Emmanuel
Ante as calamidades que afligem a natureza, gerando o espetáculo deprimente
das provações coletivas, não te esqueças daquele mundo vivo que somos nós
mesmos, governados por leis que não poderemos trair.
Lembra-te de que todos os nossos desacertos na luta e deserções do dever
representam deplorável plantação de males em nossa rota.
A rendição ao vício e o culto da crueldade criam espessas nuvens de treva em
torno de nossos passos a rebentarem depois, em temporais de lágrimas, que
valem por destruidoras convulsões em nosso campo íntimo.
É por isso que a experiência atual para nós outros permanece juncada pelos
destroços de ontem, quando a nossa invigilância favoreceu na estrada que nos
é própria os flagelos morais que hoje nos patrocinam as dificuldades e os
sofrimentos.
Os obstáculos do templo familiar, impedimentos afetivos, os espinheiros
profissionais e os tremendos conflitos interiores que nos assomam à vida
constituem dolorosas reminiscências dos cataclismos da alma que nós mesmos
criamos.
Regeneremos, assim, o destino, suportando com heroísmo e serenidade o
inquietante reajuste de agora.
Achamo-nos à frente do passado que ainda vive em nós e, se nos propomos
alcançar o futuro de firmamento sem sombra em que desejamos viver, saibamos
carregar a cruz de provas e inibições que nós mesmos talhamos, a fim de que,
com ela e por ela, possamos proclamar perante a lei o nosso justo resgate,
garantindo, dessa forma, a posse de nossa verdadeira libertação.
Emmanuel