Imagina-te possuindo irmãos furtados do lar quando pequeninos.
Arrebatados ao teu afeto, foram aprisionados sem culpa e cresceram em regime de cativeiro, quais bois na canga,
conduzindo a cabeça do arado ou sustentando a moeda.
Traficados como alimárias, erguiam-se com a aurora e suavam no eito, enquanto o dia tivesse luz.
Se doentes, tinham remédios nas próprias lágrimas.
Se chorosos, recebiam chicotadas para consôlo.
Embora amassem profundamente aos seus, eram constrangidos a contemplar soluçando as próprias esposas vendidas a
mãos mercenárias e os tenros filhinhos entreguesà lavagem amontoada no côcho.
Desejariam estudar, mas eram propositadamente arredados da escola.
E se mostrassem qualquer anseio de liberdade, eram postos a ferro e varados até a morte…
Imagina igualmente que êsses irmãos menos felizes, criados distantes de teu carinho, voltassem do Plano Espiritual ao
convívio das criaturas terrestres e fossem motivos de hilaridade pela linguagem primitivista em que ainda se expressam.
Pensa neles como sendo algemados aos caprichos daqueles mesmos que lhes devem respeito e renovação,à maneira de
cães amestrados para objetivos inferiores.
Engodados nos bons sentimentos, em regressando ao mundo, onde foram suplicados na confiança ingênua, continuam
mantidos por vítimas e jograis.
Imagina tudo isso e sentirás o coração confranger-se de imensa dor, ao ver companheiros desencarnados iludidos na boa
fé.
Longe de explorá-los com perguntas indiscretas e ordenações deprimentes, saberás ajudá-los pela benção do amor.
E entenderás, então, que se todos endereçamos aos Instrutores da Vida Maior petitórios constantes de socorro e de
paciência, cada um deles também diante de nós, exibe no coração as quatro palavras de nossa velha síplica:
– Tem dó de mim!
Espírito: EMMANUEL
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Seara dos Médiuns – Edição FEB