AUTO-AFIRMAÇÃO – Livro – Amor Imbativel Amor

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As raízes da auto-afirmação do indivíduo encon­tram-se na sua infância, quando os movimentos automáticos do corpo são substituídos pelas palavras, par­ticularmente quando é usada a negativa. Ao recusar qualquer coisa, mediante gestos, a criança demonstra que ainda não se instalaram os pródromos da sua iden­tidade. No entanto, a recusa verbal, peremptória, a qual­quer coisa, mesmo àquelas que são agradáveis, deno­tam que está sendo elaborada a auto-afirmação, que decorre da capacidade de escolha daquilo que interes­sa, ou simplesmente se trata de uma forma utilizada para chamar a atenção para a sua existência, para a sua realidade.
Trata-se de um senso de identificação infantil, sem dúvida, no qual a criança, ainda incapaz de discernir e entender, procura conseguir o espaço que lhe pertence, dessa maneira informando que já exis­te, que solicita e merece reconhecimento por parte das demais pessoas que a cercam.
Quando a criança concorda, afirmando a aceita­ção de algo, age apenas mecanicamente e por ins­tinto, enquanto que se utilizando da negativa, tam­bém denominada conceito do não, dá início à desco­berta do senso de si mesma, do seu Self, passando, a partir desse momento, a exteriorizá-lo, afirmando o NÃO, mesmo quando sem necessidade de fazê-lo. E a sua maneira de auto-identificação que, não raro, parece estranho aos adultos menos conhecedores dos mecanismos da mente infantil.
Quando ocorre a inibição da negativa — o que émuito comum — esse fenômeno dará surgimento a alguém que, no futuro, não saberá exatamente o que deseja da vida, experimentando uma existência sem objetivo, que o leva a ser indiferente a quaisquer resultados, e, por cuja razão, evita expressar-se negativamente, deixando-se arrastar indiferente aos acontecimentos, assim desvelando o estado íntimo de inibição, de timidez e de recusa de si mesmo. Com o tempo essa situação se agrava, levando-o a um estado de amorfia psicológica.
O Self, por sua vez, se estrutura e se fixa atra­vés do sentimento, e quando este se encontra confu­so, sem delineamento, a auto-afirmação se enfraque­ce e a capacidade de dizer NÃO perde a sua força, o seu sentido.
A auto-afirmação se expressa especialmente no desejo de algo, mediante duas atitudes que, parado­xalmente se opõem: o que se deseja e o que se rejei­ta.
Em um desenvolvimento saudável da personali­dade, sabe-se o que se quer e como consegui-lo, o que se torna decorrência inevitável da capacidade de escolha. Quando tal não ocorre, há surgimento de uma expressão esquizóide, na qual o paciente foge para atitudes de submissão receosa e de revolta in­terior. Silencia e afasta-se do grupo social que passa a ser visto com hostilidade, por haver-se negado a penetrá-lo, alegando, no entanto, que foi barrado… A sua óptica distorcida da realidade, trabalha em favor de mecanismos de transferência de culpa e de responsabilidade.
Mediante essa conduta, o enfermo se nega a li­beração dos conflitos, mantendo-se em atitude cer­rada, por falta do senso de auto-afirmação. O seu é o conceito falso de que não é bem-vindo ao grupo que ele acredita não o aceitar, quando, em verdade, é ele quem o evita e se afasta do mesmo.
À medida que vão sendo liberados os sentimentos perturbadores e negativos que se encontram em repressão, os desejos de afetividade, de expressão, de harmonia, manifestam-se, direcionando-o para va­liosas conquistas.
Com o desenvolvimento da capacidade de jul­gar valores, surgem as oportunidades de auto-afir­mação, face à necessidade de escolhas acertadas, a fim de atender aos desejos de progresso, de cresci­mento ético-moral e de realização interior.
Por meio de exercícios mentais, nos quais se encontrem presentes as aspirações elevadas e de eno­brecimento, bem como através de movimentos res­piratórios e físicos outros, para liberar o corpo da couraça dos conflitos que o tornam rígido, a auto-afirmação se fixa, propiciando um bom relaxamen­to, que se faz compatível com o bem-estar que se deseja.
Com o desenvolvimento intelecto-moral da crian­ça, passando pela adolescência e firmando os propósi­tos de autoconquista, mais bem delineadas surgem as linhas de segurança da personalidade que enfrenta os desafios com tranqüilidade e esperanças renovadas.
Nesse particular, a vontade desempenha impor­tante papel, trabalhando em favor de conquistas in­cessantes, que contribuem para o amadurecimento psicológico, característica vigorosa da saúde mental e moral.
Em cada vitória alcançada através da vontade que se faz firme cada vez mais, o ser encontra estímulos para novos combates, ascendendo interiormente e afir­mando-se como conquistador que se não contenta em estacionar nos primeiros patamares defrontados duran­te a escalada de ascensão. Desejando as alturas, não interrompe a marcha, prosseguindo impertérrito no rumo das cumeadas.
Esta é a finalidade precípua do desenvolvimento emocional, estabelecendo diretrizes que definam a rea­lidade do ser, que se afirma mediante esforço próprio. Em tal cometimento, não podem ficar esquecidos o con­tributo dos pais, da família, da sociedade, e as possibi­lidades inatas, que remanescem do seu passado espiri­tual.
Estando, na Terra, o Espírito, para aprender, repa­rar e evoluir, nele permanecem as matrizes da conduta anterior, facultando-lhe possibilidades de triunfo ou impondo-lhe naturais empecilhos que lhe cumpre su­perar.
Quando a auto-afirmação não se estabelece, apre­sentando indivíduos psicologicamente dissociados da própria realidade, tem-se a medida dos seus compro­missos anteriores fracassados e da concessão que a Vida lhe propicia por segunda vez para regularizá-los.
Cumpre, portanto, ao psicoterapeuta, o desenvol­vimento de uma visão profunda do Self, de forma es­pecial, em relação ao ser eterno que transita no corpo em marcha evolutiva.
Somente assim, se poderá entender racionalmente o porquê de determinados indivíduos iniciarem a auto-afirmação nos primeiros meses da infância, enquanto outros já se apresentam fanados, incapazes de lutar em favor da sua realidade, no meio onde passará a experi­enciar a vida.
A sociedade marcha inexoravelmente para a com­preensão do Espírito eterno que o homem é, do seu pro­cesso paulatino de evolução através dos renascimen­tos, herdeiro de si mesmo, que transfere de uma para outra etapa as realizações efetuadas, felizes ou equivo­cadas, qual aluno que soma experiências educacionais, promovendo-se ou retendo-se na repetição das lições não gravadas, com vistas à conclusão do curso.
A Terra assume sua condição de escola que é, tra­balhando os educandos que nela se encontram e propi­ciando-lhes iguais oportunidades de evolução e de paz.

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