Pedro Fagundes Azevedo, jornalista, ex-presidente da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro
As pessoas que trabalham no hospital de San Antonio de Padua, região argentina de Córdoba, não estranham mais a presença constante de um simpático cachorro que atende pelo nome de Pirata. Elas confirmaram à reportagem da emissora de TV Canal 13: há três meses, o cão chegou com seu dono que precisou ser internado para uma cirurgia de urgência, mas morreu pouco tempo depois. E, desde então, o Pirata não mais se afastou do local. Os funcionários desse hospital que fica em Rio Cuadro, a cerca de 600 km de Buenos Aires, já tentaram em diversas ocasiões leva-lo para casa, mas ele volta sempre, conforme publicaram jornais de Cordoba, neste início de ano.
O caso faz lembrar o filme “Sempre ao Seu Lado”, com Richard Gere. Trata-se de um cão que costumava esperar seu dono todos os dias, na estação ferroviária. Depois que o personagem de Gere faleceu, o animal permaneceu em frente à estação até morrer. E lembra também uma outra história bem mais antiga, conforme consta na Revista Espírita de junho de 1860, publicação francesa que tinha a direção de Allan Kardec. Um homem morrera há oito meses e sua família, na qual se encontravam três irmãs médiuns, evocava-o quase diariamente com a ajuda de uma Cesta de Ouija (antigo instrumento de comunicação com os espíritos, hoje em desuso no moderno Espiritismo). Cada vez que o espírito era chamado, seu cãozinho de estimação saltava sobre a mesa e vinha cheirar e brincar com a cesta, dando pequenos latidos, A primeira vez que isto ocorreu, o espírito escreveu através da cesta: “meu bravo cãozinho está me reconhecendo”.
Algo semelhante pode estar acontecendo com o cachorro do hospital San Antonio de Padua. De alguma forma, o cão sente a presença de seu antigo dono que talvez ainda ande por ali, na condição de espírito desencarnado, sem dar-se conta que já morreu. Francisco Xavier, através de seus livros mediúnicos, mostra que o outro lado da vida é muito parecido com o lado de cá. É por isso, penso eu, que muitos espíritos não sabem ou não conseguem entender que foram a óbito. São aqueles que acreditam que ao morrer irão para o céu, o purgatório ou o inferno, ou então, que a morte irá apagá-los até o Dia do Juízo Final. Veem as pessoas, tentam falar com elas, mas as pessoas não lhes percebem. Os animais, entretanto, principalmente cães, gatos e cavalos podem sentir e interagir com presenças espirituais.
A maioria das pessoas desconhece, mas uma das caridades praticadas nos centros espíritas é o esclarecimento e o encaminhamento desses espíritos desorientados. Numa sessão espírita, através do médium, o doutrinador conversa com o espírito necessitado de ajuda, explicando-lhe sua nova realidade. Todo o grupo reza, pedindo as bênçãos de Jesus para o espírito em crise. Depois de entender a sua nova situação, ele é levado para uma das “muitas moradas da casa do Pai” de que nos fala o Evangelho de João, 14,1-2, onde a vida continua. A morte é apenas uma simples mudança de endereço.