve um amadurecimento paulatino e cuidadoso, ocorrem, se­gundo Viktor Frankl, em seus estudos e aplicações lo­goterápicos, dois fenômenos que respondem pelo va­zio existencial: a perda de alguns instintos animais, básicos, que lhe davam segurança, e o desaparecimen­to das tradições que se diluem, e antes eram-lhe para­digmas de equilíbrio.
Diante disso, o indivíduo é obrigado a escolher, com discernimento para eleger, dando surgimento a outro tipo de instinto de sobrevivência para prosse­guir lutando. Sem uma decisão clara, torna-se ins­trumento dos outros, agindo conforme as demais pes­soas, em atitude conformista, não reagindo aos im­positivos do meio, perdendo-se, sem motivação, ou se deixa conduzir pelos interesses do grupo, atuan­do conforme o mesmo, que lhe impõe comportamentos agressivos, anulando o seu interesse e alterando o seu campo de ação.
Naturalmente perde o contato com o Self para que sobreviva o ego, e assimilando o que é bem da época, assume os modismos e se despersonaliza.
Nesse vazio que surge, por falta de motivação real para prosseguir, foge para o alcoolismo, para as dro­gas, para o sexo ou tomba em depressão…
Noutras vezes, para ocultar essa lacuna na emoção
— o vazio existencial — refugia-se em comportamentos impróprios, buscando o poder, a glória efêmera atra­vés dos quais chama a atenção, torna-se brilhante sob os focos de luz da fama, neurotizando-se.
Dá-se conta de que as complexas engrenagens do poder e da glória continuam permitindo o vazio interi­or — porque se satura com rapidez das novidades do exterior — percebe também que as compensações do prazer sexual são frustrantes quão ligeiras, produzin­do um certo estado de amargura que parece inexplicá­vel.
Mui comumente surgem comentários no grupo social, a respeito de alguém que tem tudo — dinheiro, família, beleza, inteligência, poder — e, no entanto, pa­rece não ser feliz.
Sucede que esse tudo não preenche o vazio, fal­tando o sentido da vida, seu significado, sua razão de ser.
A tensão de novas buscas e a saturação que de­corre do conseguir, resultam em transtorno neuróti­co.
Com o tempo disponível e falta de objetivo, a úni­ca saída emocional é o mergulho na depressão. Essa ocorrência é comum nas pessoas atuantes que param
de agir abruptamente, por enfermidades, por aposen­tadoria, pelos feriados e períodos de férias, que lhes abrem as feridas existenciais do vazio.
A psicoterapia unida à logoterapia amenizam a si­tuação, propondo um sentido natural à existência, ob­jetivos duradouros, que exigem esforço, embora sejam compreensíveis as recaídas até a fixação dos novos va­lores.

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