Dizer ou não dizer ao filho que ele é adotado continua sendo, para muitos pais, um grande desafio.
Uns falam muito cedo, outros deixam para falar muito mais tarde e a inabilidade para dizer das circunstâncias que levaram à adoção, por vezes, cria algumas dificuldades de relacionamento.
Adoção, contudo, é um especial ato de amor.
Por isso, aquela mãe não se cansava de repetir, quase toda noite, a história.
Quando chegava a hora de dormir, ela se deitava ao lado da menina, acariciava os seus cabelos, a aconchegava e lhe dizia como ela era uma criança especial.
E muito amada.
Durante muito tempo, contava, seu pai e eu quisemos ter um bebê.
Oramos para que eu ficasse grávida.
Os anos se passaram e nada aconteceu.
Começamos a compreender que Deus tinha algo diferente para nós.
E decidimos adotar um bebê.
Um bebê cuja mãe não tivesse condições de cuidar dele.
Então, um dia, o telefone tocou e uma voz do outro lado da linha me disse que o nosso bebê havia acabado de nascer.
Era uma menina.
Telefonei ao seu pai no escritório.
Ele veio correndo para casa e fomos até o hospital.
Por detrás do vidro do berçário, ficamos olhando a fileira de bercinhos com os bebês recém-nascidos, tentando adivinhar qual era você.
Não víamos a hora de a levar para casa e apresentá-la à nossa família e aos amigos.
Quando chegamos frente ao portão, havia uma multidão de amigos com presentes nas mãos, ansiosos por conhecer nosso bebê.
E, filha, você tem sido uma bênção para nós.
A melhor coisa que seu pai e eu fizemos na vida foi adotar você.
A mãe se empolgava em contar.
A filha adorava ouvir.
E toda vez sentia que ser adotada era uma coisa muito especial.
Ela havia sido escolhida.
Quando a menina cresceu, casou-se e engravidou, a mãe a foi visitar.
Ela estava no sétimo mês de gravidez e se sentia muito desconfortável.
O bebê não parava de chutar.
Enquanto a jovem gemia e levava a mão ao ventre, sua mãe lhe disse:
Deve ser uma coisa maravilhosa sentir o chute de um bebê na barriga.
De repente, a filha se deu conta que sua mãe nunca sentira um bebê no útero.
Por isso, tomou as mãos da mãe, colocou-as na sua barriga e falou:
Mãe, sinta sua neta.
Uma extraordinária expressão de alegria se estampou no rosto daquela mãe, que nunca pudera ter uma gestação, que nunca pudera sentir o filho no seu ventre.
E a filha compreendeu que, naquele momento, oferecia para sua mãe, aquela mulher que a adotara com tanto amor, um presente que ela nunca pôde sentir pessoalmente.
Ela havia recebido tantos presentes ao longo da sua vida.
Sempre fora imensamente amada e acarinhada.
E agora podia repartir um momento muito especial com aquela mulher especial, sua mãe.
* * *
A maternidade do coração é muito mais vigorosa do que a do corpo.
Quem adota, o faz por amor.
Pais de adoção são almas que sustentam outra alma, vidas completas que amparam outra vida em desenvolvimento.
Seu querer é suave como a claridade da lua e forte como somente o amor abnegado pode se tornar.
São anjos anônimos e abençoados na multidão, demonstrando que o amor é Deus e dEle tudo procede e que pessoa alguma é propriedade de outra, porque todos somos filhos do Seu amor, nutridos pelo amor.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Eu fui escolhida, do livro Histórias para o coração da mulher,
de Alice Gray, ed.
United Press; no cap.
Filho adotivo e no cap.
Mãe adotiva, do livro S.
O.
S.
Família, por diversos Espíritos,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.
LEAL.
Em 19.
1.
2023