Meus filhos,
Guarde-nos o Senhor na Sua Paz.
Não obstante as ameaças de confrontamento, que se anuncia com os objetivos maléficos da guerra que parece inevitável, os discípulos do Evangelho permanecemos confiados na paz.
Diminuem as sombras que toldavam as relações entre as grandes potências da Terra, mas, porque o Planeta é de provas e de expiações, irrompe, inesperadamente, uma densa treva que parece o prenunciar de uma hecatombe de consequências funestas.
Apesar disso, os seguidores de Jesus, trabalhamos pela paz.
Diante das injunções dolorosas que se apresentam, é imprescindível que mantenhamos a flama do ideal, a fim de que tremule acima de todas as vicissitudes, apontando rumo como a esperança que não pode faltar na busca da felicidade humana.
Repetem-se os dias ásperos do Cristianismo primitivo, quando a mensagem de Jesus penetrou nos corações que foram invitados a abandonar as carnificinas habituais, para pautar a conduta pela solidariedade e o exercício do amor fraternal.
São inevitáveis , neste momento, as dores superlativas, as inquietações de largo porte, as dificuldades-desafio.
Jesus convida-nos ao testemunho, como outrora Ele próprio testificou a legitimidade do mandato de que Se encontrava investido, para que os homens soubéssemos ser Ele, o excelente Filho de Deus, o modelo e guia para toda a Humanidade.
Certamente, depois dEle, os testemunhos ficaram circunscritos às arenas, ao exílio, à perseguição de grupo, de clã, estabelecendo a separação entre o trigo e o joio. Mas, também, ainda hoje é assim, meus filhos . Não nos iludamos, as balizas da arena cresceram muito e as feras que estavam em jaulas e subterrâneos esfaimadas, aguardando o momento do holocausto dos servidores do Ideal, agora estão dentro de nós, em torno de nós, disfarçados, porém, não menos ameaçadoras e cruéis.
Temos necessidade de porfiar no combate, mantendo o idealismo e a confiança irrestrita em Deus, valorizando a honra da fé que nos abraça.
Que outros discutam inutilmente; que diversos permaneçam distraídos na tribuna das controvérsias que não levam a lugar algum; que um grande número aplique o seu tempo no verbalismo vazio e na busca das coisas insignificantes, sem preocupação com as questões palpitantes e de importância para equacionar; que vários proíbam, cerceando os espaços da liberdade que deve viger em todos os corações e mentes que encontraram o Evangelho de Jesus. A nós nos cumpre o dever da retidão – pensar e agir corretamente, amar sem discriminação, compreender sem reserva, e d ar aos outros o direito de serem conforme podem, mas, a nós próprios, nos impormos o compromisso de renovação a cada instante, para melhor, realizando com eficiência a tarefa que nos está reservada.
O conhecimento da Doutrina Espírita é portador de libertação, porque traz, no seu bojo, a verdade revelada a Allan Kardec, que prossegue abrindo espaço nas mentes e alargando os horizontes para a vida.
Fomos convidados, sim, para espalhar a luz que não pode ficar impedida pelas nossas limitações e pequenezes. Que dentro de nós vibre o pensamento do Cristo, e atue através da nossa conduta a beleza da mensagem espírita que, em breve, modificará o pensamento na Terra e expulsará, por definitivo, a guerra, o medo, a insatisfação, gerados pelo egoísmo, que cederá o passo ao altruísmo, que Jesus nos ofereceu na lição sacrossanta da caridade.
Unamo-nos, meus filhos! Às agressões, retribuamos com o perdão; à maledicência, ofereçamos a generosidade da compre ensão; à violência que ergue a mão para nos afligir, doemos a solidariedade fraternal, contra a qual, nenhuma força humana pode lutar. O mal vale o investimento que lhe oferecemos: se não o valorizarmos, mediante a nossa permanência no bem ele deixará de ter significado, perderá a razão de ser, passando a plano secundário e desaparecendo. O mal, que não vemos, porque estamos espalhando o bem, vai absorvido como a sombra que desaparece no jato da luz.
A nossa é a tarefa de servir e de amar, preparando o advento do mundo melhor, que já se anuncia e chega lentamente.
Como é verdade que os homens se preparam para o lamentável confronto, no qual a guerra ainda não foi descartada, não menos verdade é que os homens, que representam as comunidades superdesenvolvidas, já se preocupam em parlamentar, discutir e encontrar os meios diplomáticos para equacionar os seus problemas, dirimindo as dificuldades que aparentemente os separam.
A verdade, que promana de Deus alcança a todos. Assim, trabalhemos com acendrado amor e com esforço incessante, para que o Espiritismo realize a transformação social da Terra, como previsto pelo Codificador, e anunciados pelos embaixadores do céu. Este é o dever impostergável, para o qual aqui nos reunimos, discutindo e estabelecendo diretrizes de equilíbrio e de segurança.
Não estais a sós, e o sabeis! Não vos reunis aqui para encontro de opiniões desassizadas, mas, irmanados pelo ideal de realizar o que seja de melhor para o Movimento e o de mais útil para as criaturas humanas.
Porfiai, Jesus espera muito de nós, assim como a Ele entregamos os nossos destinos!
Continuai filhos, certos de que o triunfo, que não tarda, tomará conta dos nossos corações em forma de plenitude e de paz.
Abençoe-nos o Senhor e que, entre nós, permaneça Sua paz, são os votos do amigo e servidor humílimo e paternal de sempre.
Bezerra.
Psicofonia de Divaldo Perei ra Franco, no encerramento da reunião
matinal do Conselho Federativo Nacional, na Federação Espírita
Brasileira, no dia 17 de novembro de 1990, em Brasília,DF.
Em 02.03.2012.