Imposições
O edifício da perfeição humana assenta-se em duas colunas: a instrução e a educação. No tempo de Jesus não poderia ser diferente. Ele,vivendo entre criaturas radicais,contrariou o óbvio da sociedade judaica, invalidando normas e regras cultuadas pelos fanáticos pelas crenças religiosas do passado, dadas por antigos profetas. O Mestre ao dizer: não vim para ser servido mas para servir, haveria de não ser compreendido por sua postura livre,pois era contrárioà normas opressoras que viessem a escravizar o seu semelhante. Ele, no seu senso de alma cogitou sempre ensinar através da sua sensibilidade e lógica novos aspectos de ver e sentir a vida. A pirâmide social dos poderosos daquela época sentiu-se combalida pelas palavras de um Ser Divino que se fez humano para que o humano se tornasse Divino. Os costumes de uma época tendem sempre a atuar sobre os indivíduos onde são vistos como condutas sociais, depois valores morais,culminando comoordens divinas. O ser humano possui a liberdade de pensar e agir como as suas asas poderosas,direito sagrado,para o seu adiantamento espiritual. Se o homem não se locomover, por estar escravizado diante das opressões sociais, deixará de respirar o ar de suas próprias ideias, porque as suas aspirações são anuladas,gestos são vigiados,anseios são negados constantemente,assim, ele não realizará o seu crescimento interior.Em hipótese alguma o ser humano deverá abrir mão da sua liberdade porque é através dela que ele edifica a sua responsabilidade e a sua dignidade.
Não é o que entra na boca que contamina o homem, mas o que sai da boca do homem.- adverte Jesus de Nazaréàs criaturas de seu tempo, que se apegaram as práticas e regulamentos preestabelecidos pelos líderes e dos quais eles mesmos, por serem pessoas intolerantes e ortodoxas,faziam casos de consciência.
Os judeus,por confundirem frequentemente leis divinas com leis civis, atribuíam ao costume de lavar as mãos antes das refeições,Ã circuncisão,Ã s questões de se trabalhar no sábado,e a outras tantas situações sociais,que geravam polêmicas religiosas, motivadas pelas práticas exteriores em detrimento aos verdadeiros anseios de renovação das almas. As lições de sabedoria do Mestre visava agirà superstição eà hipocrisia dos que honravam com os lábios, mas não com o coração. O que é moral ou imoral é relativo, em se tratando de costumes e normas sociais, porque em cada tempo, em cada povo,em cada era,mudam-se as leis sociais, mudam-se os valores.
As pessoas de bem,no início do século, declaravam que os senhores dignos e respeitáveis deveriam somente sairà rua de chapéu, paletó e gravata, as honradas senhoras, de forma alguma, andaria desacompanhadas da família, deveriam vestir luvas, chapéus, leques,lenços perfumados, como paramentos de bem se compor das elites da época.
A moralà qual se reportava o Cristo de Deus não era aquela estabelecida pelos padrões imperfeitos do conhecimento humano, nem a que faz estatística, nem a que faz comparações do que é adequado ou inadequado,nem a que rotula coisas e pessoas. Entendemos que cada alma tem sua própria história de vida, sua escritura individual,onde somos totalmente individualizados por termos sido expostos a diversos estímulos e experiências diferentes ao longo da nossa jornada evolutiva, na multiplicidade das existências,e, portanto devemos ser vistos de conformidade com a nossa vida interior. Ninguém mais do que o nosso modelo e guia Jesus sabia e sabe que grande parte do nosso sofrimento ou conflitos internos tem a sua origem no fato de nos consideramos errados, por não estarmos dentro dos moldes convencionados pela sociedade em que vivemos.
Matar será sempre imoral perante as Leis Divinas, apesar de que, dentro dos padrões da moral social, matar na guerra é motivo de condecorações com elogios, medalhas e honrarias.
Dessa forma,analisemos, raciocinando com discernimento: a que moral nós estamos nos prendendo? A das leis passageiras da elite de uma época, ou a das leis eternas e verdadeiras de todos os tempos?
Que possamos nos permitir avaliar atentamente os alicerces de nossa conduta moral. Eles podem ser os frutos de nossa dor, por permanecermos estacionados, presos ao conflito de lavarmos ou não as mãos; ou podem ser as raízes de nossa felicidade, por seguirmos o Cristo Jesus escutando a voz do nosso coração.