INIBIÇÃO – Livro – Amor Imbativel Amor 5/5 (1)

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A timidez excessiva disfarça o orgulho dominador.
Algumas vezes, esse estado decorre de um me­canismo inibitório fixado na personalidade, que se transformou em comportamento doentio.
O indivíduo que se atormenta, vitimado pelo complexo de inferioridade, mesmo que camuflado, evita chamar a atenção, embora interiormente viva um vulcão de ansiedades e aspirações que asfixia aflitivamente, tomando posições isolacionistas, de onde observa o mundo exterior e as outras pessoas, considerando-as levianas, porque alegres, insensa­tas, porque espontâneas, ou exibicionistas, porque extrovertidas.
Experimentando a castração emocional que o im­pede momentaneamente de viver o clima social em que se encontra, sente-se rejeitado, quando é ele pró­prio quem se recusa a participar das atividades nas quais todos se encontram. Não apenas isso, mas tam­bém se utiliza do falso recurso de justificação, su­pondo-se isolado, porqüanto ninguém se interessa pela sua pessoa, quando, em verdade, por sua vez, tampouco se empenha em tomar conhecimento do que se passa fora de si, ou mesmo demonstrar qual­quer interesse pelo seu próximo. Como é natural, não se apresentando receptivo, em razão do respeito que todos se devem mutuamente, as outras pessoas poupam-se ao prazer, ou não prazer de buscá-lo para manter qualquer tipo de intercâmbio fraternal ou afetivo.
A inibição, essa resistência psicológica íntima, a pessoas, acontecimentos e condutas, é causa de mui­tos males na área da emoção. Empurra o paciente para reflexões pessimistas e autodestrutivas como forma de auto-realização doentia.
Sentindo-se não aceito, acumula azedume e ator­menta-se, frustrando as inumeráveis possibilidades de alegria e comunicação.
Quase sempre esse estado mórbido decorre de uma infância infeliz, na qual conviveu com pais au­toritários, familiares rebeldes e agressivos, sentindo-se empurrado. para o ensimesmamento, face ao re­ceio de ser punido por qualquer coisa acontecida, mesmo quando não a houvesse praticado, assumin­do postura de vítima que se esforça para agradar sempre, estar permanentemente bem com todos, sem ser incomodado pelas ocorrências ou pelas criatu­ras.
Essa conduta também expressa alta dose de egoísmo, que se impõe fórmulas de vivência individu­alista, reacionária contra tudo quanto lhe parece am­biente hostil e de difícil penetração.
Não possuindo resistência psicológica para so­brepor-se à severidade doméstica, recua para a inte­riorização, dando asas à imaginação pessimista e per­turbada, naufragando no estado de inibição.
Outras vezes, a conduta insensível dos pais, es­pecialmente da mãe — com quem mais se convive no período infantil — fez o atual paciente sentir-se re­jeitado, transformado em incômodo que era para os genitores, como se a sua presença lhes constituísse um fardo, eliminando-o, pela indiferença, do grupo familiar.
Essa mesma ocorrência pode também originar-se no convívio com outros adultos e apresentar as suas primeiras marcas no relacionamento com ou­tras crianças que, incapazes de compreender a ocor­rência, criticam, expulsam dos seus folguedos, agri­dem todos aqueles que as desagradam… Ante essa reação dos companheiros de jogos e brincadeiras, agravam-se os conflitos, que se transformarão em conduta de inibição enfermiça.
O ser existencial, todavia, é, antes de quaisquer outras considerações, um Espírito imortal, herdeiro de todas as realizações que lhe assinalam a marcha ancestral.
Viajor de muitas experiências em roupagens car­nais diferentes e múltiplas, é o arquiteto de glórias e desaires através do comportamento ético-moral, social, religioso, político, artístico e de qualquer outra natureza, por cujas faixas transitou no curso da sua evolução.
Conforme se haja conduzido em uma etapa, transfere para a outra os conteúdos que lhe servirão de alicerce para a formação da personalidade. Por outro lado, o renascimento em lares afetuosos ou agressivos, gentis ou indiferentes, entre expressões de bondade ou de acusação, resulta das ações ante­riormente praticadas, que ora lhe cumpre reparar, caso hajam sido infelizes e prejudiciais, ou mais cres­cer, em razão dos procedimentos enobrecedores.
Assim, recuando à concepção fetal, encontra-se o ser pleno, indestrutível, herdeiro de si mesmo, tra­balhador incansável do próprio progresso, que lhe cumpre conquistar a esforço pessoal.
Assim considerando, os fatores hereditários e mesológicos, psíquicos e físicos, sociais e emocio­nais que o compõem estruturando-lhe a personali­dade, delineando-lhe a existência humana, têm as suas matrizes fixadas nas atividades desenvolvidas anteriormente.
Aluno da vida, promoção ou recapitulação, re­provação na classe em que estuda na valiosa escola terrestre, dependem exclusivamente do próprio em­penho.
Não obstante, o avanço do conhecimento, nas áreas da ciência e da tecnologia, muito tem contri­buído para minimizar e mesmo eliminar os fatores traumáticos das reencarnações anteriores, principal­mente em razão dos avanços das doutrinas psíqui­cas, descobrindo o ser transpessoal, viajor entusias­ta da imortalidade.
A valiosíssima contribuição de diferentes psico­terapias modernas constitui bênção para os trans­tornos psicológicos e psiquiátricos da mais variada ordem, não devendo permanecer esquecidos os fato­res que desencadearam as ocorrências que prece­dem ao berço.
Desde o período perinatal, a partir da concep­ção, que os implementos do pretérito se insculpem no ser em formação, modelando-o conforme as ma­trizes que se lhe encontram no cerne espiritual.
Por outro lado, além das psicoterapias acadêmi­cas que auxiliam na libertação dos fenômenos de inibição, o interesse do paciente é de grande valia, mesmo durante o processo de reconquista da saúde.
Inicialmente deve ser estabelecido o veemente desejo de sentir-se bem, liberando-se da perturbado­ra sensação de permanente mal-estar a que está acos­tumado.
Para tanto, a substituição de pensamentos ne­gativos, autopunitivos, autodepreciativos, por outros de ordem emuladora ao progresso e à alegria, torna-se de vital importância. Logo depois, a consideração em torno de que todos se apresentam conforme lhes é possível, não lhe cabendo a vacuidade de colocar-se na posição de vítima, em que se compraz, tendo as outras pessoas como suas adversárias, com ou sem razão.
O problema conflitivo se encontra no indiví­duo e não no mundo exterior. Quando ele se harmo­niza, consegue enfrentar as mais hostis situações como sendo desafios que o incitam ao crescimento interior, ao amadurecimento psicológico, porque a existência humana, em verdade, não é como aprazeria a cada um, mas conforme a estrutura dos acon­tecimentos e dos impositivos da sociedade, na qual todos se encontram envolvidos.
Ainda aí, no processo de autoterapia, é essencial o desenvolvimento da tolerância para considerar as pessoas como seres em crescimento, com dificulda­des no trato consigo mesmas e não como criaturas especiais, eleitas, modelos, que devem constituir o melhor exemplo, embora a si se permita a justifica­tiva de manter-se recluso nas idéias e comportamen­tos esdrúxulos.
Cada indivíduo é um universo de emoções, de conquistas, de valores por descobrir, merecendo in­vestimentos de alto significado.
O desenvolvimento psicológico do ser humano é processo lento, que deve apresentar-se seguro, sem oscilações, vencendo as diferentes etapas e fixando-as no comportamento, a fim de que se estabeleçam novos patamares que devem ser conquistados.
Esse campo experimental, no qual a emoção se engrandece saudavelmente, é fértil em oportunida­des criativas e compensadoras, porqüanto, a inevi­tável busca do prazer, da harmonia, se transformam em razões emuladoras para o sucesso.

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