Num dia frio, ele chegou.
No avião, um amigo lhe deu as boas-vindas.
Um Espírito amigo do Paraná, vindo das terras paraibanas, que fez história e benesses pelo Estado.
Alguém que deixara corpo e alma na terra das Araucárias: Lins de Vasconcellos.
Jovem de todo, conheceu a antiga sede da Federativa, na rua Saldanha Marinho.
Estava tão frio quando ele foi fazer sua primeira palestra, que, de forma discreta, foi se achegando às pesadas cortinas vermelhas que ornavam o auditório, desejando se envolver nelas.
Era maio, mês das geadas, dos ventos frios curitibanos.
E ele vestia um terno branco de linho.
Totalmente na moda.
Estava elegante nos seus moços anos, mas gelado.
Anos mais tarde, adentraria o mesmo local, transformado agora em Sede Histórica, visitaria seu acervo e diria das vibrações do ambiente, no qual quase se podem ouvir os sussurros das vozes dos pioneiros, dos trabalhadores do ontem.
A caminho de Ponta Grossa, ele se encantou com os pinheirais, com o relevo dos Campos Gerais, pedindo que o veículo parasse um pouco, para que ele pudesse admirar a paisagem.
Conheceu amigos, reencontrou corações.
Estabeleceu laços afetivos e criou uma ponte aérea de amizades: Bahia-Paraná.
Alguém o chamou, sabiamente, de Semeador de estrelas.
Ele as fez brotar em nossas mentes, a cada conferência, em que despejava, a mãos cheias, os conteúdos evangélicos, traduzindo as vozes dos imortais, aquelas que ele afirmava que se ouve uma vez e não se esquece nunca mais.
Ele é Cidadão Honorário de Curitiba e da Terra das Araucárias.
Mais que tudo, é o amigo que iluminou veredas, deixando pegadas na estrada, a fim de que percorramos o caminho com segurança, para cima, para a frente, para o Alto.
Quantas vezes esteve entre nós?
Alguém contou?
Ou quantas conferências, seminários, encontros, entrevistas nos ofereceu?
Que importa?
As estatísticas mais valiosas não estão nos números, nem nas planilhas, mas nos efeitos nas vidas.
Ele tinha mais horas de voo do que muitos pilotos comerciais.
Tinha mais experiências de auditório do que muitos oradores.
Mas, no que Ele era mestre e doutor, era no devassar a alma.
Ele olhava, sorria e perguntava: Olá, como vai?
E, em um minuto apenas, esquecíamos a dor que nos levara a ele, a desesperança que nos abraçava há pouco, a tristeza que desejávamos despejar.
Ele tinha mais anos de serviço no Paraná do que muitos de vida da maioria de nós.
Na noite silenciosa de treze de maio, ele partiu.
Olhamos para o céu e vimos uma estrela.
E nos perguntamos se não seria o próprio semeador a brilhar.
Sentiremos saudades de sua voz, de seu sorriso, do seu abraço.
Mas ele merece o aconchego do Divino Mestre, que, com certeza, o veio buscar.
Seu coração, saudoso de tantos amores partidos antes, os haverá de reencontrar agora.
E receberá milhares de abraços dos Espíritos cujas vozes interpretou com seu verbo, cujos pensamentos grafou no papel.
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Até logo mais, querido Divaldo! Haveremos de nos reencontrar.
Redação do Momento Espírita

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