Miramez Contribuição de Francisco Baptista junior
COMUNHÃO
Estando em comunhão com o bem, você estará consorciando com a luz divina, mas não se esqueça que esta somente consegue projetar-se em mentes sadias; pondere, pois as virtudes são espelhos que refletem sua harmonia interior. A caminhada na luz depende de uma postura mental, que aqui chamaremos de comunhão com o bem, como se nessa comunhão o ser se unisse em simbiose com o ideal a ser cumprido, antes mesmo de sua vivência: a idéia existe, e o ser já se liga a ela como uma realidade em sua existência, e não como uma possibilidade futura.
Não é necessário que o homem esteja pronto e purificado para que essa comunhão se dê; não é essa proposta que aqui suscitamos. Convidamos o viajante da evolução para que lute com seus pensamentos, e que esses estejam consonantes com seu ideal de progresso, estando sempre voltado ao aprendizado que a luz oferece dia-a-dia.
}A vida nos ensina todos os seus aspectos, dando-nos lições a toda hora, que estão presentes em todas as situações, oferecendo sempre algo a ser analisado. Cuidemos para não vivermos, com isso, uma eterna teoria. Precisamos estar atentos, sendo analistas de nós mesmos, mas permitindo nos equivocarmos, pois também com os equívocos aprendemos. Cuidemos para que situações externas e que nos dizem respeito sejam igualmente motivo de análise e, em comunhão com o Modelo e Guia da humanidade, possam essas lições ser proveitosas.
O homem precisa compreender urgentemente a questão de sua imortalidade, da existência inequívoca da vida futura, das reparações e ajustes de vidas passadas que estão sendo sanadas nesta, na interação entre uma vida e outra como causa e efeito, para poder entender que o amanhã está sendo feito no agora. A vida do homem é como um rio que, no trecho em que o observamos ou, pelo menos, em nosso campo imediato de visão, não tem começo nem fim, é um contínuo: podemos saber de sua nascente, conhecer sua foz, mas nada podemos dizer de suas partes. O ser humano é como essa figura, pois ele ora está encarnado num determinado plano, ora está em outro, com novos personagens, vivendo em novas paisagens, sem deixar de ser aquela chama inicial, criado pela Fonte de Sabedoria como simples e ignorante. Estejamos, assim, coesos com o pensamento imortal de que somos seres em constante progresso, tanto nesta como nas demais vidas futuras que, por certo, teremos.
Alguns cogitam que a vivência na matéria nada importará para o Espírito. Essa nunca foi nem será a realidade, pois tudo é causa e efeito, tudo que na matéria vive, no Espírito fica, interage. É como a segunda via de um papel datilografado: tanto o erro como o acerto nele ficarão impressos, sem que possa o homem corrigir, a não ser refazendo o trabalho. Somos filhos da luz e a ela retornaremos. Busquemos a nossa parte no processo, assumindo nossa
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responsabilidade de conhecedores. Ninguém consegue reter para si o progresso feito pelo outro. Somos artífices de nossa felicidade e sem vivência de um modelo de moralidade, nada será possível.
No amanho da terra, precisa o lavrador afiar seus instrumentos, como o homem precisa afinar seus pensamentos para que esteja apto a viver essa busca que todos devem compreender. E quanto mais se progride, mais esse instrumento tem que ser afinado com a nova etapa. Separemos conscientemente o joio do trigo, descartando a possibilidade de estagnação, calcada no comodismo do ócio do trabalhador desatento. Trabalhemos com afinco, para que não estejamos entre aqueles que não desejam o progresso e saciam-se na estagnação. Somos seareiros do Senhor e por Ele devemos nos comprometer. Estejamos comprometidos com as leis de amor que nos conduzem no cadinho da disciplina para a palma da esperança de que amanhã habitaremos novos mundos.
Esforce-se para conhecer a verdade, que é imutável e transcendental, e abomine a virtude que diz ser a verdade, mas que se revela constituída pelo mundo de manipulação e desejos escondidos. aceite a verdade evangélica, colocada na essência da mensagem crística, deixada pelo Mestre de todos os mestres, e a prova de que estará com ela e o amor que não se ofende nem fere, é o perdão constante e a corrigenda farta das próprias ações. A verdade transforma, é resignada, operante e caridosa, mas nunca negligente; é correta no respeito pelo outro. É preciso que o indivíduo se solte, se liberte das amarras do conhecimento tendencioso, preconceituoso e partidário, para poder assim conhecer novas realidades.
Convidamos todos a realmente viverem uma nova comunhão com o bem e, como resultado dessa, desfrutarem da felicidade imutável. Não nos assoberbemos do que já sabemos; acreditemos que poderemos ainda conhecer muito mais, nos aprofundar muito mais e desvendar paragens ainda inimagináveis por muitos. Somos gladiadores do bem, conduzidos pela biga da vida. Lutemos pelo nosso progresso.