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A afetividade é o sentimento que se expressa mediante reações físicas positivas.
O ser humano tem necessidade de prazer, e toÂdos os seus esforços são direcionados para usufruí-lo, evitando a experiência do sofrimento, excetuanÂdo-se os casos de transtornos masoquistas. Toda e qualquer busca, conscientemente ou não, aguarda a compensação do bem-estar, que é sempre a fonte motivadora para toda luta.
Desse modo, a afetividade produz uma reação de adrenalina no sangue que leva o indivíduo ao aqueciÂmento orgânico, do qual decorre a sensação agradável do prazer, do desejo de estar próximo, do contato físiÂco, do aperto de mão, do abraço, da carícia.
A afetividade é inerente ao ser humano, não poÂdendo ser dele dissociada, já que também é natural em todos os animais, inicialmente como instinto de proteçãoà prole.
Psicologicamente, a sua exteriorização tem muiÂto a depender do convívio perinatal e suas experiênÂcias no ambiente do lar, particularmente com a mãe.
Por uma necessidade imperiosa de segurança ”que a criança perde ao sair do claustro materno ” o contato físico é de vital importância para o equilíbrio do ser. Inicialmente a criança não tem ainda desenvolvido o sentimento de afeição ou de amor, mas a necessidade de ser protegida, de ter atendidas as suas necessidades, o que lhe oferece prazer, surÂgindo, a partir daí, a expressão emocional, também sinônimo de garantia em relação ao que necessita para viver.
O sentimento da afetividade, porém, é quase sempre acompanhado dos conflitos pessoais, que deÂcorrem da estrutura psicológica de cada um.
Quando não se viveu plenamente na infância a experiência tranquilizadora do amor, a insegurança que se instala gera conflitos em relaçãoà sua realiÂdade, e todos os relacionamentos afetivos se apreÂsentam assinalados pela presença do ciíme, da raiÂva ou do ressentimento.
O ciíme, que retrata a falta de auto-estima, preÂdominando a autodesvalorização, como decorrência da não confiança em si mesmo, transforma-se em terrível algoz do ser e daqueles que fazem parte do seu relacionamento.
As exigências descabidas, as suspeitas insuporÂtáveis produzem verdadeiros cárceres privados, nos quais se desejam aprisionar aqueles que se tornam asfixiados pela afetividade do enfermo emocional. Nesse comportamento, a desconfiança abre terríveis brechas para a hostilidade e a raiva, que sempre se unem como mecanismo de proteção daquele que se sente desamado.
De alguma forma, essa conduta resulta do abanÂdono emocional a que se foi relegado na infância, quando as necessidades físicas e psicológicas não se faziam atendidas convenientemente, resultando nesse terrível transtorno de desestruturação da persoÂnalidade, da autoconfiança.
A desconfiança de não merecer o amor ” inconsÂcientemente ” e a necessidade de impor o sentimenÂto ” acreditando sempre muito doar e nada receber ” levam a patologias profundas de alienação, que derrapam em crimes variados, desde os mais simÂples aos mais hediondos…
O medo de não ter de volta o amor que se ofeÂrece conduzà raiva contra aquele que é alvo desse comportamento mórbido, porque o afeto sempre doa e não exige retribuição, é um sentimento ablativo, rico de oferta.
Toda vez que o amor aflora, um correspondente fisiológico irriga de sangue o organismo e advém a sensação agradável de calor, enquanto a animosidaÂde, a antipatia, a indiferença proporcionam o refluÂxo do sangue para o interior, deixando a periferia do corpo fria, portanto, desagradável, perturbadora.
Todo aconchego produz calor na pele, bem-esÂtar, enquanto que o afastamento gera frio, desagraÂdo, tornando-se difícil de aceitação a presença física de quem é causador de tal sensação.
O amor não pode ser imposto, mas desenvolviÂdo, treinado, quando não surgir espontaneamente.
Esse aflorar natural tem suas raízes nas experiÂências anteriores do Espírito, que renasce em condiÂções ambientais propiciatórias ou não ao seu apareÂcimento, ao lado de uma família afetuosa ou destiÂtuída desse sentimento, o que contribui decisivamenÂte para a sua existência, para a sua eclosão.
Em muitos relacionamentos o amor brota com espontaneidade e cresce harmônico. Noutros, no entanto, é conflitivo, atormentado, com altibaixos de alegria e de raiva, de ansiedade e medo, de hostiliÂdade e posse.
A necessidade de amor é imperiosa, e subjacenteàmesma, encontra-se o desejo do contato físico, enriqueÂcedor, estimulante.
Quando se é carente de afetividade, a mesma se apresenta em forma de ansiedade perturbadora, que gera conflitos e insatisfações, logo seja atendida.
Em tal caso, produz incerteza de prosseguir-se amado, após atendida a fome do contato físico ou emoÂcional. Enquanto se está presente, harmoniza-se, para logo ceder lugarà insegurança,à desconfiança.
Assim sendo, o amor se torna dependente e não pleÂnificador. Transfere sempre para o ser amado as suas neÂcessidades de segurança, exigindo receber a mesma dose de emoção,às vezes desordenada, que descarrega no ser elegido. Essa é uma exteriorização infantil de insatisfação afetiva, não completada, que foi transferida para a idade adulta e prossegue insaciada.
A afetividade madura proporciona o prazer, sem o qual permaneceria perturbada, angustiante, caótica.
Amar, é um passo avançado do desenvolvimento psicológico do ser, uma conquista da emoção, que deve superar os conflitos, enriquecendo de prazer e de jíbiÂlo aquele a quem é dirigido o afeto.
Amadurecido pela experiência da personalidade e pelo equilíbrio das emoções, proporciona bem-estar na espera sem ansiedade, e alegria no encontro sem exiÂgência.
Joana de Ângelis – Psicografado por Divaldo franco