CONFIA E TRABALHA
… Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda … (Mateus 17.20)
O campo das provações terrenas nos oferta um caminho atapetado pelos pedregosos obstáculos das vicissitudes, pelo percurso do amadurecimento são ofertados espinhos expiatórios que incisam nossa frágil alma descontente, tempestades avassaladoras dos dissabores existenciais agridem a pobre embarcação aflita, acabando por nos entregarmos a deriva da desilusão.
Marinheiros que dizem possuir a experiência da vida, demonstrando grande conhecimento das leis divinas, quando sentem adentrar em mar revolto e conturbado pelas ondas do refazimento, debandam do caminho e exasperam-se em descompasso, demonstrando que apesar de toda exteriorização da fé inabalável, possuem apenas a intenção em manter-se calmo quando tudo lhe corre ao agrado.
Ostentamos em nossos peitos as medalhas ilusórias da perseverança, mas quando convidados ao verdadeiro testemunho de esperança, abandonamos o embate e nos ocultamos pelas escusas das mais variadas, apenas no intento de retardarmos nossa modificação verdadeira.
Assumimos papeis variados no teatro da vida, mas quando o roteiro da elevação, nos exige maior dedicação em desempenhar a atuação real, resolvemos abaixar as cortinas da persistência e nos afastamos do palco da renovação, encerrando prematuramente o espetáculo de nossa sublimação.
Rogamos a Deus que retire as montanhas aflitivas da expurgação corpórea, que nos afaste do cálice amargo do fel da reparação e que nos ilumine o caminho, mas mesmo após todas as suplicas, mantemo-nos inertes e ociosos, insistimos em carregar o peso desnecessário do orgulho e a bagagem descartável da vaidade.
Nossa fé receosa e tímida, apenas apresenta-se na exteriorização das palavras, mas inexiste no sentimento interior e verdadeiro da confiabilidade no socorro amigo de Deus.
Creiamos que a existência de todos os seres é sempre acompanhada pela perfeita ordem da harmonia divina e tudo demanda o tempo necessário para sua consolidação.
Sigamos as pegadas do mestre Jesus e mesmo sofrendo as mais destrutivas agressões dos verdugos perseguidores e dos insistentes desafetos da renovação, mantenhamo-nos no caminho retilíneo da propagação do amor puro e da caridade suprema.
Sejamos, pois a semente da fraternidade a abrolhar-se no campo fértil da beneficência e assim propagar o alimento salutar da sublimação espiritual.
(Antonio Carlos Gonzaga)