A moça trabalhava como voluntária numa loja de roupas usadas, um brechó de um hospital.
Certo dia, conta ela, adentrou a loja uma certa senhora bastante obesa.
Logo a atendente pensou, entristecida: Puxa.
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Ela não vai encontrar nada na numeração dela.
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A partir daquele momento, ficou bastante apreensiva, conforme observava a senhora passando de arara em arara, procurando algo.
Pensava numa forma de evitar que a cliente se sentisse mal, uma vez que tinha certeza de que não encontraria nada que lhe servisse.
Não queria que ela se sentisse excluída e nem que a questão de seu sobrepeso viesse à tona, deixando a estranha sem jeito.
Fez, então, uma breve oração, pedindo uma luz para se sair bem daquela situação delicada, evitando que a senhora passasse por qualquer tipo de humilhação naquele momento.
Foi quando o esperado aconteceu.
A cliente se dirigiu à moça e afirmou, um pouco entristecida e constrangida:
É.
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Não tem nada grande, não é?
E a moça, que até aquele instante não soubera o que fazer, abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu, sorrindo:
Quem disse?? É claro que tem! Olha só o tamanho desse abraço! – E a abraçou com muito carinho.
A loja toda parou para observar a cena inusitada e bela.
A senhora, pega de surpresa, entregou-se àquele abraço acolhedor, deixou-se tomar por algumas lágrimas discretas e exclamou:
Há quanto tempo ninguém me dava um abraço.
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Depois de alguns instantes, buscando se recompor, ainda emotiva, finalizou a conversa breve dizendo:
Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava.
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Inspirados nessa singela passagem, poderíamos perguntar: Será que dentro de nós, procurando nos baús de nossa intimidade, nas prateleiras da alma, também não podemos encontrar algo grande que sirva para alguém?
Somos aprendizes, sim.
Muito nos falta de bagagem moral e intelectual, mas muito já temos para oferecer.
Quem não tem condições de dar um abraço sincero?
Quem não consegue alguns minutos de sua semana para dedicar a algum tipo de trabalho voluntário?
Quem não está apto a proferir uma palavra de estímulo, um elogio, um voto de sucesso ou de paz?
Temos todos algo grande dentro de nós: o amor maior em estado de latência, a assinatura do Criador em nossas almas perfectíveis.
O que temos de bom não precisa ser guardado a sete chaves conosco.
A candeia precisa ser colocada sobre o alqueire para que brilhe para todos.
Brilhe, assim, a nossa luz, sem economia e sem medo.
Há tantos que precisam dela.
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Não deixemos passar um dia sequer sem ter sido importante na vida de alguém, na história de um ser que respira ao nosso lado.
Haverá dia em que finalmente entenderemos o que é viver como irmãos na Humanidade inteira.
Que esta pergunta possa ecoar em nosso Espírito durante todo este dia: Será que não temos algo grande que sirva para alguém?
Redação do Momento Espírita com base em
depoimento anônimo, recebido pela internet.
Em 4.
12.
2019