O SONHO DE JOÃO-PARTE II

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O Sonho de João II

Naquela noite de domingo João estava especialmente cansado. O dia tinha sido repleto de compromissos com a família que, apesar de prazerosos, eram também muito cansativos. Se dependesse de sua vontade se reservaria o direito de tirar o dia para descansar da luta da semana. Mas João não era egoísta e amava demais sua esposa e seus filhos para negar-lhes aqueles momentos de lazer em família, afinal o que seria dele sem seus familiares?

Dessa forma, mesmo muito cansado, João teve um domingo de passeios maravilhosos na companhia dos seus entes queridos e isso era acima de tudo gratificante e reconfortante para seu espírito. Dava a sensação de missão cumprida e nada substitui essa sensação divina e tão consoladora.

Foi assim que logo ao deitar naquele final de dia, João adormeceu e fez a sua segunda viagem espiritual, como lhe havia prometido o Professor Vladmir Ynstay, quando estivera com ele na primeira vez.

João descreve assim sua viagem:

Nuvens brancas envolviam a todos que estavam ali reunidos. O ambiente exalava um perfume suave que despertava nos presentes uma sensação muito boa de leveza, paz e boa vontade para com os outros. Parecia tudo mágico, encantado, divino, mesmo. Os sorrisos eram abundantes e demonstravam o grau de irmandade que reinava em todos que se encontravam naquele lugar. Frases de amor, amizade e respeito eram trocadas entre os irmãos ali reunidos. A atmosfera ao redor do ambiente mostrava a brancura e a pureza das auras dos participantes daquele congresso espiritual na Colônia Paz de Maria, como lhe esclareceu seu Mestre.

Tratava-se de um evento planejado pela congregação de Santa Terezinha das Almas, da qual faziam parte espíritos desencarnados de Padres, Freiras e outras personalidades católicas que quando encarnados não acreditavam em reencarnação, mas que apesar de suas descrenças, nunca expressaram suas opiniões sobre o assunto, guardando para si seus pontos de vista.

Logo ao desencarnarem, esses espíritos são levados para essa Colônia pelos espíritos que os recebem, onde são orientados sobre todas as questões reencarnacionistas. Mas nem todos que são convidados aceitam a princípio esse chamado e só depois de muito perambularem por planos desconhecidos, entregam-se aos bons espíritos que os conduzem para esse lugar de paz e de muitos estudos.

O Professor Vladmir continuou com os esclarecimentos:

Como você vê, João, na Colônia existem prédios enormes e bem equipados para que sejam desenvolvidos os estudos necessários ao bom entendimento da Doutrina dos Espíritos, com ênfase no processo da reencarnação que é o grande marco dessa crença entre encarnados e desencarnados. Esses prédios são construídos pelo Ministério da Educação, a exemplo da Terra, mas é notável a diferença estrutural entre os daqui e os de lá, pois os materiais empregados nas construções se diferenciam de forma contundente. Enquanto os de lá são compostos por materiais grosseiros aos nossos olhos, os daqui apresentam-se constituídos de substâncias ectoplasmáticas de contextura fina e transparente. Acredito que seja possível, mesmo para um espírito como você que ainda está habitando o plano terreno, perceber essa diferença.

João concordou. Diferente do que aconteceu na primeira viagem, João já estava mais familiarizado com aqueles locais e o modo como tudo lá acontece. Depois dos esclarecimentos sobre o local onde João se encontrava, o Professor Vladmir passou a esclarecer sobre a questão dos estudos naquela Colônia:

Os níveis de ensino vão se alargandoà medida que os alunos avançam nos conhecimentos que lhes são apresentados.

O Nível I tem por objetivo fazer a recepção dos recém-chegados e apresentar-lhes as suas acomodações, além de fornecer esclarecimentos sobre a funcionalidade da Colônia;

O Nível II compreende os ensinamentos básicos sobre os processos de nascimento e morte no plano terreno de onde vieram os espíritos que estão em estudo;

O Nível III tem como objetivo esclarecer sobre o processo encarnatório para que os alunos o compreendam bem, uma vez que ainda poderão voltar ao plano terreno em matéria;

O Nível IV é o peníltimo período do curso e já estimula os alunosà prática de orientações aos recém-chegadosà Colônia. Funciona como um estágio;

E, finalmente, no Nível V acorre a conclusão do curso com um Congresso nas dependências da própria Colônia, sendo esse encontro o que descrevemos no início desse trabalho e do qual você está participando como meu convidado.

Para esse evento são convidados espíritos de alto grau evolutivo, sendo alguns Mestres renomados como é o caso da Dra. Sara Nóruga, professora da Colônia Universitária conhecida em seu plano como Casa do Escritor. São convidados também espíritos que ainda se encontram encarnados na Terra e que são alunos dos professores que ministram aulas no curso aqui descrito. Acho que é do conhecimento de todos que muitos médiuns habitantes do plano terreno realizam seus estudos espirituais em Colônias do plano espiritual para onde se deslocam em dias determinados pela espiritualidade, durante o descanso da matéria.

Muitos dos episódios denominados de sonhos pelos encarnados são na verdade viagens espirituais para esses locais de estudos. É muito comum encontrarmos pessoas que ficam admiradas quando em determinado momento expressam conhecimentos dos quais não sabiam serem detentores. Com certeza durante o sono realizaram viagens onde adquiriram aquele conhecimento que, na maioria das vezes, não lembram ao despertarem. Apesar de não ficarem no plano consciente, aquelas informações são guardadas no plano do subconsciente e de lá retiradas em momentos de necessidades, sem que a pessoa lembre onde adquiriu aquela informação.

E é assim que inímeros médiuns na Terra enriquecem seus conhecimentos espirituais de forma inconsciente, mas no momento em que necessitam das informações para ajudar no cumprimento de suas missões, ele é liberado pelos bons espíritos com a finalidade de beneficiar outros irmãos.

Continuando com a participação de João no Congresso:

João assistiu a várias palestras sobre diversos assuntos espirituais e aprendeu muito. No final foram feitas as apresentações dos alunos concludentes do curso e, para sua surpresa João, reconheceu entre eles um padre que conhecera quando ainda era garoto. Ficou admirado, pois já fazia tanto tempo que ele desencarnara, mas o Professor olhe explicou que aquele aluno passara bastante tempo vagando antes de aceitar o convite. Por isso demorara tanto a se graduar.

João se impressionou muito com todas aquelas informações, pois apesar de ter algum conhecimento sobre o mundo espiritual, acreditava que muita coisa não acontecia de verdade, como no caso do padre seu conhecido. Como recusar um convite tão divino para participar de estudos tão elevados e ainda escolher ficar perdido pelo tempo sem se dedicar a sua missão verdadeira?

Mas tudo lhe foi prontamente esclarecido pelo Professor e ele compreendeu que precisava ler bastante sobre a vida espiritual.

E foi com essa impressão que João acordou na manhã seguinte, com vontade de ler mais sobre os assuntos da espiritualidade. Conversou com sua esposa e logo procuraram um Centro Espírita onde iniciaram seus estudos. Compraram as obras básicas de Allan Kardec e todas as noites antes de dormir João estudava pelo menos uma página dessa obra.

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