144 – CONHECER-SE A SI MESMO
(Sociedade Espírita de Sens, 9 de março de 1863.)
O que se opõe, freqüentemente, a que vos corrijais de um defeito, de um vício, seguramente, é porque não vos
apercebeis mesmo que o tendes. Ao passo que vedes os menores defeitos de vosso vizinho, de vosso irmão, não
desconfiais mesmo que tendes os mesmos defeitos, talvez cem vezes maiores do que os deles. Isto não é senão uma
conseqüência do orgulho que vos leva, como todos os seres imperfeitos, a não encontrar nada de bem senão em vós.
Deveríeis vos considerar um pouco como se isso não fosse vós. Figurai-vos, por exemplo, que o que fizestes ao vosso
irmão, foi o vosso irmão que vos fez, colocai-vos em seu lugar, que faríeis? Respondei sem dissimulação, porque creio
que quereis a verdade. Fazendo isto, estou seguro que encontrareis, freqüentemente, os defeitos que não vos apercebíeis
antes. Sede franco convosco mesmos, dai um pouco conhecimento ao vosso caráter, mas não o estragueis, porque as
crianças que se estragam se tornam, freqüentemente, muito más, e aqueles que as estragaram são os primeiros a lhes
sentir o efeito. Retornai um pouco o alforje onde estão colocados os vossos defeitos e os de outrem, colocai o vosso
adiante e os de outrem para trás, e olhai bem se isso não vos faz abaixar a cabeça, quando tiverdes essa carga à frente.
LA FONTAINE.
Revista Espírita nº 6 – Ano VI