A China milenária A CHINA Depois de nossas divagações a respeito da raça branca, que se constituía dos antigos árias no ambiente da Terra, é cabível examinarmos a árvore mais antiga das civilizações terrestres, a fim de observarmos a assistência carinhosa e constante do Divino Mestre para com todas as criaturas de Deus
Inegavelmente, o mais prístino foco de todos os surtos evolutivos do globo é a China milenária, com o seu espírito valoroso e resignado, mas sem rumo certo nas estradas da edificação geral
Quando se verificou o advento das almas proscritas do sistema da Capela, em épocas remotíssimas, já a existência chinesa contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos
Suas tradições já andavam de geração em geração, construindo as obras do porvir
Daí se infere que, de fato, a história da China remonta a épocas remotíssimas, no seu passado multimilenário, e esse povo, que deixa agora entrever uma certa estagnação nos seus valores evolutivos, sempre foi igualmente acompanhado na sua marcha por aquela misericórdia infinita que, do Céu, envolve todos os corações que latejam na Terra
A CRISTALIZAÇÃO DAS IDÉIAS CHINESAS A cristalização das idéias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário que prejudicou, nas mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar da fascinante beleza das suas tradições e dos seus ensinos
É que a civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das trocas incessantes
O Universo, na sua constituição maravilhosa, não criou nem sanciona leis de isolamento na comunidade eterna dos mundos e dos seres
A existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhecimento e para Deus
Enquanto a família indo-européia pervagava no desconhecido, assimilando as expressões das tribos encontra- das – em longas iniciativas de construção e trabalho -, os arianos da Índia estacionaram no repouso de suas tradições, desenvolvendo-se, no curso do tempo, as mais prestigiosas lições de experiência para a alma dos povos
E agora, quando os israelitas são chamados por forças poderosas ao deslocamento no seio das nações, a fim de aprenderem mais intimamente a doce lição da fraternidade e do amor universal, renovando a fibra da sua fé a caminho da perfeita compreensão do Cristo, a China é também convocada, pelas transformações do século, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes e aprender as virtudes dos outros povos
Foi pela sua obstinada resistência que a idéia chinesa estagnou-se na marcha do tempo, embora, nestas despretensiosas observações, sejamos dos primeiros a reconhecer a grandeza de suas elevadas expressões espirituais
FO-HI Jesus, na sua proteção e na sua misericórdia, desde os tempos mais distantes enviou missionários àqueles agrupamentos de criaturas que se organizavam, econômica e politicamente, entre as coletividades primárias da Terra
As raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos já se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de sumo interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida
A História não vos fala de outros, antes do grande Fo-Hi, que foi o compilador de suas ciências religiosas, nos seus trigramas duplos, que passaram do pretérito remotíssimo aos estudos da posteridade
Fo-Hi refere-se, no seu Y-King , aos grandes sábios que o antecederam no penoso caminho das aquisições de conhecimento espiritual
Seus símbolos representam os característicos de uma ciência altamente evolutiva, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avançada metafísica
Em seguida a esse grande missionário do povo chinês, o Divino Mestre envia-lhe a palavra de Confúcio ou Kong-Fo-Tsé, cinco séculos antes da sua vinda, preparando os caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia, algum tempo antes da sua palavra mirífica, a fim de que a Humanidade estivesse preparada para a aceitação dos seus ensinos
CONFÚCIO E LAO-TSÉ Confúcio, na qualidade de missionário do Cristo, teve de saturar-se de todas as tradições chinesas, aceitar as circunstâncias imperiosas do meio, de modo a beneficiar o país na medida de suas possibilidades de compreensão
Ele faz ressurgir os ensinamentos de Lao-Tsé, que fora, por sua vez, um elevado mensageiro do Senhor para as raças amarelas
Suas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral
No Kan- Ing , de Lao-Tsé, eis algumas de suas afirmações que nada ficam a dever aos vossos conhecimentos e exposições do moderno pensamento religioso: – O Senhor dos Céus é bom e generoso, e o homem sábio é um pouco de suas manifestações
Na estrada da inspiração, eles caminham juntos e o sábio lhe recebe as idéias, que enchem a vida de alegria e de bens
Lao-Tsé, de cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios, viveu seis séculos antes do advento do Senhor, e, em face dessa filosofia religiosa, avançada e superior, somos obrigados a reconhecer a prodigalidade da misericórdia de Jesus, enviando os seus porta-vozes a todos os pontos da Terra, com o objetivo de fazer desabrochar no espírito das massas a melhor compreensão do seu Evangelho de Verdade e de Amor, que o mundo, entretanto, ainda não compreendeu, não obstante todos os seus sacrifícios
O NIRVANA Para fundamentar devidamente a nossa opinião relativa à estagnação do espírito chinês, examinemos ainda as suas interessantes e elevadas concepções religiosas
De um modo geral, é o culto dos antepassados o principio da sua fé
Esse culto, cotidiano e perseverante, é a base da crença na imortalidade, porquanto de suas manifestações ressaltam as provas diárias da sobrevivência
As relações com o plano invisível constituem um fenômeno comum, associado à existência do indivíduo mais obscuro
A idéia da necessidade de aperfeiçoamento espiritual é latente em to- dos os corações, mas o desvio inerente à compreensão do Nirvana é aí, como em numerosas correntes do budismo, um obstáculo ao progresso geral
O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas, deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou beatífica realização do não ser
A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas incessantes no seio da natureza visível e invisível
Sua manutenção depende da atividade de todos os mundos e de todos os seres
Cada individualidade, na prova, como na redenção, como na glória divina, tem uma função definida de trabalho e elevação dos seus próprios valores
Os que aprenderam os bens da vida e quantos os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos de Deus
A CHINA ATUAL A falsa interpretação do Nirvana disturbou as elevadas possibilidades criadoras do espírito chinês, cristalizou-lhe as concepções e paralisou-lhe a marcha para as grandes conquistas
É certo que essas conquistas não consistem nas metralhadoras e nas bombardas da civilização do Ocidente, cheia de comodidades multifárias, mas aqui me refiro à incompreensão geral acerca da lição sublime do Cristo e dos seus enviados
A China, como os outros povos do mundo, tem de esmar neste século os valores obtidos na sua caminhada longa e penosa Destas palavras, não há inferir que a invasão japonesa, na sua incrível agressividade, esteja tocada de uma sanção divina
O Japão poderá realizar, na grande república, todas as conquistas materiais; usando a psicologia dos conquistadores, poderá melhorar as condições sanitárias do povo, rasgar estradas e multiplicar escolas; mas não amortecerá a energia perseverante do espírito chinês, valoroso e resignado, que poderá até ceder-lhe as próprias rédeas do governo, enchendo-o de fortuna, de suntuosidade e de honrarias, sem desprestígio do seu próprio valor, porquanto a China milenária sabe que os espíritos de rapina embriagam-se facilmente com o vinho de sangue do triunfo, e tão logo o luxo lhes amoleça as fibras da desesperação, todas as vitórias voltam, automaticamente, à reflexão, ao raciocínio, à cultura e à inteligência
O que se faz necessário examinar é o estado de estagnação da alma chinesa nestes últimos séculos, para concluirmos pela sua necessidade imperiosa de comungar no banquete de fraternidade dos outros povos
A EDIFICAÇÃO DO EVANGELHO É verdade que a palavra direta do Cristo, consubstanciada no seu Evangelho, ainda não chegou até lá de um modo geral, aclarando o caminho de todos os corações, mas um sopro de vida romperá as sombras milenárias que caíram sobre a república chinesa, onde milhões de almas repousam, indevidamente, na falsa compreensão do Nirvana e do Absoluto
Mãos valorosas erguerão o monumento evangélico naquele mundo de dolorosas antigüidades, e um novo dia raiará para a grande nação que se tornou em símbolo de paciência e de perseverança, para os outros povos
Esperemos a providência dAquele que guarda em suas mãos augustas e misericordiosas a direção do mundo
Bem-aventurados os pacíficos, os aflitos, os humildes
E as suas palavras mansas e carinhosas nos fazem lembrar a China milenária, que, amando a paz, sofre agora o insulto das forças tenebrosas da ambição, da injustiça e da iniquidade