Richard era professor de Direito Criminal.
Resolveu deixar as salas de aula para se transformar num especialista em segurança.
Depois de trabalhar para uma série de bancos e agências de corretagem, chegou à empresa Dean Witter.
Sua missão era cuidar da matriz, no World Trade Center.
No dia 11 de setembro de 2001, ele colocou um terno azul escuro.
Cantando uma música alegre, de um de seus atores favoritos, divertiu a esposa.
Ele deveria ir a uma festa de casamento naquele dia.
Mas, um colega precisou de um dia de folga, por motivos pessoais, e ele o foi substituir.
Richard estava no 44º andar da Torre Sul, às oito horas da manhã.
Conseguiu uns minutos para ligar para a esposa e dizer que a amava.
Às oito horas e quarenta e cinco minutos, o primeiro avião se chocou contra a Torre Norte.
A autoridade policial informou que estava tudo sob controle e instruiu as pessoas da Torre Sul para que ficassem onde estavam e aguardassem novas instruções.
Richard sabia que cabia a ele zelar pela vida de duas mil e setecentas pessoas.
De imediato, principiou a evacuação do 44º ao 74º andares.
Enquanto fazia isso, telefonou para a polícia alertando que deveriam ordenar a evacuação dos andares que não estavam sob o seu comando.
Tinha certeza de que o prédio desabaria.
Não lhe deram atenção.
Os funcionários foram saindo de forma ordenada, exatamente como ele os havia treinado tantas vezes.
Para os confortar, cantava músicas inspiradoras da Cornualha, condado no extremo sul da Inglaterra, de onde viera.
Richard era um homem pesado, de sessenta e um anos de idade.
Naquele dia, foi além dos seus limites.
Percorreu andar por andar, para se certificar de que todos os funcionários da empresa tinham saído.
Foi quando o segundo avião, pouco depois das nove horas da manhã, atingiu a Torre Sul.
Quase todos daquela empresa estavam do lado de fora.
Todos, com exceção de Richard e de alguns poucos encarregados de segurança, que ficaram ao seu lado.
Ele foi subindo em direção às chamas, enquanto acontecia a descida pelas escadas.
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Queria se certificar de que todos haviam saído.
Verificava escritórios.
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Ajudava aqueles em apuros.
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Em meio à confusão, fez outra ligação para a esposa, dizendo-lhe: Se alguma coisa acontecer comigo, quero que saiba que você foi e será, sempre, a minha vida.
Naquele dia, somente seis funcionários da empresa morreram, incluindo-se Richard.
Tão poucos mortos, graças aos planos de evacuação que ele aperfeiçoara.
Periodicamente realizava treinamentos contra incêndio, mesmo quando o alto escalão dizia que não era necessário.
Ou quando os funcionários reclamavam dos exercícios repetitivos.
Ele insistia.
Queria estar preparado.
Estar um passo à frente das catástrofes, pelo bem daqueles pelos quais era responsável.
Via seu trabalho como uma missão.
Entendia que o seu dever era para ser cumprido, todos os dias, como se um dia, vidas fossem depender disso.
Morreu cumprindo seu dever.
* * *
O dever é uma forma de ver a vida.
É servir a um propósito maior: amar e ajudar os outros.
Os que abraçam esta filosofia se transformam em heróis.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
O princípio do dever, do livro Muito além da coragem,
de Chris Benguhe, ed.
Butterfly.
Em 16.
5.
2019.