Não são poucos nem novos os argumentos e movimentos favoráveis às separações conjugais, ao se verificar que as estruturas da convivência estão abaladas no quotidiano.
Variadas sociedades apresentaram a opção separatista para os casais, silenciando quanto a quaisquer mecanismos e formas capazes de atenuar o problema, contorná-lo ou mesmo desfazê-lo.
A separação, seja qual for o tratamento legal com que se recubra, seja separação simples, desquite ou divórcio, em sendo uma medida extrema para os envolvidos nas dificuldades, somente deveria ser evocada e aplicada em casos igualmente extremos, quando o desrespeito humano chegasse ao absurdo ou a violência despenhasse para a agressão física ou para os disparates morais, capazes de promover ainda piores resultados.
Ninguém deverá ser forçado a conviver com alguém com quem não se ajusta ou não mais se ajusta, quando tenha tido o ensejo da experiência a dois. Ao mesmo tempo não se deverá monosprezar os sinais da responsabilidade decorrente das escolhas levianas, dos conúbios da paixão enganadora, nos quais um procura iludir o outro com mentirosos envolvimentos para o abandono mais tarde.
Sem hesitação, afirmamos que toda separação traumatiza o psiquismo de um ou de outro, ou os dois, em admitindo que as pessoas não são feitas de mármore, frias, ainda que tentem passar essa imagem aos que as cercam ou se esforcem por não incomodar os afetos e amigos.
As dúvidas intensas quanto às razões verdadeiras da desunião misturam-se aos sentimentos de insegurança quanto ao desempenho conjugal, nos vários lances a que se presta.
Desalentam o recomeço da vida afetiva e as incertezas quanto aos riscos de enveredar-se por outras experiências de construção do lar ou quanto às vantagens de permanecer sozinho, diante da carência de aconchego e de companhia compartilhados no bojo doméstico.
Os estigmas sociais em diversas regiões, não obstante o caráter de modernidade que têm tomado, somam-se à angústia de ter-se que explicar aos filhos, quando existam, os porquês de tudo e de quem é a responsabilidade maior pelo sucedido infausto.
É muito comum que se encontre um dos separados lançando a mente dos filhos contra a imagem do outro, sem qualquer noção do veneno tremendo que é destilado e do quanto o problema se ampliará para todos os implicados na questão dificultosa.
Minha irmã e meu irmão, ninguém duvida das lutas e das frustrações que costumam perturbar a senda dos seus anseios matrimoniais. Ninguém seria tolo ao ponto de descrer dessas problemáticas portas adentro do seu refúgio doméstico. Entretanto, pensem que a separação não deverá ser a primeira opção na pauta de soluções dos seus dramas conjugais.
É válido não trocar desnecessariamente um problema áspero, às vezes, por outro que não será menos rude, tendo-se em vista que no mundo ninguém é detentor da totalidade das virtudes. Valem a pena as tentativas que o respeito a si mesmo e o equilíbrio ético-moral-mental recomendam, para resgatar o lar mergulhado em situações ameaçadoras.
É válido tentar-se o diálogo esclarecedor, o carinho límpido, o acompanhamento solitário, a oração honesta e profunda, a prodigiosa cooperação fluidoterápica ou mesmo a procura de algum profissional equilibrado e digno, que respeite a construção familiar, a fim de evitar a separação definitiva.
A consciência do dever cumprido, porém, e a certeza de que tudo foi tentado em nome do bom senso e da grandeza moral, para a mantença do ninho doméstico, permitirá a uma parte ou outra o desatamento dos vínculos sociais do consórcio matrimonial, muito embora não se possa garantir o desatamento dos vínculos espirituais que estejam nas bases do processo conjugal.
Evite, então, o quanto possa, a opção do abandono do outro, principalmente se você, por crer em Deus e nas Suas Leis de sabedoria plena, estiver disposto a testar as suas próprias resistências e convicções, suportando um pouco mais e, além disso, contribuir para que tudo possa modificar-se de maneira mais feliz.
Se o seu caso é daqueles em que a separação já é uma realidade, sem possibilidades de retroagir, aprume-se perante as leis cósmicas vigentes em sua consciência, a fim de conquistar calma e entusiasmo de viver.
Fuja das aventuras promíscuas e fúteis supondo estar livre e desimpedido. Você poderá ter-se liberado da presença da outra pessoa, contudo, nunca se livrará da consciência que pulsa, que se manifesta em seu íntimo.
Viva com correção e saúde, sem se permitir adoecer no desalinho espiritual, nos comprometimentos inferiores.
Se você já se envolveu em nova união conjugal, com a pessoa que mereceu sua confiança e que lhe sensibilizou a alma, tenha, agora, maiores cuidados, buscando superar os seus próprios conflitos, caprichos e erros, compreendendo as deficiências da sua alma escolhida, em virtude de que a vida na Terra não pode ser transformada num mero brinquedo em suas mãos.
Não alimente revoltas, não reabasteça as labaredas do ódio, não mantenha indiferença para com aqueles que lhe partilharam a vida doméstica. Antes, ore por eles, como, onde e com quem estejam, a fim de que, sabendo que num dia ou noutro, no porvir, você será chamado a retomar os passos deixados para trás, de modo a corrigi-los, não pese nos seus ombros a canga de maiores remorsos por haver contribuído para a infelicidade de outros, por meio de suas vibrações e energias envenenadas, desfechadas pelo seu temperamento rebelde ou por seu humor sombrio.
Em todo e qualquer caso, entregue-se ao Pai dos Céus. Faça um profundo exame das dificuldades deixadas na retaguarda e das possibilidades entrevistas à frente e siga contente na busca de maior plenitude e de identificação gradativa com a vontade de Deus, nos percursos que você está fazendo nas lides terrenas.
Autor Espírito : Thereza de Brito Psicografia : J.Raul Teixeira Livro : Vereda Familiar – Cap. 8 – Pág. 41