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Em algum momento da vida, quase todos fazem a velha pergunta: Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Recentemente recebi uma cópia de um incrível e surpreendente livro, repleto de sabedoria, do Rabino Shaul Rosenblatt.
Quais as credenciais do Rabino Rosenblatt para escrever sobre este tópico? Aos 27 anos de idade, Elana, sua esposa e mãe de seus 4 filhos, descobriu que tinha câncer. Após 3 anos lutando pela vida, Elana devolveu sua alma ao Criador e Shaul, viívo, ficou para cuidar das crianças.
O livro narra seus esforços para entender e, no final das contas, conseguirem crescer a partir de toda a situação. Eis alguns excertos do livro:
Como início para isto – e para a maioria das questões da vida – precisamos primeiramente definir os termos sobre os quais falaremos. Isto é ainda mais importante aqui, pois ao tratarmos sobre o porquê de coisas ruins acontecerem neste mundo, precisamos começar definindo o que é ruim.
Acredito que muito da nossa dificuldade em lidar com as coisas desagradáveis que nos acontecem provêem de uma definição de ruim que é totalmente inconsistente com o judaismo.
Talvez para a maioria das pessoas a definição de ruim seja dor. A dor e o ruim são praticamente sinônimos. Seja a dor que alguém sofre ao morrer de uma terrível doença, a dor de alguém como Elana, sabendo que nunca dançaria no casamento de seus filhos, ou a dor de crianças morrendo de fome na Ãfrica ou no Gueto de Varsóvia. É a dor envolvida nestas situações que as tornam ruins. Se ninguém no Holocausto sofresse nenhum tipo de dor – se fossem gentilmente colocados para dormir sem ter a menor idéia do que lhes estava acontecendo – também seria algo horrível, mas talvez não nos incomodasse da maneira que nos incomoda. Tomemos alguns momentos para refletir sobre isto, pois é importante entender exatamente aquilo que está nos incomodando para podermos seguir em frente.
Se a dor estiver de alguma forma conectadaà nossa definição de ruim – seja emocional, física ou uma dor espiritual – então a questão do por que coisas ruins acontecem a pessoas boas é claramente irrespondível, uma vez que a dor ocorre a todos os seres humanos durante a maior parte de suas vidas, sem distinguir se são bons ou ruins. Se a dor, por si só, é intrinsecamente ruim, então Dus nitidamente criou um mundo que está repleto de ruindade.
No entanto, não há nada, absolutamente nada, que aconteça conosco neste mundo que seja bom ou ruim. Tudo é completamente neutro. Porém, todas as coisas que acontecem têm o potencial de nos elevar a um nível maior de bondade – ou nos arrastar para bem longe de Dus. Tudo tem o potencial para ser bom e tudo tem o potencial para ser ruim. Coisas ruins não acontecem a pessoas boas e nem coisas boas,também. Coisas acontecem que são ou mais ou menos dolorosas, mas não são inerentemente boas ou ruins. Nós, seres humanos, somos os ínicos árbitros a decidir se aquilo que ocorre em nossas vidas será, no final, bom ou ruim. A escolha está inteiramente em nossas mãos.
Elana e eu tomamos uma decisão quando soubemos que ela estava doente. Não tivemos a chance de escolher se ela teria câncer ou não, mas tínhamos agora a chance de escolher como reagir ao câncer. Sabíamos que poderíamos desesperar, que poderíamos nos esconder do mundo e aceitar o nosso destino, ou poderíamos decidir ser felizes com todas as coisas boas que tínhamos. Decidimos aproveitar bem o tempo de convívio entre nós e com as nossas crianças, desfrutando a vida em geral. Sabíamos também que poderíamos nos aproximar mais de Dus ou nos afastar Dele – as escolhas estavam inteiramente em nossas mãos.
Então, para ser brutalmente honesto, peço a vocês que se perguntem: para que estamos neste mundo? Pelo conforto? Para evitar a dor? Para viver setenta ou oitenta anos de vida com o mínimo de desafios possível? Se esta é a nossa meta, então certamente muitas coisas ruins acontecerão ao longo do caminho – porque este é um mundo de dor, e a dor é contrária a tudo que vivemos. Se, entretanto, acreditarmos, como eu acredito, que estamos aqui para nos elevarmos em santidade, para crescermos e tentarmos chegar a uma auto perfeição, então tudo o que nos acontece são oportunidades de ouro. E quanto mais desafiadora, maior é a oportunidade. A Mishná (a Bíblia) nos ensina que De acordo com a dor será a recompensa (Pirkei Avót 5:23). Não está escrito conforme o esforço, mas conforme a dor. O nível de dor define o nível de potencial para a elevação espiritual. É lógico, não procuramos por dores, mas quando ela vier, devemos abraçá-la como uma oportunidade de lutarmos por nosso aperfeiçoamento e crescimento espiritual e de caráter.
Como regra, será que a dor e as dificuldades na vida tornam mais fácil ou mais difícil a elevação espiritual? Se formos honestos, teremos de reconhecer que os desafios nos ajudam a chegarà grandeza. A grandeza, habitualmente, não é encontrada entre aqueles que passam seus dias deitados na praia ou velejando pelo mundo em iates de milhões de dólares. A grandeza é muito mais frequentemente encontrada entre os que encaram as adversidades da vida e as superam. Aqueles que atingem seu verdadeiro potencial são os que lutam em situações difíceis e constroem o seu caráter neste processo.