Morto o cachorro, não acabou a raiva?

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      Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente e atual conselheiro da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro

Embora muitos não acreditem na sua própria existência após a morte, a verdade é que a vida continua e os espíritos vingativos conservam o seu ódio além da sepultura. E, na vida espiritual, continuam a perseguir aqueles que são objeto do seu rancor. Daí soar falso, quando aplicado ao homem, o antigo provérbio: Morto o cachorro, acabou-se a raiva. Porque o espírito atrasado espera que aquele a quem odeia fique preso a um novo corpo – em nova reencarnação e assim menos livre – para mais facilmente o atormentar, atingindo-o na sua saúde, nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições. E reside aí a maioria dos casos de obsessão, que a medicina tradicional não sabe diagnosticar para indicar um tratamento adequado. Sua etiologia abrange os erros graves cometidos em vidas passadas. O obsedado e o obsessor são, na realidade, velhos conhecidos. Deus permite o prolongamento do conflito que eles criaram para que um dia, cansados de tanto se agredirem, finalmente, venham a se harmonizar, sentindo as vantagens trazidas pelo perdão e pela caridade. Importa, pois, com vistas à felicidade futura, não deixar assuntos pendentes. E reparar, o quanto antes, os males que se tenham praticado em relação ao próximo. Assim, ficam extintos antes da morte todos os motivos de desavença posterior. E torna-se possível fazer, de um inimigo encarnado neste mundo, um amigo no outro, ou pelo menos ficar com a boa causa. Deus não deixa ao sabor da vingança todo aquele que realmente soube perdoar.
Há mais de dois mil anos, Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário. Não é apenas para evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se prolonguem no futuro.. Conforme está no texto do Evangelho de Mateus, (capítulo 5, versículos 25 e 26): – Faz as pazes, sem demora, com o teu adversário, enquanto estás no mesmo caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil.
Cabe aqui lembrar que Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno resume a questão da obsessão e do sofrimento humano numa única frase: O sofrimento é inerente à imperfeição. Toda imperfeição, e toda falta que dela decorre, traz o seu próprio castigo nas suas consequências naturais e inevitáveis. Assim, a doença decorre dos excessos, a vingança da falta do perdão, o tédio do ócio, e assim por diante, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta e cada indivíduo. Quem, de boa vontade,consegue perdoar e corrigir suas próprias imperfeições, poupa a si mesmo do sofrimento que daí decorre. A cada um segundo as suas obras, tanto no céu como na terra, revelou Jesus e confirmou Kardec.

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