SOCIEDADES ESPÍRITAS
V.
— Sei que o senhor dirige uma sociedade que se ocupa desses estudos.
Não me será possível ingressar nela?
A.
K.
— Por enquanto, certamente que não.
Se para fazer parte dela não se necessita ser doutor em Espiritismo, necessita-se ao menos ter sobre a matéria ideias mais firmes do que as suas.
A sociedade não deseja ser perturbada em seus estudos.
Por isso não admite os que lhe acarretariam perda de tempo com questões elementares, nem os que, não simpatizando com seus princípios e convicções, introduziriam ali a desordem, com discussões intempestivas ou por espírito de contradição.
É uma sociedade científica, como tantas outras, que se ocupa em aprofundar os diferentes aspectos da doutrina espírita, buscando esclarecê-los.
É o centro para onde convergem comprovações obtidas em todas as partes do mundo e onde se ventilam e coordenam as questões referentes ao progresso da ciência, mas não é uma escola ou um curso elementar.
Mais tarde, quando suas convicções estiverem consolidadas pelo estudo ver-se-á a possibilidade de o admitir.
Nesse ínterim o senhor poderá assistir, quando muito, a uma ou duas sessões, como ouvinte, com a condição de não fazer observações que possam ofender a outrem, pois do contrário eu, que o apresentarei, sofrerei a censura de meus colegas, e as portas lhe serão cerradas para sempre.
Presenciará uma reunião de homens respeitáveis e finos, cuja maioria se distingue pelo alto grau de cultura e posição social, e que não permitiriam que os que fossem admitidos à sociedade infrigissem as regras das conveniências sociais.
Não pense, tampouco, que ela faça convites ou abra suas portas ao primeiro que se lhe dirige.
Como não faz demonstrações para satisfazer à curiosidade, afasta-se cuidadosamente dos curiosos.
Quem quer, pois, que pensasse nela encontrar uma distração ou um espetáculo ficaria desapontado e faria muito bem se não a procurasse.
Eis porque não admite, nem mesmo como ouvintes, pessoas desconhecidas ou cujas disposições hostis são notórias.