PRAZER E FUGA DA DOR – Livro – Amor Imbativel Amor 5/5 (2)

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Mecanismos conscientes como inconscientes pro­pelem o indivíduo a fugir do sofrimento, que se lhe afigura como processo de perturbação e desequilí­brio.
Remanescente das experiências animais, nas quais a dor feria a sensibilidade do instinto, produzindo de­sespero incontrolável, por falta do recurso da razão, tal atavismo transforma-se em arquétipo conflitivo ínsito no inconsciente coletivo, tornando-se gênese de fobias variadas, que se avultam e se transformam em estados patológicos.
Por outro lado, vivências anteriores, que decorrem de reencarnações malsucedidas, transformam-se em receios, que são reminiscências do já passado ou pre­disposição automática para futuros acontecimentos.
Esses sucessos encontram-se estabelecidos pela Lei de Causa e Efeito, que é inexorável na sua programáti­ca, afinal decorrente da conduta do próprio Espírito, na sua condição de autor de todos os fenômenos que o alcançam, em razão da sua observância ou não aos Es­tatutos da Vida.
O sentimento de medo que alcança o ser humano ésempre descarregado através da fuga, evitando que aconteça o lance perturbador.
Expressa-se, esse medo, toda vez que se pressente a predominância de uma força superior, real ou não, que pode produzir sofrimento. Surge, então, o desafio entre fugir e enfrentar, dependendo da reação momen­tânea que se apossa do indivíduo.
Relativamente aos danos que o sofrimento pode causar, surgem as manifestações de medo físico, moral e psíquico, afetando o comportamento.
O de natureza física fere a organização somáti­ca, cujos efeitos poderão ser controlados pelas resis­tências emocionais. No entanto, o despreparo para a agressão corporal faculta que a dor se irradie pelo sistema nervoso central tornando-se desagradável e desgastante.
O de natureza moral é mais profundo, porque desarticula a sensibilidade psicológica, apresentan­do a soma de prejuízos que causa, no conceito em torno do ser, dos seus propósitos, da aura da sua dignidade, terminando por afetar-lhe o equilíbrio emocional.
… E quando as resistências morais são abaladas, facilmente surgem os sofrimentos psíquicos, as fixações que produzem danos nos painéis da mente, empurran­do para transtornos graves.
Esse medo de acontecimentos de tal porte impulsi­ona à raiva, como recurso preventivo, que leva a agre­dir antes de ser vitimado, ou à reação que se transfor­ma em quantidade de força que o ajuda a superar o receio que o acomete, seja em relação ao volume ou ao peso do opositor.
Onde, todavia, a raiva não se pode expressar, por­que o perigo é impalpável, se apresenta abstrato ou toma um vulto assustador, o medo desempenha o seu papel de preponderância, dominando como fantasma triunfante, que aparvalha.
Na sua psicogênese, estão presentes fatores que fi­caram na infância ou na juventude, nos processos cas­tradores da educação e da formação da personalidade, que levavam ao pranto ante a escuridão, às ameaças reais ou veladas, à presença da mãe castradora, do pai negligente ou violento, à insatisfação e à raiva…
O controle do ego é a melhor maneira para afu­gentar o medo, evitando que se transforme em pânico.
Face aos muitos mecanismos a que recorre, para poupar-se ao medo, a tudo que produza sofrimento, o ser humano é impulsionado a evitar o amor, justifican­do que nunca é amado, sendo-lhe sempre exigido amar.
Todos anelam pelo amor, entretanto, por imaturi­dade, não têm conhecimento do que é o mesmo, assim incorrendo no perigo de ter medo de amar.
Acredita, aquele que assim procede, que amando se vincula, passa a depender e recebe em troca o aban­dono, a indiferença, que lhe constituem perigosas ame­aças à segurança no castelo do ego, no qual se isola, perdendo as excelentes oportunidades para conseguir uma vida de plenificação.
Esse amor condicional, de troca, egotista — eu so­mente amarei se ou quando, eu amo porque — tem suas raízes fincadas na insegurança afetiva, infantil, pertur­badora, que não foi completada pela presença da ter­nura nem da espontaneidade. Assim ocorria antes como forma compensatória a algum interesse não atendido, como referencial a algum objetivo em aberto, produ­zindo desconfiança a respeito do amor, que remanesce incompleto, temeroso.
O medo de amar escamoteia-se e leva à solidão angustiante, que projeta o conflito como sendo de respon­sabilidade das demais pessoas, do meio social que é con­siderado agressivo e insano, fatores esses que existem no imo daquele que se recusa inconscientemente a dar-se, ao inefável prazer de libertar as emoções retidas.
O amor relaxa e conforta, sendo felicitador e pro­porcionando compensação em forma de prazer.
É o sentimento mais complexo e mais simples que predomina no ser humano, ainda tímido em relação às suas incontáveis possibilidades, desconhecedor dos seus maravilhosos recursos de relacionamento e bem-estar, de estimulação à vida e a todos os seus mecanis­mos.
O amor liberta quem o oferece, tanto quanto aque­le a quem é direcionado, e se isso não sucede, não atin­giu o seu grau superior, estando nas fases das trocas afetivas, dos interesses sexuais, dos objetivos sociais, das necessidades psicológicas, dos desejos… Certamente são fases que antecedem o momento culminante, quan­do enriquece e apazigua todas as ansiedades.
De qualquer forma porém, amar é impositivo da evolução e psicoterapia de urgência, que se torna in­dispensável ao equilíbrio do comportamento das cria­turas.
Expressando prazer de viver, o amor irradia-se de acordo com o nível de consciência de cada ser ou con­forme o seu grau de conhecimento intelectual.
Todo o empenho para superar o medo de amar deve ser aplicado pelo ser humano, que realmente pre­tende o auto-encontro, a harmonia interior.

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