Hoje pela manhã, como de costume, antes de sair para trabalhar, visitei o quarto de meu filho.
Considero uma espécie de ritual sagrado de todas as manhãs: chegar bem perto de seu berço, ajeitar sua coberta com cuidado, aninhá-lo com carinho para que não se descubra.
Passo então minhas mãos, algumas vezes, sobre seus cabelos macios, e digo em pensamento: Como eu te amo!
Ele normalmente se move com suavidade, como se reagisse de alguma forma ao estímulo externo durante o sono.
Continua ali, em silêncio, em paz, preparando seu corpinho e sua alma para mais um dia de descobertas felizes.
Despeço-me, procurando não fazer ruídos, e saio porta afora com a alma leve, pronto para enfrentar mais um dia no mundo.
Da próxima vez que o vir, mais tarde, ele já estará desperto, correndo pela casa, brincando com seus carrinhos, e irá me conceder mais uma alegria: a de receber seu sorriso, que sem dizer nada, diz tudo.
Por mais que alguns dias sejam difíceis, por mais que as batalhas sejam ferrenhas e desgastantes, tudo se acalma, tudo se conforta naquele sorriso.
Os sorrisos de criança têm um poder quase mágico, e os de nossos filhos mais ainda.
Eles parecem querer nos fazer perceber que, por mais que a vida seja tormentosa, cheia de pequenos e grandes espinhos que provocam dor, muita alegria ainda existe.
Por mais que neste exato instante existam n pessoas desejando não mais viver, se enfraquecendo nas lutas, desejando desistir, existem outras tantas almas agradecendo pela vida, num jíbilo contagiante.
E tenho certeza de que ser pai é mais um desses motivos de alegria plena, de gratidão a Deus, e mais uma das muitas razões que temos para continuar sempre, sem desistir.
Meu filho e as manhãs me ensinam sempre esta lição preciosa, a da renovação, do renascimento da água e do Espírito.
* * *
Muitos pais se queixam de não terem visto seus filhos crescerem.
Passa tão rápido! Não me lembro mais! “ são expressões que ouvimos com frequência.
Será que estamos atentos aos nossos filhos como deveríamos estar? Será que passa tão rápido assim, a ponto de guardarmos tão poucas lembranças?
Ou há alguma coisa errada com o tempo, ou há alguma coisa errada conosco.
Seria tão bom poder ouvir de um pai, de uma mãe: Lembro-me de cada nova conquista, de cada dia da infância, de cada nova palavra…
Seria tão bom poder ouvir: Curti cada dia ao seu lado, meu filho, quando você era pequenino, como se fosse o íltimo. Não perdi oportunidade alguma junto a você.
Aproveitemos o tempo junto a eles, em qualquer idade, em qualquer condição de vida.
Curtamos a existência ao seu lado, anotando no coração cada beleza, cada nova descoberta, tirando fotografias com a alma “ registrando no íntimo do ser cada sorriso em seu rosto.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no Cd Momento Espírita, v. 14, ed. Fep.
Em 31.01.2010.