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Mecanismos conscientes como inconscientes proÂpelem o indivíduo a fugir do sofrimento, que se lhe afigura como processo de perturbação e desequilíÂbrio.
Remanescente das experiências animais, nas quais a dor feria a sensibilidade do instinto, produzindo deÂsespero incontrolável, por falta do recurso da razão, tal atavismo transforma-se em arquétipo conflitivo ínsito no inconsciente coletivo, tornando-se gênese de fobias variadas, que se avultam e se transformam em estados patológicos.
Por outro lado, vivências anteriores, que decorrem de reencarnações malsucedidas, transformam-se em receios, que são reminiscências do já passado ou preÂdisposição automática para futuros acontecimentos.
Esses sucessos encontram-se estabelecidos pela Lei de Causa e Efeito, que é inexorável na sua programátiÂca, afinal decorrente da conduta do próprio Espírito, na sua condição de autor de todos os fenômenos que o alcançam, em razão da sua observância ou não aos EsÂtatutos da Vida.
O sentimento de medo que alcança o ser humano ésempre descarregado através da fuga, evitando que aconteça o lance perturbador.
Expressa-se, esse medo, toda vez que se pressente a predominância de uma força superior, real ou não, que pode produzir sofrimento. Surge, então, o desafio entre fugir e enfrentar, dependendo da reação momenÂtânea que se apossa do indivíduo.
Relativamente aos danos que o sofrimento pode causar, surgem as manifestações de medo físico, moral e psíquico, afetando o comportamento.
O de natureza física fere a organização somátiÂca, cujos efeitos poderão ser controlados pelas resisÂtências emocionais. No entanto, o despreparo para a agressão corporal faculta que a dor se irradie pelo sistema nervoso central tornando-se desagradável e desgastante.
O de natureza moral é mais profundo, porque desarticula a sensibilidade psicológica, apresentanÂdo a soma de prejuízos que causa, no conceito em torno do ser, dos seus propósitos, da aura da sua dignidade, terminando por afetar-lhe o equilíbrio emocional.
… E quando as resistências morais são abaladas, facilmente surgem os sofrimentos psíquicos, as fixações que produzem danos nos painéis da mente, empurranÂdo para transtornos graves.
Esse medo de acontecimentos de tal porte impulsiÂonaà raiva, como recurso preventivo, que leva a agreÂdir antes de ser vitimado, ouà reação que se transforÂma em quantidade de força que o ajuda a superar o receio que o acomete, seja em relação ao volume ou ao peso do opositor.
Onde, todavia, a raiva não se pode expressar, porÂque o perigo é impalpável, se apresenta abstrato ou toma um vulto assustador, o medo desempenha o seu papel de preponderância, dominando como fantasma triunfante, que aparvalha.
Na sua psicogênese, estão presentes fatores que fiÂcaram na infância ou na juventude, nos processos casÂtradores da educação e da formação da personalidade, que levavam ao pranto ante a escuridão,às ameaças reais ou veladas,à presença da mãe castradora, do pai negligente ou violento,à insatisfação eà raiva…
O controle do ego é a melhor maneira para afuÂgentar o medo, evitando que se transforme em pânico.
Face aos muitos mecanismos a que recorre, para poupar-se ao medo, a tudo que produza sofrimento, o ser humano é impulsionado a evitar o amor, justificanÂdo que nunca é amado, sendo-lhe sempre exigido amar.
Todos anelam pelo amor, entretanto, por imaturiÂdade, não têm conhecimento do que é o mesmo, assim incorrendo no perigo de ter medo de amar.
Acredita, aquele que assim procede, que amando se vincula, passa a depender e recebe em troca o abanÂdono, a indiferença, que lhe constituem perigosas ameÂaçasà segurança no castelo do ego, no qual se isola, perdendo as excelentes oportunidades para conseguir uma vida de plenificação.
Esse amor condicional, de troca, egotista ” eu soÂmente amarei se ou quando, eu amo porque ” tem suas raízes fincadas na insegurança afetiva, infantil, perturÂbadora, que não foi completada pela presença da terÂnura nem da espontaneidade. Assim ocorria antes como forma compensatória a algum interesse não atendido, como referencial a algum objetivo em aberto, produÂzindo desconfiança a respeito do amor, que remanesce incompleto, temeroso.
O medo de amar escamoteia-se e levaà solidão angustiante, que projeta o conflito como sendo de responÂsabilidade das demais pessoas, do meio social que é conÂsiderado agressivo e insano, fatores esses que existem no imo daquele que se recusa inconscientemente a dar-se, ao inefável prazer de libertar as emoções retidas.
O amor relaxa e conforta, sendo felicitador e proÂporcionando compensação em forma de prazer.
É o sentimento mais complexo e mais simples que predomina no ser humano, ainda tímido em relaçãoàs suas incontáveis possibilidades, desconhecedor dos seus maravilhosos recursos de relacionamento e bem-estar, de estimulaçãoà vida e a todos os seus mecanisÂmos.
O amor liberta quem o oferece, tanto quanto aqueÂle a quem é direcionado, e se isso não sucede, não atinÂgiu o seu grau superior, estando nas fases das trocas afetivas, dos interesses sexuais, dos objetivos sociais, das necessidades psicológicas, dos desejos… Certamente são fases que antecedem o momento culminante, quanÂdo enriquece e apazigua todas as ansiedades.
De qualquer forma porém, amar é impositivo da evolução e psicoterapia de urgência, que se torna inÂdispensável ao equilíbrio do comportamento das criaÂturas.
Expressando prazer de viver, o amor irradia-se de acordo com o nível de consciência de cada ser ou conÂforme o seu grau de conhecimento intelectual.
Todo o empenho para superar o medo de amar deve ser aplicado pelo ser humano, que realmente preÂtende o auto-encontro, a harmonia interior.
Joana de Ângelis – Psicografado por Divaldo franco