O poder da literatura

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      Esmé Raji Codell preparou-se para ser professora. Em seu estágio, durante centenas de horas, ela ficou diante de uma turma de quinta série lendo, perguntando, contando, rindo, e fazendo mágicas, enquanto a mestra a observava, com olhos críticos.

A mestra era extremamente exigente. Contudo, graças aos conselhos generosos daquela educadora, ela conseguiu seu ingresso na profissão, com entusiasmo e confiança, numa escola pública de ensino fundamental, num bairro pobre.

Antes de iniciar as aulas, ela foi à escola conhecer a sua sala e, empolgada, a arrumou. Debaixo da janela, ajeitou as prateleiras, onde idealizou organizar exposições.

Afinal, chegou o grande dia e ela se viu à frente de trinta e um alunos de quinta série. Embora não quisesse admitir, a princípio, eles lhe constituíam um grande desafio.

Logo descobriu que alguns não sabiam ler direito. Mas, como ensinar a ler a crianças, nessa idade, sem que elas se sentissem acanhadas? Algo assim como retornar à primeira série?

Então, ela os convidou a organizar um museu do alfabeto, que seria destinado para os alunos do jardim de infância.

Cada dia, ela designava uma letra para cada criança e, no dia seguinte, elas traziam objetos interessantes, cujos nomes começavam com aquela letra.

Estudou os diferentes sons de letras como se fossem um ensaio para os alunos menores.

Com o próprio dinheiro, organizou uma biblioteca na sala de aula. Colocou todos os livros em um mostruário de madeira, que seu tio confeccionara.

Depois, com a carcaça de uma geladeira velha, sem porta, papel alumínio, botões e teclados colados nela, montou uma máquina do tempo.

Dentro dela, uma seleção de bons livros de história, uma almofada confortável para sentar e uma lanterna elétrica, presa a um fio telefônico espiralado. A ideia era viajar no tempo, por intermédio dos livros.

Em dias predeterminados, uma a uma, por meia hora, as crianças entravam na máquina do tempo, e liam. Quando retornavam da viagem, contavam às demais onde tinham estado: num castelo medieval, com combates de cavaleiros de armaduras; ou num barco, navegando pelo rio Nilo, no tempo dos faraós.

Meses depois, a orientadora da escola comparou as notas daquela turma com as outras e constatou que os alunos de Esmé tinham as melhores notas de toda a escola, em leitura e matemática.

A avaliação dizia que quase todos tinham desempenho de séries mais adiantadas.

Esmé se recordou das palavras da sua mestra: A diferença entre uma professora novata e a experiente é que a novata pergunta:Como estou me saindo? E a experiente indaga: Como estão se saindo os alu nos?

No último dia de aula, quando as crianças deixaram a sala, Esmé as observou. Eram trinta e um futuros, para os quais ela abrira portas mais avançadas do conhecimento, permitindo que descobrissem o mundo maravilhoso dos livros.

* * *

O alfabeto é o primeiro degrau da ascensão à cultura, merecendo-nos solidariedade todos os empreendimentos que visem a alfabetização de crianças, jovens e adultos.

Quem semeia a boa leitura nas mentes em desenvolvimento garante um futuro de bênçãos, pois o livro edificante vacina a mente infantil contra o mal.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Diário
de uma jovem professora, de Esmé Raji Codell,
da revista Seleções Readers Digest, de julho/2000 e
nos caps. 21 e 42, do livro Conduta Espírita, pelo
Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira,
ed.FEB.
Em 14.5.2014.

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