Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente por três gestões da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro
Em sua meteórica passagem terrena, como é de amplo conhecimento, Jesus operou milhares de milagres, muitos em público e a maioria reservadamente. Entre aqueles que marcaram, podemos destacar a multiplicação dos pães, o transformar a água em vinho, o caminhar sobre as águas e as numerosas curas de doentes desenganados. O mais importante de todos, porém, foi a revolução que seus ensinos produziram no mundo, levando-se em conta a exiguidade de seus recursos e meios de ação. Allan Kardec, no capítulo XV de seu livro A Gênese, salienta queJesus, embora pobre, nascido na mais humilde condição, no seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, apenas durante três anos prega a sua doutrina; em todo esse curto espaço de tempo é desatendido e perseguido pelos seus concidadãos; vê-se obrigado a fugir para não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos, renegado por outro, abandonado por todos no momento em que cai nas mãos de seus inimigos.
E Kardec conclui:só fazia o bem é isso não o punha ao abrigo da malevolência, que dos próprios serviços que ele prestava tirava motivos para o acusar. Condenado ao suplício que só aos criminosos era infligido, morre ignorado do mundo, visto que a História daquela época silencia a seu respeito. Nada escreveu; entretanto, ajudado por homens tão obscuros quando ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão pela qual dizemos que o triunfo alcançado pela sua doutrina foi o maior de seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina a sua missão.
Na verdade, como diz o Evangelho de João (21:25), se todas as coisas que Jesus operou fossem relatadas, nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos. Através de suas parábolas, o Cristo oferece admiráveis lições de moral superior, entendíveis em qualquer época e em qualquer latitude da vida humana. Mas, foi principalmente através do exemplo que o Mestre ensinou. Iniciou sua missão entre os homens do campo, viveu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro pão dos pescadores humildes e terminou sua tarefa santa pregado numa cruz, entre dois ladrões, sem jamais se enlamear nas perseguições que sofreu, sempre trabalhando pelo bem de todos e pela divulgação das verdades espirituais. Tal como falou, não veio para ser servido, mas parar servir (Mateus, 20:28).
Não olvidemos os seus sacrifícios. Não esqueçamos que o Salvador passou entre nós, sempre trabalhando. E sem jamais pedir dinheiro, ao contrário do que fazem hoje muitos dos que se dizem seus seguidores. Não queiramos pecar pela omissão, pelo comodismo, pois somos responsáveis inclusive pelo bem que, tendo oportunidade, deixarmos de praticar. Enquanto há tempo, como bem recomendou o apóstolo Paulo, pensemos nas coisas que são de cima (Colossenses, 3:2). Ao Cristo, que nos facilitou o entendimento de todas estas coisas e abriu o caminho para nossa salvação, uma vez mais, neste Natal, nosso profundo reconhecimento, nossa comovida e agradecida homenagem. E a certeza de que Ele continuará para sempre em nossas vidas, pela eternidade afora.