Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente e atual conselheiro da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro
A parte mais triste e dolorosa de um suicídio, a sós ou assistido, é o acréscimo de sofrimento que seu autor atrai para si mesmo por desconhecer a espiritualidade e a presença de Deus em nossas vidas. Somente Quem dá a vida tem o direito de decidir quando ela termina no plano material. Aqueles que pensam driblar a Sabedoria Divina, fugindo ou sendo expulsos voluntariamente do corpo carnal, despertam no após morte ainda mais sofridos e alienados do que antes. Terão, depois de algum tempo, que retornar à Terra para dar continuidade ao resgate de seus erros. E geralmente voltam em corpos iguais ou menos sadios do que aqueles que supunham se livrar…
Adelino da Silveira, em seu livro “Chico de Francisco”, conta que o médium Chico Xavier, durante muitos anos, visitou um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e que morava num casebre à beira de uma mata. A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno barraco em que moravam.
O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:
– “Nem mesmo neste caso, a eutanásia seria perdoável? “Não creio, doutor”, respondeu-lhe o Chico. E completou: “este nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda a sua vida. Aguardaram a sua morte e, assim que ele deixou o corpo, eles o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos no plano espiritual. Este corpo disforme e mutilado representa uma bênção para ele. Foi o jeito que a Providência Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo aguentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo às mãos de seus inimigos para que continuassem a torturá-lo”. A seguir, o médico ainda inquiriu como esse espírito poderá resgatar seus crimes. – “Deus usa o tempo, e não a violência” argumentou Chico Xavier.
Infelizmente, sete países e cinco estados norte-americanos já permitem a tal morte assistida. Parece que algumas pessoas, em total pobreza espiritual, estão aceitando a premissa de que é melhor morto, do que vivo mas com deficiência. Na Holanda, por exemplo, os médicos são livres para decidir se uma criança que nasce com uma deficiência deva viver. O governo tem um guia de normas pelas quais, se a equipe médica acredita que a criança – ou os pais – terão de enfrentar sofrimentos significativos, então essa criança pode ser sacrificada.
O bom senso nos diz que não deve ser responsabilidade do Estado ajudar as pessoas, que estão em desespero com sua situação orgânica, se matar. Em vez disso, vamos empreender mais esforço em melhorar as terapias de gerenciamento de dor. Vamos canalizar mais recursos para os movimentos espiritualistas que esclareçam a continuidade da vida após o fenômeno chamado morte. Enfim, vamos tirar as pessoas da depressão através de todo apoio psicológico, extensivo a sua família.
No livro Após a Tempestade, Joanna de Ângelis define a eutanásia como algo puramente material. “É uma prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que vê apenas a matéria e suas implicações imediatas em detrimento das realidades espirituais, refletindo também a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem”, afirma ela, pela psicografia de Divaldo Franco. Depois de todas essas explicações, chegamos à conclusão que o suicídio assistido pode parecer um ato bastante pensado pela pessoa, do ponto de vista material, mas é uma atitude completamente impensada e sofrida do ponto de vista espiritual.