A LEI DOS DESTINOS

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A LEI DOS DESTINOS

No princípio de sua trajetória, em sua ignorância e fraqueza, o homem desconhece e transgride muitas vezes a Lei. Dai as provações, as enfermidades, mas, desde que se instrui, desde que aprende a por os atos de sua vida em harmonia com a Regra Universal, ipso facto é cada vez menos presa da adversidade.

Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em movimentos vibratórios, e seu foco de emissão, pela repetição frequente dos mesmos atos e pensamentos, transforma-se, pouco a pouco em gerador do bem ou da ignorância.

O ser classifica-se assim a si mesmo pela natureza das energias que se torna o centro irradiador, mas ao passo que as forças do bem se multiplicam por si mesmas e aumentam incessantemente, as forças da ignorância destroem-se por seus próprios efeitos, porque esses efeitos voltam para sua causa, para seu centro de emissão e traduzem-se sempre em consequências dolorosas.

As vibrações de seus atos, de seus pensamentos maus, depois de haverem efetuado a sua trajetória, volvem a ele, mais cedo ou mais tarde, e o oprimem, o apertam na necessidade de reformar-se.

Este fenômeno pode explicar-se cientificamente pela correlação das forças, pela espécie de sincronismo vibratório que faz voltar sempre o efeitoà sua causa.

Temos demonstração disso no fato bem conhecido de, em tempo de epidemia, de contágio, serem principalmente as pessoas, cujas forças vitais se harmonizam com as causas mórbidas em ação, as atacadas, ao passo de indivíduos dotados de vontade firme e isentos de receios ficam geralmente indenes.

Há pois, na lei de repercussão dos atos, alguma coisa mecânica, automática na aparência. Entretanto, quando implica acerbas expiações, reparações dolorosas, grandes Espíritos intervêm para regular-lhe o exercício e acelerar a marcha das almas em via de evolução.

Sua influência faz-se principalmente sentir na hora da reencarnação, a fim de guiar essas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveisà cura de suas enfermidades morais e ao resgate de suas faltas anteriores.

Sabemos que não há educação completa sem a dor. Colocando neste ponto de vista, é necessário livrarmo-nos de ver, nas provações e dores da humanidade, a consequência exclusivas de faltas passadas. Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em via de expiação. Muitos são simplesmente Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida.

Contudo, em tese geral, é do choque, é do conflito do ser inferior, que não se conhece ainda com a Lei da Harmonia, que nasce o sofrimento. É pelo regresso gradual e voluntário do mesmo ser a esta Harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral.

Em todo pensamento, em toda obra há ação e reação e esta é sempre proporcional em intensidadeà ação realizada.

Por isso podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.

Colhe-o efetivamente, pois que por sua ação contínua, modifica sua própria natureza, depura ou materializa o seu invólucro fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual é calcado, modelado o corpo físico em cada renascimento.

A ação contínua do pensamento e da vontade, exercida no decorrer dos séculos e das existências sobre o perispírito, faz-nos compreender como se criam e desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como as faculdades intelectuais e as qualidades morais.

Nossas aptidões para cada gênero de trabalho, a habilidade, a destreza em todas as coisas são o resultado de inumeráveis ações mecânicas acumuladas e registradas pelo corpo sutil, do mesmo modo que todas as recordações e aquisições mentais estão gravadas na consciência profunda.

Ao renascer, estas aptidões são transmitidas, por uma nova educação, da consciência interna aos órgãos materiais. Assim se explica a habilidade consumada e quase nativa de certos mísicos e, em geral, de todos aqueles que se mostram, em um domínio qualquer, uma superioridade de execução que surpreende a primeira vista.

Sucede o mesmo com as faculdades e virtudes, com todas as riquezas da alma adquiridas no decurso dos tempos. O gênio é um longo e imenso esforço na ordem intelectual, e a santidade foi conquistadaà custa de uma luta secular contra as paixões e as atrações inferiores.

Com alguma atenção poderíamos estudar e seguir em nós o processo da evolução moral. De cada vez que praticamos uma boa ação, um ato generoso, uma obra de caridade, de dedicação, a cada sacrifício do eu, não sentimos uma espécie de dilatação interior? Alguma coisa parece expandir-se em nós; uma chama acende-se ou aviva-se nas profundezas do ser.

Esta sensação não é ilusória. O Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro. Se estes pensamentos e atos se repetem, se multiplicam, se acumulam, o homem acha-se como que transformado ao sair de sua existência terrestre; a alma e seu invólucro fluídico, terão adquirido um poder de radiação mais intenso.

No sentido contrário, todo pensamento ruim, todo ato criminoso, todo hábito pernicioso provoca um estreitamento, uma contração do ser psíquico, cujos elementos se condensam, entenebrecem, carregam de fluidos grosseiros.

Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o suicídio produzem no culpado um abalo prolongado, que se repercute, de renascimento em renascimento, no corpo material, e traduz-se em doenças, tiques, convulsões e até deformidades, enfermidades ou casos de loucura, consoante a gravidade das causas e o poder das forças em ação. Toda a transgressão da lei, implica diminuição, mal-estar, privação de liberdade.

As vidas impuras, a luxíria, a embriaguez e a devassidão, conduzem-nos a corpos débeis, sem vigor, sem saíde. O ser humano que abusa das suas forças vitais, por si mesmo se condena a um futuro miserável, a enfermidades mais ou menos cruéis.

As vezes a reparação se efetua numa longa vida de sofrimentos, necessária para destruir em nós as causas do mal, ou, então, numa existência curta e difícil, terminada por morte trágica. Uma atração misteriosa reíneàs vezes os criminosos de lugares muito afastados num dado ponto para feri-los em comum.

Daí as catástrofes célebres, os naufrágios, os grandes sinistros, as mortes coletivas etc.

Explicam-se assim as existências curtas; são o completamento de vidas precedentes, terminadas muito cedo, abreviadas prematuramente por excessos, abusos ou por qualquer outra causa moral, e que, normalmente, deveriam ter durado mais.

Não devem ser incluídas em tais casos as mortes de crianças em tenra idade. A vida curta de uma criança pode ser uma provação para os pais, assim como o Espírito que quer encarnar. Em geral, é simplesmente uma entrada falsa no teatro da vida, quer por causas físicas, quer por falta de adaptação dos fluidos.

Em tal caso, a tentativa de encarnação renova-se, pouco depois, no mesmo meio; reproduz-se até completo êxito, ou, então, se as dificuldades são insuperáveis, se efetua num meio mais favorável.

As considerações que acabamos de fazer demonstram que, para assegurar a depuração fluídica e o bom estado moral do ser, tem que estabelecer uma disciplina do pensamento, de seguir uma higiene da alma, assim como é preciso observar uma higiene física para manter a saíde do corpo.

Em virtude da ação constante do pensamento e da vontade sobre o perispírito, vê-se que a retribuição é absolutamente perfeita. Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes; colhe-o, não por efeito de uma causa exterior, mas por um encadeamento que liga em nós mesmos o pesarà alegria, o esforço ao êxito, a culpa ao castigo.

É pois na intimidade secreta de nossos pensamentos e na luz viva de nossos atos, que devemos procurar a causa eficiente da nossa situação presente e futura.

Cada um de nós possui a disposição particular a que os druidas chamavam awen, isto é, a aptidão primordial de todo ser para realizar uma das formas especiais do pensamento divino. Deus depositou no íntimo da alma os germens de faculdades poderosas e variadas; todavia, há uma das formas de seu gênio que acima de todas as outras, ela é chamada a desenvolver com trabalho contínuo até a tenha levado a seu ponto de excelência.

Estas formas são inumeráveis. São os aspectos míltiplos da inteligência, da sabedoria e da beleza eternas: – a mísica, a poesia, a eloquência, o dom da invenção e das coisas ocultas, a ciência, a bondade, o dom de educação, o poder de curar, etc.

Assim, Deus, da variedade infinita dos constrastes, sabe fazer brotar a harmonia tanto na natureza como no seio das Humanidades.

E se a alma abusar destes dons, se os aplicaràs obras do mal, se, por causa deles conceder vaidade ou orgulho, ser-lhe-á preciso, como expiação, renascer em organismos impotentes para a sua manifestação.

Viverá gênio desconhecido, humilhado entre os homens, por tanto tempo quanto seja necessário a que a dor triunfe dos excessos da personalidade e lhe permita continuar o voo sublime, a carreira, um momento interrompida, para o Ideal. (…)

Almas humanas que percorreis estas páginas, elevai os vossos pensamentos e resoluçõesà altura da tarefa que vos tocam. As vias para o Infinito abrem-se, semeadas de maravilhas inexauríveis, diante de vós.

A qualquer ponto que o voo vos leve, aí aguardam objetos de estudo com mananciais inesgotáveis de alegrias e deslumbramentos, de luz e beleza. Por toda a parte e sempre, horizontes inimagináveis suceder-se-ão aos horizontes percorridos.

Tudo é beleza na Obra Divina. Reservado vos está, em vossa ascensão, apreciar os inumeráveis aspectos magníficos, desde a flor delicada até os astros rutilantes, assistiràs eclosões dos mundos e das humanidades; sentireis ao mesmo tempo, desenvolver-se vossa compreensão das coisas celestiais e aumentar vosso desejo ardente de penetrar em Deus, de vos mergulhardes nele, em sua luz, em seu amor; em Deus, nossa origem, nossa essência, nossa vida!

[Léon Denis – Trecho extraído do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor Ed. FEB]

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