Para onde Ele fosse, a multidão esfaimada de justiça e de aconchego O seguia.
Eram homens e mulheres esmagados pelo poder arbitrário, pelas leis do dominador, que lhes sugava quase tudo que produziam.
Por isso achegavam-se a Jesus.
Ele falava de um Pai pleno de amor que tudo oferece aos filhos e lhes provê as necessidades.
Para onde fosse o Mestre, O seguia o povo.
Ao meio daquela tarde, os apóstolos advertiram Jesus de que as horas avançavam.
Seria oportuno dispensar aquela gente que O escutava embevecido.
Se fossem logo, daria tempo de chegarem a sítios e aldeias para comprarem alimento, antes que se fechassem as portas.
Jesus se voltou para eles e lhes ordenou que alimentassem a todos.
Espantaram-se porque nada tinham além de cinco pães e dois peixes.
A primeira providência do Mestre foi pedir que todos se assentassem na relva verde, em grupos de cinquenta ou cem pessoas.
Depois, tomou dos pães e peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou aquele alimento e disse aos discípulos que distribuíssem a todos.
Conta-se que eram cinco mil os homens, além de mulheres e crianças que ali estavam.
E não somente todos se alimentaram, como ainda sobraram doze cestos de sobras, que foram recolhidas, conforme a orientação de Jesus.
Perceba-se o cuidado com a natureza.
Tudo recolhido, deixando o local conforme fora encontrado.
*
Esse fato é conhecido como a multiplicação.
O primeiro detalhe a ser observado é que Jesus faz questão de contar com a participação dos discípulos.
Ele os convida a colaborar, dando o que têm, fazendo a distribuição e recolhendo os restos, ao final.
Esses gestos se constituem em valiosa mensagem aos que desejamos cooperar no bem.
Onde quer que nos encontremos nos depararemos com a escassez do alimento, a enfermidade que prevalece, o crime que destrói as esperanças, o companheiro que abandona a tarefa.
Como atender necessidades tão complexas?
Ante às múltiplas carências, custa-nos acreditar que podemos fazer algo se apenas tivermos fé e boa vontade.
No entanto, se realmente nos dispusermos a auxiliar, a migalha de luzes de que somos portadores será imediatamente suprida pelo milagre da multiplicação.
Serão nossas migalhas de boa vontade a se multiplicarem, saciando a sede de amor e esperança das criaturas.
Lembremos de quantas iniciativas singelas, às vezes conduzidas por crianças, se transformaram em instituições portentosas a amparar o semelhante nos mais variados setores da existência corporal.
As faces do bem são infinitas.
São como a fonte que busca os campos secos, especialmente os vales do sofrimento, para aliviar a dor e renovar a vida.
Na matemática divina, quando se divide ou subtrai do que se tem em favor do próximo, multiplicam-se e somam-se bênçãos para nós mesmos e para os irmãos de caminhada.
É indispensável, no entanto, não duvidar, pois nossas migalhas de boa vontade, na disposição de servir santamente, quando conduzidas ao Cristo, valem mais que toda a multidão de males do mundo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
91, do
livro Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed.
FEB.
Em 14.
8.
2024