Pelotas coloca tema suicídio como caso de saúde pública – Pedro Fagundes Azevedo

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            Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro

Pelotas coloca o tema suicídio
como caso de saúde pública
Pedro Fagundes Azevedo, jornalista gaúcho.
No mesmo momento em que você lê esta notícia, alguém está se matando. A cada 45 minutos, um brasileiro morre em decorrência de suicídio. No mundo, a estatística é ainda mais preocupante: um novo caso é registrado a cada 45 segundos. O alerta é da Organização Mundial de Saúde (OMS) que enfatiza: para o tema ser tratado com a seriedade que merece é preciso quebrar tabus. E o primeiro a ser derrubado é a dificuldade em colocar o assunto em pauta. É o alvo da campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa que se espalha ao redor do globo, e ganhou adesão no extremo sul do Brasil, em Pelotas, com mesa-redonda realizada pela Associação Médica local (AMP), segundo o Diário Popular de sexta-feira última, dia 11 de setembro.
A intenção é contribuir para eliminar ideias que, historicamente, integram o senso comum e criam falsas verdades. Uma delas é a de que quem quer se matar não avisa. Errado. Quem pensa em acabar com a própria vida, avisa sim. A ressalva faz parte de cartilha elaborada pelo governo federal para servir de manual aos profissionais que atuam em Saúde Mental. E esse é apenas um dos alertas.
A American Foundation for Suicide Prevention (uma organização americana voltada a prevenção do suicídio) assinala outros sinais: a pessoa falar que não tem mais razão para viver, ou achar que é um fardo para os outros, queixar-se de uma sensação de se sentir presa, de carregar uma dor física ou moral insuportável. Deve-se prestar atenção nas mudanças bruscas de comportamento, especialmente relacionado a algum evento dolorido como perdas e luto, notar se a pessoa aumentou o uso de álcool e drogas ou passou a agir imprudentemente. Um sinal de alerta importante é a pessoa se isolar de familiares e amigos. E aí, mais do que nunca, o suicida em potencial precisa ser ouvido e compreendido por um profissional da saúde, devidamente habilitado, para a adoção de medidas adequadas.
Camilo Castelo Branco, notável escritor português, suicidou-se em 1890, aos 65 anos, por não suportar a cegueira que o acometia, impedindo de dedicar-se a sua paixão pelas letras. Depois da morte, como espírito, ao recuperar parcialmente sua saúde, procurou a médium Yvonne Pereira para ditar as memórias desse infortúnio. Desse entendimento surgiu o livro de Memórias de um Suicida que é considerado o mais impotente sobre o assunto, tanto pelas informações que contém quanto por ter livrado muitas pessoas desse ato que só complica e nada resolve. Este trabalho é o responsável por trazer ao Brasil o Centro de Valorização da Vida. Foi a partir da leitura de tais memórias que, em 1962, criaram essa instituição, sem fins lucrativos, de atuação essencialmente voluntária, com a finalidade de prevenir o auto assassinato. Seu novo número de atendimento telefônico, com discagem gratuita, é o 188.

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