Há alguns anos, conta o escritor Malba Tahan, uma pitoresca aldeia da Suíça foi destruída pelo fogo. Em poucas horas, as lindas casas foram devoradas pelas chamas. Tudo ficou reduzido a escombros.
Passado o furor do incêndio, um dos moradores ficou tomado de grande desespero. Sua casa estava por terra, totalmente destruída. Nada lhe havia sobrado. Nem roupas, nem móveis, sequer algumas paredes. Tudo jazia por terra.
Pior, das suas vacas, que eram o seu sustento, não havia rastro em lugar algum. Para címulo da desgraça, o seu filho, de apenas sete anos, estava desaparecido.
O pobre homem se pôs a chorar. Nenhuma palavra de conforto o podia acalmar. Sentou-se sobre as ruínas do seu lar e passou toda a noite tristemente.
Quando surgiu alegre e fagueira a madrugada, os primeiros raios de sol romperam as trevas e o vieram encontrar ainda ali, sentado, inconsolável. Parecia ter envelhecido dez anos, em apenas uma noite.
Então, um som bem conhecido o fez erguer a cabeça e olhar na direção de onde o vento lhe trazia a boa notícia. Lá estava ela, vindo pela estrada, a sua vaca favorita.
Atrás dela, todas as outras e, por fim, seu filho querido.
Correu, abraçou o menino, entre lágrimas de pura alegria.
Meu filho, perguntou, como você conseguiu escapar do incêndio?
Muito simples, falou a criança. Quando vi o fogo, tratei logo de reunir as vacas e as levei para o campo, bem distante, a fim de que nada sofressem.
Você é um herói, exclamou o pai.
Claro que não, afirmou o garoto. Herói é aquele que pratica algum ato de valor. Eu levei as vacas para o campo somente porque vi que elas estavam em perigo. Sabia que era a ínica coisa acertada a fazer.
* * *
Assim agem as pessoas verdadeiramente virtuosas. Não alardeiam suas virtudes, mas praticam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmas.
Deixam-se guiar por suas inspirações e estão sempre aptas a grandes gestos, em favor dos demais.
Não aguardam elogios e a sua é a satisfação de realizarem o melhor.
Os que assim agem, ignoram mesmo que são virtuosos. Neles se encontram as qualidades da verdadeira virtude: são bons, caritativos, laboriosos, sóbrios, modestos.
* * *
Toda virtude tem seu mérito próprio, ensinam os Espíritos Superiores, porque todas indicam progresso na senda do bem.
Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores.
A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto.
A mais meritória de todas elas, é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
Redação do Momento Espírita, com base em lenda do livro Lendas do
céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Conquista;
no item 893 de O livro dos Espíritos e no item 8, do cap. XVII de
O Evangelho Segundo o Espiritismo, ambos de Allan Kardec,
ed. Feb.
Em 4.1.2013.