131 – TERNURA
Mãezinha querida
Lembro-me de ti, quando acordei para recordar.
Debruçada ao meu berço, cantavas baixinho e derramavas no meu rosto pequeninas gotas de luz, que, mais tarde, vim a
saber serem lágrimas.
Conchegaste-me ao colo, como se me transportasses a brando ninho, e, desde então, nunca mais me deixaste.
Quando os outros iam à festa, velavas comigo, ensinando-me a pronunciar o bendito nome de Deus… Noutras ocasiões,
trabalhavas, de agulha aos dedos, contando histórias de bondade e alegria, para que eu dormisse sonhando…
Se eu fugia, quebrando o pente, ou se voltava do escola com a roupa em frangalhos, enquanto muito gente falava em
castigo, afogavas minhas mãos entre as tuas ou beijavas os meus cabelos em desalinho.
Depois cresci, vendo-te ao meu lado, à feição de um anjo entre quatro paredes… Cresci para o mundo, mas nunca deixei
de ser, em teus braços, a criança pela qual entregaste a vida.
E, até agora, dia a dia, esperas, paciente e doce, o momento em que me volto para teus olhos, sorrindo para mim e
abençoando-me sempre, ainda mesmo quando os meus problemas te retalhem o peito por lâminas de aflição! …
Hoje, ouvi a música dos milhões de vozes que te engrandecem…
Quiz apanhar as constelações do Céu e misturá-las ao perfume das flores que desabrocham no chão, para tecer-te uma
coroa de reconhecimento e carinho, mas, como não pudesse, venho trazer-te as pétalas de amor que colhi em minhalma.
Recebe-as, Mãezinha!… Não são pérolas, nem brilhantes da Terra … São os lágrimas de ternura que Deus me deu para
que te oferte o meu próprio coração, transformado num poema de estrelas.
Espírito: MEIMEI
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: “O Espírito da Verdade” – Edição FEB