Mendacidade – Joanna de Ângelis

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Costume arraigado no inconsciente humano, em decorrência dos hábitos doentios do passado, a mendacidade também resulta dos processos insalubres da educação doméstica, especialmente nas famílias atrabiliárias, caracterizadas por desajustes de vária ordem.

A família é o laboratório no qual se forjam os valores morais edificantes, mediante as contribuições valiosas do amor e da disciplina, corrigindo-se condutas enfermiças e trabalhando-se valores espirituais que devem predominar em a natureza de cada um dos seus membros.

O que não se conseguir em formação da personalidade nos anos infanto-juvenis, no seio doméstico, muito mais difícil se apresentará ao longo dos outr os períodos, em impositivos de reeducação.

Por essa razão, é mais fácil e proveitoso criar-se hábitos morigerados e saudáveis na infância, quando se insculpe o aprendizado no cerne do ser, do que mais tarde, quando o comportamento já conduz fixações destituídas de equilíbrio e de ética.

Entre os vícios que florescem nos clãs desajustados, a mendacidade ocupa um papel de relevo, em razão da falta de compostura dos seus membros em relação à verdade.

O desrespeito ao correto e veraz, a desconsideração pela maneira como os fatos sucedem, desbordam em referências adulteradas, em comentários desairosos, que primam pelo cinismo das conclusões.

Perdendo-se os parâmetros em torno dos acontecimentos, mente-se com muita naturalidade, investindo-se na imaginação exacerbada e tornando-se impossibilitado de proceder a qualquer narrativa conforme o sucedido.

Da mentira pura e simples à perfídia, nesses casos, é somente um passo, assim como da pe rmanente máscara de hipocrisia afivelada à face ao fingimento sistemático, torna-se um costume habitual.

Prolongando-se esse comportamento, as suas vítimas desajustam-se e atormentam-se em razão da falta de dimensão da verdade negligenciada.

Tanto se acostumam com a maneira incorreta de agir, que se fazem incapazes de manter a serenidade, o equilíbrio, quando estão no grupo social em que se movimentam.

No íntimo, sabem discernir o certo do errado, compreender que laboram em campo de alto risco, qual seja o da mentira, em razão de ser facilmente descobertos, no entanto, a astúcia, que também é um remanescente ancestral da evolução, ilude-os, estimulando novos argumentos totalmente injustificáveis.

Dessa forma, vivem conflitos emocionais que se agravam com a sucessão do tempo, em razão do medo constante de serem desveladas as suas mazelas, sendo levados ao ridículo que merecem, mas se negam a reconhecer.

Vive-se, em consequência, nu ma sociedade que se deslumbra com o fausto, a ilusão, a mendacidade, como fenômenos perfeitamente naturais, mas felizmente insustentáveis e decepcionantes.

* * *

O ser humano educado é veraz em todos os momentos, assumindo as responsabilidades da sua conduta, mesmo quando experimentando dissabores e angústias.

O compromisso com a verdade não lhe permite negaceá-la, aceitando o suborno da fantasia que se dilui como névoa ao sol da realidade.

A instabilidade da conduta, no entanto, em relação aos acontecimentos do cotidiano, a falta de ponderação e recato em referência aos fatos, dão-lhe lugar à perda da autoestima e, consequentemente, da saúde emocional.

Alguns quadros de depressão psicológica têm início na ausência do autoamor no paciente, que, se não amando, considera-se indigno de ser também amado, porque reconhece a abjeção interior em que se encontra

Não se encorajando a enfrentar os desafios existenciais que se l he acumulam no íntimo como efeito da mendacidade, disfarça o conflito que sofre com novas arremetidas da imaginação.

O desenvolvimento intelecto-moral saudável é estruturado nos alicerces da realidade, no convívio com os pensamentos elevados e as programações edificantes de contínua vigilância moral, propiciando-se renovação de atitudes, que facultam estímulos salutares para a evolução.

Descobrindo de quanto é capaz, o indivíduo sai da névoa do desequilíbrio e enfrenta a claridade dos acontecimentos, esforçando-se para acompanhar a marcha do progresso, mediante engajamento seguro nas suas fileiras.

Ser veraz se lhe desenha na mente como adequada condição de pessoa inteligente que opta pelo que é lícito e real, em vez das tumultuadas fugas para a mentira e a hipocrisia.

É medida de bom-tom o reconhecimento das possibilidades que se encontram ao alcance de todos os indivíduos, cada qual estabelecendo as suas metas e campos de trabalho, sem a pego ao passado nem ansiedade pelo futuro.

Delineando uma programação existencial, o seu início deve expressar-se de dentro, do íntimo para o exterior, alterando os hábitos mentais perniciosos em que se comprazia e fruindo o bem-estar das novas conquistas a pouco e pouco logradas.

Nesse empreendimento muito pessoal e profundamente psicoterapêutico, modificam-se as paisagens interiores da sua realidade, favorecendo-o com alegria espontânea, que é resultado do destemor de qualquer tipo de acontecimento, podendo seguir adiante em perfeita identificação com a vida.

Ninguém se subtrai à verdade, permanecendo indefinidamente mergulhado nos densos nevoeiros da mendacidade e do despautério.

A marcha do progresso é inestancável, não permitindo a pessoa alguma permanecer por tempo indefinido na retaguarda.

Quando ao viandante faltam as forças e a sua é a opção do estacionamento, as irrefragáveis Leis da Vida impõem-se-lhe, arrastando-o a pr incípio, a fim de que prossiga com o próprio esforço depois.

* * *

Nos transtornos de comportamento, além dos fatores endógenos e exógenos, identificados pelos estudiosos das doutrinas psicológicas, predominam os de natureza espiritual, obsessivos, que defluem dos comportamentos indignos do ora encarnado em relação àqueles que ficaram no Mais Além e vêm cobrar-lhe a necessária reparação.

Mantendo os comportamentos levianos e mendazes de ontem, oferecem campo psíquico para que se instalem as enfermidades espirituais que requerem cuidadosos procedimentos específicos, a fim de auxiliar o perseguidor e amparar o perseguido.

Essas ocorrências têm lugar nos campos mentais e morais dos pacientes que se facultam o prosseguimento da insensatez, quando dispõem do valioso arsenal do amor e da prece, da paciência e da correção de conduta, da caridade e da abnegação…

Enfermos da alma, portanto, são todos aqueles que optam pela mendacidad e que os conduz ao abismo, podendo libertar-se do vício perverso, utilizando-se das contribuições insubstituíveis do Evangelho de Jesus…

Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 18 de maio de 2009, na residência de Josef Jackulak, em Viena, Áustria.
Em 12.02.2010.

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