A SÓS COM OS OUTROS – Joanna de Ângelis 1.67/5 (3)

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Divaldo Franco

Não te creias a sós, embrulhando os sonhos que acalentavas nos pesados

tecidos da revolta.

Há tantos solitários que não se resolvem a arrebentar as amarras

do egoísmo para serem úteis a alguém!…

Sê tudo quem consiga esse fanal.

O lago plácido e sonhador, que reflete o céu de astros pulverizado

qual espelho precioso desfaz-se ante o batráquio que nele se arremessa,

apagando a ilusão da beleza.

Desejarias felicidade contemplativa cercado de carinhos, inútil,

refletindo sonhos impossíveis.

No entanto, enquanto te crês solitário e triste, frustrado nos anseios que

acalentavas, perdes os olhos nas tintas carregadas do pessimismo e não

vês aqueles olhos que te fitam inquietos, desejando acercar-se de ti,

sem oportunidade de fazê-lo.

A semente, que se sente desventurada numa arca de mogno e bronze valiosos,

desdobra-se em bênçãos para muitos quando acolhida pelo solo que lhe

oferece destino.

A água morta entre sombras alimenta a vida se vai depurada.

O monturo desprezível enriquece-se de perfume quando agasalho os bulbos do

lírio.

O coração ao teu lado, na vida diária, é a sublime meta da tua oportunidade

no corpo.

Mata a solidão, asfixiando-a nos tecidos leves da cordialidade para

com os outros.

Não creias que haja um abismo entre ti e os outros.

Se o vês ou o sentes, lança a ponte da afabilidade e atapeta-a da doçura.

Escorregarão muitos seres imersos no personalismo atormentado das vacuidades

da Terra, que se aconchegarão ao país da tua alma, sedentos, necessitados e

amigos teus, dando carinho também.

Compreenderás que o receber é efeito do dar, tanto quanto o colher é o

resultado do plantar.

A lagarta que teme a metamorfose jamais plainará como borboleta leve,

no azul do ar.

A flor que receia o desgaste nunca atingirá a semente que a perpetua.

O amor que se enclausura não amadurecerá em dádivas renovadoras.

Aparecendo à pecadora de Magdala, após a Ressurreição, o Mestre premiou o

esforço de quem tanto deu à causa da Mensagem Viva da Fé, a ponto de,

vencendo-se a si mesma, oferecer-se entre tormentos íntimos de paixões sem

nome que sublimou, para renascer dos escombros qual Circe de luz… E Maria

o mereceu, pois que, esquecida do próprio eu, cindiu a casca da

autopiedade e da falsa solidão a que muitos a si se impõe, para atirar-se

à glória do serviço ao próximo sem fronteira nem limite por amor a Ele.

Joanna de Ângelis

Divaldo Franco

Dimensões da Verdade

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