NO DESESPERO, A INTERFERÊNCIA DE DEUS

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NO DESESPERO, A INTERFERÊNCIA DE DEUS

Tempos atrás, no ano de 2000, tivemos uma empregada doméstica de família de classe média baixa, e que pelas circunstâncias da vida, se dispôs a trabalhar em nossa casa para ajudar financeiramente os seus pais no sustento e criação do seu primeiro filho, fruto de um relacionamento fracassado.
Durante os quatro meses em que trabalhou, pudemos conversar como sempre faço com todas que trabalharam, para conhecê-las melhor objetivando manter um relacionamento respeitoso e fraternal no contexto da convivência familiar.
No entanto, pude observar claramente nas suas atitudes, o seu orgulho e vaidade na maneira de encarar e de aceitar suas provações de vida. Achava-se dona do mundo e tinha muita revolta por estar na condição de pobreza, mesmo sendo evangélica onde exercitava seu equívoco de fé em Deus. Dizia sempre que gostaria de ter nascido rica onde pudesse realizar seus sonhos e caprichos levianos. Não tinha humildade
Durante sua permanência no trabalho, iniciou um relacionamento amoroso com um mestre de obras muito honesto, humilde e trabalhador que acreditando no seu amor, acelerou a conclusão de sua casa para logo desposá-la. Namoravam, mas ela não demonstrava que gostava dele, pois tinha encontrado outro pretendente com peculiaridades que atendiam suas expectativas de vaidades mundanas.
Na proximidade do casamento, não tendo coragem para contar-lhe a verdade de que não pretendia casar-se com ele, decidiu fugir com o outro namorado deixando o mestre de obras decepcionado, desiludido e desencorajado da vida. Ele tentou de todas as maneiras encontrá-la e por fim encontrou-a na casa de seus pais. Mas não conseguiu saber dela os motivos e justificativas plausíveis de sua atitude imatura e irresponsável. Não conseguia esquecê-la, pois havia alimentado sonhos que em breve se tornariam realidade. Sofria muito com a desilusão amorosa.
Daí, Deus sempre justo providenciou-lhe uma oportunidade para trabalhar em Portugal e não teve dívidas para viajar na tentativa de esquecer este fato desagradável de sua vida.
Ela, nunca mais apareceu ou deu notícias, embora nos considerasse como amigos.
Passaram-se os anos até que no dia 09 de outubro de 2004, me encontrava descansando com meus familiares em nossa residência quando ouço o tilintar da campainha exatamente as 19:00 horas. Minha esposa foi atender e surpreendeu-se com a personagem e um bebê de cinco meses no colo, e que implorava pelo amor de Deus para que pudesse pernoitar; e que no dia seguinte, seguiria seu destino.
Informou-nos com breves palavras que não aguentava mais conviver com o marido porque este bebia e saia frequentemente com seus amigos deixando-a sozinha com o bebê. Revoltada, decidiu literalmente abandoná-lo levando consigo o filhinho como uma forma de vingança e castigo ao seu companheiro.
Estava decidida e convencida a não mais retornar para o marido. Informou-nos, ainda, que seus pais não poderiam saber de seu paradeiro e separação. Pretendia ir no dia seguinte para a casa de uns parentes em Brasília sem sequer pensar nas consequências e meios de como faria para criar o rebento, ou mesmo, se estes tinham condições de ampará-la.
Pôr estar muito nervosa e confusa emocionalmente procurei deixá-la a vontade. Coloquei-os em um dos quartos; e após tomarem banho, oferecemos um lanche providencial para saciar a fome dela e do bebê. Este, logo dormiu sem imaginar o que sua mãe estaria preparando para o futuro que o espera.
Aproximadamenteàs 21:00 horas me dirigi ao seu quarto para saber se tinha se acalmado pois eu precisava dar inicioàs minhas investigações sobre a situação desesperadora daquela criatura humana.
Encontrei-a em soluços convulsivos olhando com desespero e preocupação o sono tranquilo daquela criaturinha que sofreria as consequências dos atos da mãe. Não a interrompi. Mas, vendo-me começou a desabafar sobre o relacionamento conjugal e motivo de sua drástica atitude com o pai da criança.
Ouvi-a atentamente, e só a interrompi quando achava necessário fazer-lhe algumas perguntas que pudessem complementar a sua lógica do raciocínio até então confuso, para o meu entendimento.
Neste espaço de tempo, eu rezava em pensamentos e pedia a Deus que me fizesse ser portador e mensageiro de sua infinita misericórdia para acudir  aquela amiga que passava pôr momentos decisivos e difíceis. Ela necessitava de sua intervenção, direta ou não, para evitar sofrimentos para todos os envolvidos, e principalmente, para aquela ingênua criança que estavaà mercê dos caprichos, orgulho e vaidade da mãe.
Logo que percebi que havia esgotado sua raiva, desabafo, e que estava mais calma, chamei-a para a cozinha e iniciamos uma conversa franca onde senti a presença de Deus através das sensações e vibrações energéticas que colocava em mim, as palavras certas naquele momento, para auxiliá-la na importante decisão de vidas  que tomaria no dia seguinte, e que com certeza, mudaria completamente sua vida e a do filho, para pior.
Compenetrado em meus pensamentos a entonação de minha voz se fazia diferente da habitual. Apesar da ternura e cuidados na abordagem do assunto em respeito aos seus sentimentos, era uma voz firme e enfocava explicitamente tudo o que ela precisava ouvir para subsidiar o livre arbítrio em sua decisão. Eu não estava incorporado mediunicamente, e sim, sintonizado com Deus. As palavras evocavam no silêncio do ambiente, uma sinergia e simbiose fecunda e perfeita envolta nas presenças dos amigos espirituais que vieram nos socorrer naquele momento. A serenidade invocava os sentimentos e pensamentos nos mesmos propósitos.
Neste diálogo pude com o auxílio dos nossos anjos guardiões discorrer a realidade dos fatos e as possíveis e inevitáveis consequências de seus atos impensados. A cada palavra proferida eu adentrava com respeito o seu EU, e percebia claramente sua sincera e confiante disposição para ouvir os conselhos e duras verdades que lhe dizia. No entanto, para minha surpresa, não se ofendeu quando eu lhe disse que estava agindo egoisticamente e irresponsavelmente, pois estava literalmente praticando um crime de sequestro ; e assim sendo, responderia judicialmente e criminalmente pelos seus atos. Foi aí, que pôde, segundo seu testemunho, descobrir grande parte de seu EU desconhecido até então, e da sua postura e conduta negativa  de agir e de ser. Aliás, todos nós só enxergamos as nossas virtudes, nunca os nossos defeitos.
A conversa se tornava cada vez mais energizante, pois eu lia e traduzia as várias mensagens exemplificadoras que escrevi no decurso de minhas descobertas e aceitação da vida como testemunho de minha espiritualidade e fé em Deus. Ela me questionava e eu ia esclarecendo com paciência os pontos obscuros do seu grau de evolução e entendimento espiritual e moral.
No decorrer da conversa desnudava-se de seus conceitos levianos e permitia que eu a orientasse sem medos e receios de estar piorando sua situação. Foi então que me confessou seus erros corrigíveis  e pôde perceber que o erro não estava no marido e sim na sua maneira de tratá-lo e na sua forma de amar. Ficou convencida de que precisava mudar urgentemente a sua maneira de agir e de ser em benefício de sua felicidade e da família.
Após a conversa que durou duas horas e meia, disse-me que se sentia leve e confortada mas que precisava dormir para refazer suas forças. Apesar de ser fervorosamente evangélica, orientei-a que naquela noite rezasse ou orasse muito pedindo ao Deus Universal que pudesse lhe abrir o coração para imprimir-lhe a coragem e forças necessárias para combater a vaidade e orgulho, maiores causadores de seu sofrimento.
No dia seguinte,às 6:00 horas da manhã fui acordado com ela pedindo-me para levá-la de volta ao seu marido eà sua casa. Disse-me que já tinha avisado-o pelo telefone, e que ele estaria nos aguardando. Sua ansiedade de retornar era visível e tinha pressa para reencontrá-lo.
Prontamente levantei-me FELIZ e agradeci a Deus por ter me feito mensageiro de um pequeno/grande gesto de benevolência e fé cristã e nos dirigimos para sua residência.
Lá chegando, apresentei-me e disse ao seu marido: Meu amigo, se me permite considerá-lo assim, sua esposa em companhia de seu filho pernoitaram em minha residência aonde chegou visivelmente desnorteada. No entanto, tive a oportunidade de conversar e orientá-la com a ajuda de Deus. Neste sentido é que lhe informo que sua amada está arrependida e decidida, a partir de hoje, ser a esposa compreensiva e merecedora de sua pessoa. Portanto, dê-lhe esta importante chance de ser feliz ao seu lado e do filho que tanto amam. Perdoe-a e esqueça o passado. Ele, dirigindo-se a esposa e filho, abraçou-os com ternura e conseguiu apenas dizer aos prantos, tudo bem e obrigado meu amigo. Eu sabia que Deus não me desampararia. Ela, também emocionada e contendo as lágrimas disse-me apenas: Dr. Roberto, Deus em sua infinita bondade me fez desistir de ir para a rodoviária para ir ao seu encontro. Eu precisava ouvir tudo aquilo. Agora, acredito que nada acontece por acaso, pois foi preciso acontecer tudo isso para eu ouvir as minhas verdades que eu desconhecia. Sua intervenção foi providencial e estou agradecida a Deus e ao senhor por ter me mostrado com sensatez e respeito o caminho certo que devo trilhar neste mundo de sofrimento e provações. Tenha certeza que procurarei seguir seus abençoados conselhos. Deus lhe pague por tudo. 
Eu me colocava no lugar deles emocionado. Assistindo aquela cena envolvente e comovente ao ouvir nas simples palavras de seu agradecimento e entendimento, não tive como conter as lágrimas que brotavam rapidamente de meus olhos e que lavavam minha alma de felicidade por um gesto tão simples, porém muito nobre, em ter cumprido a minha missão sacerdotal.
Este episódio demonstra e exemplificaà todos nós que deveríamos agir sempre dessa forma, transformando e auxiliando nossos irmãos necessitados  em toda e qualquer circunstância, independente da posição social ou crença religiosa que este exerça para vivificar os mandamentos e provações determinadas por Deus.
Tenho sempre repetido a máxima de Cristo Amai-vos uns aos outros como eu vos amei , que resume sistematicamente a conduta que devemos ter no nosso cotidiano e não apenas no período natalino.
Assim, procuro no contexto de minha vida e nos recados sutis que recebo de Deus interpretar a dinâmica de seus ensinamentos vislumbrando atingir a tua sensibilidade e compreensão das exemplificações do meu cotidiano. Espero que assim possa de alguma forma, tirar proveito desta lição de infinito AMOR.
Amado (a) irmão (a) em Cristo, a sensação de bem estar  em ser portador e mensageiro da felicidade dos outros é simplesmente indescritível e gratificante. Experimente saborear e conferir o que ora lhe confesso como testemunho do verdadeiro sentimento que JESUS espera de todos nós.
Tente você também! Não precisa sair de sua casa, não. Inicie no seu lar, no emprego, com os amigos e desconhecidos que se faz de instrumentos e temperos  do delicioso alimento  que nos impulsiona a ser sempre melhores nesta vida.
Não se esqueça que o bem que fazes aos outros será com certeza revertido para ti mesmo.
Que Deus os abençoe, e que neste Natal possamos renascer  revigorados no sentimento e entendimento da exemplificação de Jesus sem o verniz comercial e social comumente utilizado para obscurecer os fiéis propósitos de Deus.
Atualmente, em 2012, revi o casal que vive alegremente com os filhos por terem tido a oportunidade de acontecer este episódio, e assim, redirecionaram a forma de viver. Eram pobres e estão muito bem de vida financeiramente e harmoniosos familiarmente.

Autorizo a reprodução e divulgação.

Palmas, 19 de dezembro de 2004.

Roberto Luiz Castelo Branco Coelho dos Santos
robertoluizcbc@hotmail.com 0 x 63 32158428

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