Carlos A. Baccelli
O diálogo terapêutico com os nossos irmãos despojados do corpo físico é de suma importância para que eles se conscientizem de sua situação, dentro da nova realidade existência em que se situam. Muitos deles, quando deixam o corpo físico, aportam às regiões no Mundo Espiritual como se estivesse tateando às cegas, desprovidos de luz pessoal e sem referências para os próprios passos. Não se prepararam, evidentemente, para enfrentar a verdade e não supunham que essa mesma verdade fosse tão clara e tão contundente. Quando se conhecem fora da realidade física, se surpreendem se debatem, se sentem sem rumo, querem retroceder voltar atrás, refazer conceitos, consertar o caminho, no entanto nada disto mais é possível, porquanto foram guindados a outra dimensão de onde um dia partiram, em direção a Terra, imbuídos dos melhores propósitos e das melhores esperanças.
A oportunidade de uma reunião como esta, com os nossos irmãos libertos do seu veículo físico de manifestação, dá-lhes a oportunidade retrocederem no tempo e de novamente se sentirem como se estivessem reintegrados na sua antiga condição… Podem falar, podem se sentir, podem se recriminar exteriorizar o arrependimento, ouvir vozes humanas semelhantes às suas próprias vozes, agora articuladas diferentemente…
Assim se sentindo no aconchego de uma reunião mediúnica, sob as bênçãos do Evangelho de Jesus, redivivo na Doutrina Espírita, se sentem eles encorajados a continuarem adiante, dispostos a refazer o próprio caminho e, mais tarde, candidatarem-se a um novo berço no mundo, retomando a experiência. Deus não desampara ninguém!
E a transformação? Toda transformação é lenta e gradual; não existe violência e a Verdade não se impõe a quem quer que seja. Por este motivo, uma reunião mediúnica de desobsessão coopera com os nossos irmãos na transição em que se vêem levados pela perda do corpo de carne. Em contato novamente com o mundo, através do diálogo, do esclarecimento e da oração, despertam do torpor em que muitos se encontram, da sonolência ou mesmo da amnésia de que muitos são acometidos, quando deixam o corpo, sem maior consciência do fenômeno da desencarnação.
São muitos os que não querem aceitar os que se acreditam vítimas de uma ilusão, de um pesadelo… Quantos não são os que sofrem indefinidamente, não aceitando o concurso dos Benfeitores anônimos da Espiritualidade que lhes estendem as mãos!
Procuremos perseverar na tarefa mediúnica de enfermagem espiritual, já que socorrendo é que somos socorridos, e os nossos irmãos, estendendo auxílio e conforto aos nossos companheiros desencarnados em condição de infelicidade, estarão igualmente se preparando para o momento da Grande Travessia.
A mediunidade possibilita aos médiuns o reconhecimento, quase imediato, de sua própria situação decorrente da desencarnação, inevitável para todos.
Meditemos nisto e não esmoreçamos. Façamos todo o bem que estiver ao nosso alcance, confiantes e sem vacilar, porquanto aqueles que necessitam de apoio, de amparo, de esclarecimento, aqueles que necessitam de mão estendida não podem esperar indefinidamente por aqueles que oscilam entre a dúvida e a certeza.
Bibliografia
Bacelli, Carlos A.; Fernandes, Odilon. Falando de mediunidade. Cap. 23. 2003.