O amor é assunto sagrado para os homens, tanto quanto é o instinto de vida para os animais e a lei para as coisas que nos servem.
Ninguém vive sem amar.
As criaturas têm carência de afetividade, tanto ou muito mais que de alimento para o corpo físico, pois ele é alimento dos mais qualificados para a alma.
No entanto, as suas divisões são inúmeras, de acordo com as necessidades.
Aqui, tratamos mais acentuadamente do amor a dois.
É justo que esse amor seja um pouco diferente do amor universalizado, do amor de pais com filhos e filhos com pais, do amor aos enfermos, do amor aos parentes, do amor â Terra, do amor às plantas e do amor aos animais.
E, assim, sucessivamente.
No amor a dois, tem que existir um pouco de egoísmo, mas aquele tão fraco que perde seu significado comum, porque cede um pouco para o dever.
Assemelhase, nesse caso, à água para matar a sede: quente, é insuportável; solidificada, não serve; fria, é adequada.
No amor a dois, tem de haver um pouco de ciúme, mas aquele que não escandaliza, que não se faz acompanhar pelo ódio e pela vingança, que não maltrata, que não perturba.
Aquele em que a ponderação faz perder a ferocidade e alivia a tensão, sendo, apenas, vigilância.
Ele é como todos os alimentos: com excesso, fazem-nos mal.
Todos os venenos são medicamentos, muitas vezes indispensáveis, dependendo da dosagem que se toma.
Não pode existir amor no lar, quando os dois não querem amor e terminou o interesse de um pelo outro.
O mais evoluído tem a grande saída da renúncia, desde que essa renúncia não esteja salpicada do insulto, das reclamações, das vibrações de rancor, alimentando a vingança enjaulada no coração, para que um dia solte a fera, a devorar a pequena paz que ainda reste.
Essa renúncia também passa a perder o seu nome sagrado e retorna a forma de egoísmo prepotente.
É bom que nos certifiquemos de uma coisa: esta mós, encarnados e desencarnados, viajando na Terra, fazendo um curso nela.
E ainda não é tempo de gozarmos a felicidade que, por enquanto, não construímos.
Podereis encontrar em vossa esposa uma inimiga do passado, pessoa a quem deveis bastante, ou por quem tenhais sido prejudicado.
Reunidos como cônjuges em um lar, é a melhor oportunidade de saldardes as dívidas, tranquilizando as consciências.
O vosso dever é fazer a vossa parte.
Sendo amado ou não, amai com sinceridade.
Se o vosso amor está mal interpretado pela vossa companheira, modificai-o de modo a agradá-la.
Ele é qual o líquido que toma a forma da vasilha.
E, se as bênçãos de Deus vos deu uma esposa, ou um esposo, coerente em tudo que se refere à vida a dois, aperfeiçoai esse amor, purificai-o, fazendo dos corações reatores divinos, para que possais, em outra dimensão, estendê-lo aos filhos, parentes e companheiros, e por vezes, à humanidade.
Ganhai tempo, pelo tempo que vos deram e enriqueça! no beneplácito do amor, compreendendo que somente ele libera as criaturas da prisão da ignorância.
Não exijais compreensão da pessoa que vive convosco.
Emprestai a vossa.
Em todos os lances da vida, o exemplo é nota harmoniosa em qualquer instrumento humano.
Sede útil à pessoa que amais sem quererdes anunciar vossos feitos, procurando gratidão.
, Isso é troca que não condiz com a caridade.
Não vos – 122 – impacienteis de trabalhar em silêncio, em favor dos outros, principalmente de quem vos pertence pelo amor.
Nada que se faz fica escondido.
No entanto, se tilintar o gazofilácio da vaidade, podereis perder o vosso trabalho valioso, porque desfigurais a dignidade da beneficência.
Se ainda temeis fazer o bem, sem que os outros saibam, é porque não confiais nos preceitos do Mestre, nas leis de Deus.
Tende fé, meu filho, alimentai a confiança, e nunca percais a alegria de ser útil, principalmente àqueles que vivem convosco.
O amor a dois, quando correspondido e firmado pelo tempo, é a porta pela qual poderemos entrar para a verdadeira felicidade do futuro.
É ele que carimba o nosso amor para a universalidade.