DOR DA ALMA

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Dor da Alma

Minha alma está inquieta.

Não sei bem o motivo dessa inquietude.

Busco uma explicação lógica, mas nada me vemà mente.

Sei apenas que um vazio muito grande se estabeleceu em todo o meu ser com a ausência de alguém que durante muito tempo representou a felicidade na minha vida.

Tenho plena consciência de que tudo tem que ser exatamente como está sendo, mas meu lado emocional humano não consegue ficar em paz com a situação de conflito que se estabeleceu.

Racionalmente é facilmente compreensível e até aceitável tudo que me aconteceu.

As pessoas têm seu modo próprio de viver suas vidas e tomar suas decisões. Às vezes não compreendemos, mas devemos aceitar o uso do livre arbítrio que todos os seres humanos possuem. Mesmo assim, é difícil compreender que alguém ame intensamente, mas possa simplesmente se desligar do objeto desse amor para empreender uma nova jornada onde aquele ser amado não tem mais lugar. É como se de repente a estrada fizesse uma curva de noventa graus e o que ficou para trás não tivesse mais nenhuma importância. Passou! É passado!

Como compreender tão brusca mudança se nada sobre o assunto lhe foi explicado?

A ínica alternativa que me resta é aceitar e resignar-me a essa perda.

Mas emocionalmente esse processo de aceitação é muito mais complicado. A mente você pode controlar e fazê-la aceitar essa perca; esse desencontro estípido que a tudo agita e transtorna. Mas a alma, a essência espiritual, representando a sensibilidade do ser, essa não se resolve tão facilmente frente a uma situação de desconforto tão gritante. Essa alma entra num processo de profundo sofrimento e, como uma esponja, absorve as dores dessa perda retendo-as em suas finíssimas malhas, sendo muito difícil o desligamento.

Essa dor que representa a perca do convívio e da cumplicidade com a pessoa amada se comporta como uma grande mácula, daquelas que passam a fazer parte das entranhas, das estruturas mais íntimas do ser atingido, que passa a travar uma luta quase insana, já que se sente desamparado e perdido sem a presença do que se foi. A capacidade de desapego desse amor é, para ele, algo muito custoso, muito sacrificado, que supera todas as possibilidades que esse ser pensava possuir.

E nessa tentativa de libertar-se de um sentimento que durante tanto tempo foi vivo em sua vida, sendo o incentivo maior para sua felicidade, a alma sente-se profundamente abalada. É como se sua integridade existencial fosse dividida o que faz com que ela se considere só metade em vez de um todo. Tudo que lhe completava foi retirado com a ausência da pessoa amada, ficando somente um vazio muito grande e irrecuperável. A vida passa a ser uma sequência de momentos de expectativas e esperança alternados por outros de tristezas e desilusões. Ao mesmo tempo em que aceita a separação como algo sem retorno, definitivamente estabelecido, vive momentos de inexplicável esperança na reversibilidade da situação vigente.

São sentimentos confusos e antagônicos gerando na pessoa um desconforto constante, levando-a a uma vida conturbada, o que a torna necessitada de muito autocontrole emocional para não chegar a um processo de desestabilização psicológico e físico.

Esse autocontrole só será possível se vier de uma fortaleza interior fundamentada na sua própria visão de vida, somado a um sentimento muito forte de amor próprio, para compreender-se capaz de uma autonomia emocional suficientemente estabelecida que lhe dará suporte a uma recuperação de sua plenitude como um ser independente e livre. Será de muita ajuda também, nesse momento, a presença de uma fé bem estabilizada em uma força superior com quem sabe poder contar para ampará-la nesse momento de tão intensa aflição.

Sem a presença desses atributos o ser humano poderá entregar-se ao desespero e tomar atitudes de autodestruição que virão a macular sua moral, seu lado espiritual e, em certos casos, a sua integridade física.

Diante dessa situação me coloco no primeiro caso. Continuo minha caminhada terrena, lutando comigo mesma para não me entregar a nada que me seja negativo e prejudicial. Dedico-me aos meus trabalhos de ordem espiritual em Centros Espíritas que frequento, procurando também minimizar minhas angístias na ajuda a outras pessoas carentes de amor e caridade cristã.

Essas ações me enchem de felicidade, da sensação de dever cumprido, o que me traz paz e resignação suficiente para superar os demais sentimentos aflitivos que me surgem.

Mas também me dou o direito de ter meus momentos de tristeza, (não de desespero), de chorar e refletir sobre tudo que passou, embora nunca encontre uma explicação plausível para as atitudes da pessoa que, talvez sem perceber, me causou tão inesperado e profundo sofrimento. E foi num desses momentos de reflexão que tomei caneta e papel e escrevi esse desabafo sobre os sentimentos que afloram na minha alma. Espero não incomodaràqueles que lerem esse meu momento de reflexão e peço perdão se isso vier a acontecer.

Por:

Eunice Gondim

visite o site www.eunicegondim.eu

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