Milhões de pessoas se dedicam, na Terra, aos exercícios de aperfeiçoamento individual, em regime de solidão.
Internam-se em celas, rochas, casas e pousos agrestes; deitam-se sobre espinhos, maceram o próprio corpo, adotam posturas de auto-flagelação ou abraçam dietas de fome, procurando realizar a união com Deus, através de austeridades ascéticas.
Efetivamente, todos esses sistemas de auto-educação se erigem por estradas respeitáveis, cujo mérito não nos seria lícito sonegar.
Entretanto, com o Cristo, podemos esposar, onde estivermos a disciplina da cruz, melhorando a nós próprios e am¬parando os outros.
Não teremos de enfrentar o jejum de sacrifício, mas seremos naturalmente chamados a severas restrições da alma com a reníncia ao apoio e ao afeto de seres queridos que nos reclamam abnegação e carinho para entenderem a vida com segurança. Não estaremos compelidosà reclusão nos ermos, no entanto, em muitos lances da existência, sofreremos ostracismo no próprio lar, exemplificando tolerância e devotamento. Não tentaremos repousar sobre pregos e espinhos, contudo, carregaremos na alma, bastas vezes, incompreensões e provas convertidas em estiletes invisíveis de angístia; e não nos veremos induzidos a exercícios que demandem tormentos corpóreos, mas, em muitos episódios do dia-a-dia, nos reconheceremos constrangidos ao esforço constante nas obras do bem, diante daqueles mesmos que nas agridem os melhores propósitos de elevação..
Se aspiras a encontrar libertação e burilamento, abraça a cruz de provas que a existência no mundo te oferece e, seguindo as rotas do Cristo, na disciplina da caridade, jornadearás sempre em caminho certo, porque o amor estará em ti e contigo, por fonte de vida e luz a brilhar.
(Psicografia de Francisco Cândido Xavier, em reunião píblica da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 304-73, em Uberaba, MG.). Fonte: Reformador – Janeiro, 1975.