7 RENOVAÇÃO DO GRUPO – DIÁLOGO COM AS SOMBRAS HERMÍNIO C. MIRANDA

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Já discutimos ligeiramente o problema da exclusão de algum participante do grupo mediúnico.
Não creio que o assunto esteja esgotado, mas não parece necessário esmiuçá-lo mais.
A disciplina e a coesão da equipe devem ser mantidas serenamente e com firmeza.
Se alguém destoar, a ponto de introduzir um fator de perturbação, deve ser afastado, temporária ou definitivamente, se for o caso.
Nada, porém, de perseguições, de espionagem e de regras policiais.
A disciplina deve ser consciente, para que todos possam trabalhar de espírito desarmado e tranqüilo.
Se os componentes do grupo não se entenderem, como poderão oferecer, aos companheiros desarvorados do mundo espiritual, o exemplo da solidariedade e da compreensão? As organizações espirituais geradas e mantidas na sombra podem ter inúmeros defeitos, mas são implacavelmente disciplinadas.
Guardemo-nos de imitar essas formas de disciplina brutal e cruel, mas estejamos sempre conscientes de que nenhum trabalho de equipe se realiza sem um mínimo de ordem.

Por mais que nos pese, e por mais que relutemos intimamente, é preciso dispensar o companheiro que traga para dentro do grupo o fermento da dissidência, da inquietação, da indisciplina, que pode neutralizar as melhores intenções e provocar até a desagregação da

equipe.

Há, porém, o anverso da medalha.
Como nos portarmos diante das solicitações de adesão aos nossos trabalhos?

Sempre haverá um parente, ou amigo que, tomando conhecimento da nossa atividade, deseje participar do grupo, em caráter permanente.
Devemos admiti-lo?

Em primeiro lugar: se já atingimos o número de componentes inicialmente fixado como o máximo desejável, não podemos cogitar de receber mais companheiros, ainda que bastante credenciados.
Se ainda não alcançamos o número prefixado, podemos considerar a possibilidade.
Em qualquer caso, é necessário um exame bastante criterioso, franco e leal, das qualificações e intenções daquele que se oferece.

Não contemos, para ajudar a decisão, com uma palavra decisiva dos companheiros desencarnados que nos orientam.
A experiência indica que, em grupos responsáveis, dirigidos por Espíritos discretos e esclarecidos, as deliberações quanto aos negócios, digamos terrenos, do grupo, são deixadas aos encarnados.
Os benfeitores espirituais, mesmo consultados, recusam-se a dar ordens ou decidir se um novo companheiro deve ser admitido, ou se outro deve deixar o grupo.
O problema é nosso, dos que estão do lado de cá da vida.
Respeitemos esse ponto de vista e não tentemos forçá-los a dizer o que não pretendem.
Nas diversas vezes em que me vi diante do problema da admissão de um novo membro, encontrei sempre, em diferentes grupos, a mesma atitude, por parte dos amigos espirituais: o problema era nosso.
Estejamos, pois, preparados para enfrentá-lo.

Como se faz isso?

É preciso considerar, de início, que a decisão final deverá resultar de um consenso geral dos componentes do grupo, evitando, tanto quanto possível, que predomine a imposição ou a simples vontade de um só.
A admissão de um novo componente pode alterar profundamente a estrutura e os métodos de trabalho da equipe, tanto num sentido, como noutro, ou seja, tanto para o lado positivo como para o lado negativo.

O novo companheiro pode trazer um bom acervo de conhecimento ou de experiência, e dar impulso às tarefas, revitalizando o grupo, trazendo uma contribuição construtiva, dinamizadora e eficiente.
Se, porém, está mal preparado, ou infestado de frustrações, ou se deseja brilhar, poderá, com sua influência, aniquilar o grupo.

Cabe-nos, pois, examinar com serenidade, e desapaixonadamente, as suas credenciais.
Que tem ele a oferecer? Qual a sua experiência em outros grupos ou em tarefas semelhantes? Qual o seu tipo de personalidade? Ajustado, tranqüilo, leal, disciplinado? Ou agressivo, crítico, fechado, mal-humorado? Que tipo de trabalho pretende realizar? É médium? Que faculdade mediúnica tem em desenvolvimento ou já desenvolvida? Tem conhecimento teórico da Doutrina? Relaciona-se bem com as pessoas?

Se essas e outras inúmeras indagações forem atendidas satisfatoriamente, será considerada a possibilidade de recebê-lo no grupo.
Neste caso, e só então, deverão ser expostas a ele, também com franqueza e serenidade, as condições dc trabalho, às quais ele deverá subordinar-se, como os demais membros.
Será debatida com ele a natureza do seu encargo, ou seja, o que lhe competirá fazer na equipe, e o que se espera dele.

Nada de processos iniciáticos, de rituais de “batismo”, de simbolismos, de vestimentas especiais ou cerimônias de qualquer natureza.
Se nos convencermos de que ele, ou ela, está em condições de integrar-se na equipe, é só apresentá-lo aos demais companheiros e começar o trabalho.

Apreciemos o problema, agora, do ponto de vista do candidato.

Se deseja participar das tarefas de determinado grupo, deve certificar-se de que está disposto ao trabalho construtivo e disciplinado.
Certo, também, de que o grupo lhe oferece as condições que ele entende como necessárias e desejáveis.
É um grupo sério, apoiado em boa base doutrinária, bem integrado e formado de pessoas que se estimam e se respeitam? Mais ainda: ele deve ter o que dar.
Juntar-se a um grupo para tirar partido, para buscar vantagens e privilégios, não é estar pronto para trabalho de tanta responsabilidade.

O candidato não deve impor condições, nem insistir na sua admissão a qualquer preço.
Se perceber que sua adesão é inoportuna ou mesmo indesejada, ainda que não indesejável, deve ter suficiente equilíbrio e bom senso para recuar ou aguardar outra oportunidade.
Sua presença não deve ser impingida sob condições.

Suponhamos que seja admitido.

Deve procurar integrar-se no trabalho, observando tudo sem espírito crítico negativo, sem desejo de aferir virtudes e defeitos alheios.
Mantenha-se discreto e tranqüilo.
Aguarde o amadurecimento de suas impressões e a sua perfeita sintonização com os demais companheiros.
Se tiver alguma contribuição positiva a fazer, com a intenção de melhorar o trabalho, precisa de tato e bom senso ao apresentá-la.
Faça-o, de preferência, em particular, ao dirigente do grupo, com habilidade e na oportunidade adequada.

É possível que a sua sugestão seja acolhida, mas pode ser que o grupo tenha razões para agir da forma que, de início, pode ter-lhe parecido suscetível de correção.
Aja com prudência, mas não deixe de expressar seus pontos de vista, se os julgar oportunos e aplicáveis.
Não se magoe, se não forem acolhidos; não se vanglorie, se o forem.

Para resumir: os trabalhos mediúnicos devem ser realizados em grupos fechados, mas não herméticos, inacessíveis, inabordáveis.
Tem que haver espaço para a renovação de pessoas e de métodos.
O próprio estudo, e a prática decorrente do trato com os nossos companheiros desencarnados — tanto instrutores e orientadores, como Espíritos em desequilíbrio — nos trazem contribuições importantes que, aqui e ali, aconselham correções e reajustes no método de ação.
Precisamos ter a coragem e a humildade de abandonar práticas inadequadas e adotar novos métodos, quando os antigos se revelarem insuficientes ou impróprios.
Ouçamos com atenção as recomendações e as sugestões dos dirigentes espirituais da tarefa.
Empenhemo-nos em aprender com os nossos próprios erros.
Como estudantes que somos, e nada mais do que isso, aprendemos

mais e melhor, para nunca mais esquecer, exatamente aqueles pontos sobre os quais cometemos nossos piores erros, pois são eles que fazem baixar a nota das nossas provas.
E se estamos sinceramente dedicados ao progresso espiritual, desejamos com todo o interesse o certificado de conclusão do curso, a fim de sermos, tão cedo quanto possível, promovidos à admissão na próxima escola que está à nossa espera.

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