Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro
Um centro, ou uma sociedade espírita digna desse nome, não deve ser uma casa do livre pensar espírita, onde cada um faz o que bem entende, segue este ou aquele caminho. Pelo contrário, deve ter um estatuto para orientar suas atividades, estruturado seguindo as normas da Federação Espírita Brasileira e da Federação Espírita de seu respectivo Estado. Acreditamos, com Allan Kardec, que um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, segundo consta em seu livro Óbras Póstumas, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente.
PASSES – O passe, por exemplo, é a simples imposição das mãos com uma prece proferida pelo passista, em benefício da pessoa que está sendo assistida, tal como se praticava nos tempos de Jesus. Não se recomenda gesticulações exageradas, nem o passe “chuveirinho” em que se movimentam os dedos da mão a semelhança de um chuveiro, ou o passe murmurando uma prece, ocasião em que o beneficiado em vez de orar, fica curioso para saber o que o passista está dizendo. Muito menos encostar as mãos na pessoa assistida. Nada disso, para que haja a uniformização dos passes, é recomendável que cada centro realize periodicamente cursos especiais para passistas.
PRECES – A principal é aquela que Jesus nos ensinou, como está no Evangelho de Mateus (5;9/18). Chamada de Pai Nosso ou Oração Dominical, pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem. Não se recomenda modificações no seu conteúdo nem as adaptações de preces de outras religiões, como a Ave Maria. Reconhecemos em Maria o espírito de maior luz dos que já estiveram na Terra, superada apenas pela luz de Jesus. Por ela temos perene devoção e contamos com suas bênçãos em todas as oportunidades de nossa vida. Mas a Ave Maria é uma oração criada no seio da Igreja Católica e contém um grave equivoco ao considerar Maria como a “Mãe de Deus”, quando sabemos que Deus não tem mãe, pois Jesus não é Deus e sim o seu principal enviado.
ORAÇÕES ESPÍRITAS – O Evangelho Segundo o Espiritismo apresenta várias páginas com orações espíritas, selecionadas por Allan Kardec, para as mais variadas situações. Além disso, temos inúmeros exemplos de belíssimas orações recebidas pela mediunidade de Chico Xavier e Divaldo Franco. De minha parte, a prece denominada De Cáritas, depois do Pai Nosso, é a mais emotiva e todas e não por acaso tem sido contritamente orada por várias gerações de espíritas. Cáritas era um espírito que se comunicava através de uma das grandes médiuns de sua época – Mme. W. Krell – em um grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicógrafas da História do Espiritismo. E eu pergunto: com o repertório tão amplo e inspirado, por que garimpar e alterar preces de outras religiões?
SESSÕES ESPÍRITAS – Em termos bem simples, devem ser constituídas por um número médio de dez a doze pessoas, entre médiuns ostensivos e de apoio, sentados em torno de uma mesa e mais o doutrinador. Nada de velas, cânticos ou rituais. Inicia-se com uma prece, depois de rápida leitura e comentário de um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, seguindo-se os passes nos participantes. Após essa abertura, desenrolam-se as manifestações mediúnicas programadas pelo plano espiritual, todas acolhidas com muito amor. A sessão geralmente é encerrada com uma prece. Em nenhuma hipótese devem participar das mesmas pessoas despreparadas, que não tenham um profundo conhecimento da doutrina.
Entretanto, sabemos que cada um de nós é um universo diferente. Temos a tendência de interpretar a doutrina segundo o nosso íntimo e os conceitos adquiridos em nossas vidas passadas e em outras doutrinas das quais fizemos parte. Mas nada justifica quebrar nossa unidade e transformar o Espiritismo em mera colcha de retalhos.