DESAJUSTAMENTO – Livro – Amor Imbativel Amor

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Massificado no volume perturbador que o opri­me, o indivíduo descaracteriza-se, perdendo a indi­vidualidade e tornando-se títere dos hábeis manipu­ladores de opinião, orientadores de conceitos, que também se equivocam e, sem rumo, estabelecem com­portamentos que interessam ao mercado das sensa­ções, das novidades, da volúpia do consumismo.
Esse enfrentamento que predomina de fora para dentro da personalidade alcança resultados imediatos nas pessoas frágeis psicologicamente, tímidas e conflitivas que a eles se adaptam, a fim de ficarem de bem com o conjunto, não tendo a coragem de assumirem a sua própria realidade. Mesclando-se ao comum não chamam a atenção, podendo escamotear as dificulda­des que as aturdem, perdendo o significado da existên­cia, que passa, agora, a seguir a correnteza dos suces­sos sem profundidade.
Tal insensatez conduz a comportamentos morais reprocháveis, nos quais a pusilanimidade assume des­taque e expressa-se de forma equivocada. Não possu­indo um senso diretor para a conduta, o indivíduo per­de o contato com os valores éticos, derrapando em si­tuações vexatórias para ele mesmo como indignas em relação aos outros.
Caracterizam-no a ausência de lealdade nos relaci­onamentos, a dubiedade nas decisões, a aparente gen­tileza, nivelando todos no mesmo patamar, na desis­tência dos ideais relevantes, da forma equilibrada com que devem conduzir a própria vida.
Na massificação, o que importa é a ausência de problemas, como se toda a vida pudesse ser avaliada pelos divertimentos, pelos risos artificiais, pela levian­dade.
O indivíduo psicologicamente desajustado, pro­cura massificar-se, de forma a não ter que enfrentar os desafios que lhe são necessários para o crescimento ín­timo.
Momento surge, porém, em tal procedimento, que se torna necessária a definição de rumos, a eleição de conduta salutar, o desabrochar de preferências pesso­ais.
A massa é informe e dominadora, arrastando ine­xoravelmente à desidentificação, à vulgaridade.
Há impulsos poderosos que procedem do Self e não podem ser ignorados. Surgem inesperadamente, e cada qual dá-se conta da sua individualidade, da sua personalidade, das suas próprias aspirações, que não estão de acordo com o que lhe é imposto e aceito até o momento sem qualquer reação. A partir de então apre­sentam-se o despertar da consciência, a alteração de padrões e de aspirações contribuindo para a libertação da canga aflitiva.
O indivíduo está fadado à sua realidade superior, que o caracterizará como um ser pleno, sem inquieta­ções nem tormentos, porqüanto a vida se lhe deve apre­sentar com o sentido de libertação de qualquer cons­trangimento, realizando-se, ajustando-se.
O instinto gregário aproxima-o de outrem, ajuda­-o a formar o grupo social, mas é a razão que lhe dita a conduta para a sua preservação. Integrar-se, não signi­fica perder-se, tornar-se invisível na massa, mas identi­ficar-se com as suas propostas, harmonizar-se com ela, sem deixar de ser a própria estrutura, seus ideais e ambições, seus esforços e anelos, porqüanto a harmo­nia sempre depende do equilíbrio das diferentes partes que constituem o todo.
O ser psicológicamente saudável é aquele que se mantém não afetado pelos acontecimentos, antes po­rém sensibilizado, de forma a poder contribuir para ate­nuar os danos, quando ocorrerem, ou auxiliar o cresci­mento, quando se faça necessário.
Para tanto, é indispensável o sentido de valoriza­ção da vida, de análise correta e compreensão dos ele­mentos essenciais à preservação do equilíbrio da socie­dade.
A exaltação personalista, decorrente dos fenômenos de fuga da timidez, do medo de ser desco­berto na sua realidade conflitiva, torna-se necessida­de emocional para destacar-se da massa, porque o indivíduo compreende que, não tendo valores éticos ou intelectuais, artísticos ou quaisquer outros que o diferenciem, chama para si, os conflitos disfarçados e exibe a tormentosa condição que o diferencia, po­rém, de maneira excêntrica, perturbadora. É também um transtorno de comportamento que tem a ver com a instabilidade emocional e a insegurança que o atormentam.
Cada ser constrói a sua personalidade ao longo das experiências vividas e conquistadas, estabelecendo comportamentos de segurança que o assinalam e tor­nam-no conhecido. Abandonar essa realização, é como negar-se o direito a uma vida saudável.
O enfrentamento social, como expressão de desafi­os existenciais, faz parte do processo de crescimento moral e de auto-realização, que propelem ao auto-en­contro, quando então o direcionamento da vida física se faz, com real equilíbrio e metas perfeitamente defi­nidas.
Por outro lado, não se torna necessário fugir do meio social, por mais leviano este se apresente, agredi-lo com indiferença ou de forma aguerrida nem colocar-se em um pedestal de falsa superioridade…
Impõe-se, isto sim, o indispensável compromisso de se estar presente, de ser participativo, porém, não dependente, não escravo, contribuindo para que ocor­ra a sua transformação, o seu desenvolvimento para outros valores, a sua elevação moral.
Todo indivíduo que se harmoniza interiormente, deixa que surja a sua realidade emocional, superando o desajustamento que aturde a sociedade, e tornando-se exemplo de saúde e de bem-estar que desperta inte­resse, provocando curiosidade e inveja positiva…

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