Kardecismo em Alto Astral

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      Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro Fagundes Azevedo

Já perdemos a conta do número total de novelas de cunho espírita produzidas e apresentadas pela Globo. Sucessos de Ibope, nem todas seguem fielmente os conceitos kardecistas mas, pelo menos, não cometem os disparates comuns em filmes norte-americanos do gênero. Tudo porque são chegados os tempos em que as verdades espíritas se disseminarão rapidamente, sendo aceitas com naturalidade pelos profitentes de outras religiões. Isto não significa que todas irão se tornar espíritas, mas que todas as religiões com o tempo vão incorporar os conceitos como reencarnação e mediunidade, por exemplo. Tal como aconteceu no passado com a ideia de que a Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, como defendia a Igreja. E que, devido a essa heresia, por pouco não levou Galileu à fogueira no século 17. Somente cerca de 350 anos depois, em 1992, o Papa João Paulo II finalmente reconheceu o erro e pediu desculpas. Posteriormente, BentoXVI disse que a compreensão das leis da nature za pode estimular a compreensão e apreciação dos trabalhos de Deus.
Essas leis da natureza ainda não são totalmente conhecidas pela ciência dos homens. Entre elas se encontra a Lei de Causa e Efeito, refletida no fenômeno da Reencarnação. Das recentes pesquisas para dar uma base científica a essa crença, destaca-se o trabalho do psiquiatra Dr. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia, Estados Unidos, que recolheu dados sobre mais de 3000 casos em todo o mundo evidenciando a reencarnação . Segundo esse levantamento, os relatos de vidas passadas surgem geralmente aos dois anos de idade, desaparecendo com o desenvolvimento do cérebro. Uma constante aparece na proximidade familiar, embora haja casos sem nenhum relacionamento étnico ou cultural. Influências comportamentais como fragmentos de algum idioma, fobias, depressões, talentos precoces (como em crianças prodígio), etc, e a associação desses fenômenos com encarnações passadas constituem o rico filão que vem sendo explorado pelos nossos autores de novelas.
É o caso da serie Alto Astral, que estreou no último dia três de novembro, na TV Globo, com 165 capítulos. Constitui uma homenagem a Andréa Maltarolli, idealizadora da sinopse original, que morreu em 2009 após dura batalha contra o câncer. Seu diretor, Jorge Fernando é espírita e afirma que acredita no destino: Não estamos aqui sem motivo. E tudo que a novela retrata eu acredito. Daniel Otiz, que se incumbiu de adaptar a sinopse deixada por Andréa, diz que a ideia de Alto Astral é tão boa, que eu não encarei com como um desafio e, sim, como uma honra. Não a conheci pessoalmente, mas sinto que já a conheço há anos. Protagonizada por Nathália Dill e Thiago Lacerda, a novela conta a história de amor entre Caíque (Guizé) e Laura (Nathália). Eles sentem que são almas gêmeas, mas não conseguem viver este amor porque ela namora Marcos (Trhiago Lacerda), irmão de Caíque.
Ambos são médicos e herdeiros de um grande hospital, onde se passa boa parte da trama. Cláudia Raia dá vida à paranormal chalatã Samantha Santana, que já teve dons mediúnicos mas os perdeu por receber dinheiro pelos seus atendimentos. E Samantha não vai deixar Caíque em paz, já que o rapaz também tem mediunidade. Aliás, a Bíblia já previa que no final dos tempos haveria essa expansão da mediunidade: Sucederá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. Vossos jovens terão visões. E vossos velhos sonharão. (1 Atos dos apóstolos, 2:17).

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