Livro: Amor Imbatível Amor: Capítulo 37-CONFLITO AFETIVO

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Na área das manifestações afetivas, o desenvolvi­mento da percepção deve dar-se de maneira espontânea, sem qualquer tipo de manipulação dos sentimentos.
Inata, em a criatura humana, a afetividade é fun­damental para um desenvolvimento emocional sau­dável, respondendo pela felicidade e auto-realização do ser.
A imaturidade dos adultos, não raro, desde cedo, por mecanismo de transferência de sentimentos con­flitivos, procura adquirir o afeto da criança median­te a sedução, que conduz, no íntimo, algum distír­bio da libido. Naturalmente, esses, que assim se comportam, como muitos pais, não têm conhecimen­to da relação subjacente de conotação sexual.
Incapaz de compreender a sedução de que se faz objeto, a criança se sente impossibilitada de exer­cer o critério da livre escolha, ou de fazer exigências naturais para a conquista do que lhe resulta em prazer. Quando o consegue, descobre a maneira de chantagear, passando a mascarar os seus sentimen­tos e derrapando em interesses subalternos. Essa conduta propõe um dilema no processo psicológico da mesma, que é a dificuldade de como agir, de forma que a si mesma se agrade, sem desatenderàquele que lhe proporciona prazer, embora por meio de astícia, de ser livre e escolher a própria satisfação de maneira segura.
Nesse jogo de afetividade doentia, surge a rejei­ção como mecanismo punitivo, no qual o medo de ser descoberto pelo sentimento perturbador que man­tém, pune o ser que seduz, por haver-se tornado instrumento de gozo e de possível sofrimento.
Esse distírbio resulta da carência que experi­mentam alguns adultos, que transferem, de imedia­to, para a prole, essa necessidade afetiva, passando a seduzir os filhos, não raro, amando-lhes os corpos, o contato físico, em razão da repulsa que sentem pelo próprio.
Conduta de tal natureza, além de afligir a crian­ça e perturbar-lhe o desenvolvimento psicológico saudável, contribui para que surjam conflitos afeti­vos. Poderá manter ojeriza pelo corpo, caso tenha observado o dos pais, especialmente se são exibici­onistas, e o apresentam com o pretexto de darem início a uma educação sexual, que ocorre no mo­mento inadequado. A criança pode ser tomada de pavor em verificar como ficará na idade adulta, passando a realizar um conflito castrador, notando a ausência de beleza no corpo adulto. Porque ainda éincapaz de entender estética e harmonia, a exibição física dos pais ou de outro adulto qualquer, poderá provocar um sentimento de anulação do próprio corpo, passando a abandoná-lo, mesmo que incons­cientemente.
O esquizóide, por exemplo, nega o corpo e assu­me, quase sempre, uma postura infantil e de incapa­cidade.
Somente o amor real, destituído de interesses perturbadores, consegue irradiar a luz da harmonia entre as criaturas. Será ele que oferecerá recursos para uma conduta saudável, pela força intrínseca de que é portador, anulando a possibilidade da instala­ção de conflitos.
Mesmo o esquizóide não se encontra imune ao amor. Tem dificuldade de amar, é certo, porém é receptivo ao amor. Quando este se lhe acerca, trans­forma-o, o ego nele predominante abandona sua he­gemonia, facultando que fiqueà disposição da ou­tra pessoa.
Nesse estado, aquele que ama, não somente vive um sentimento de união com o ser amado, como também com tudo e com todos, em um estado de perfeita identificação. Alteram-se, ante as suas emo­ções, os painéis da natureza, e a vida flui de forma generosa, harmônica.
Indispensável que a conduta se encontre estabe­lecida entre parâmetros que definam como agir e como vivenciar as próprias experiências.
O conhecimento oferece recursos hábeis para o cometimento. No entanto, a espontaneidade não deve ser banida dessa conquista, em razão dos benefícios que proporciona. Uma atitude natural é muito mais valiosa do que aquela que se fez estruturar artifici­almente, oferecendo uma postura robotizada.
Por isso, o treinamento não pode eliminar a pos­sibilidade das reações normais, o que tornaria os gestos totalmente destituídos de encantamento e na­turalidade.
Certamente, se deve pensar antes de agir, parti­cularmente quando se é defrontado por circunstân­cias e ocorrências importantes. Todavia, o gesto afe­tivo espontâneo consegue muito mais do que as ar­timanhas e elaborações do intelecto. Ademais, o sen­timento puro irradia-se e conquista, enquanto a ati­tude estudada oferece gentileza mas não esponta­neidade.
O conhecimento exerce um grande valor na con­duta afetiva, no entanto, o estabelecimento de re­gras presentes em manuais de como conquistar pes­soas, de como mantê-las vinculadas, constitui um perigo para a própria expressão do amor, que se torna artificial, desinteressante, em razão de considerar-se o outro como objeto de uso, de exploração que, após preencher a finalidade, pode, a qualquer momento, ser deixadoà margem.
Destacam-se dois elementos na área da afetivi­dade que não podem ser desconsiderados: o conhe­cimento e o sentimento. O conhecimento amplia os horizontes, mas o sentimento vivencia-os. O conhe­cimento liberta, porém o sentimento dá calor e vida.
Não seria fácil estabelecer uma escala de valores para demonstrar qual dos dois é mais importante na estruturação da vida afetiva. Deve-se, no entanto, ter em conta que o amor trabalhado mediante fór­mulas é destituído de luz e de calor, com duração efêmera, podendo saturar com rapidez.
Por outro lado, o sentimento sem controle escra­viza, perturbando a função afetiva com exigências descabidas, principalmente se o ego comanda a con­duta.
Ideal, portanto, que o ato afetivo seja espontâ­neo, sem fórmulas, com respeito e doação, com calor e sem ardência, o que se consegue mediante a edu­cação do sentimento.
Costuma-se afirmar que o coração não pode ser educado, o que é verdade, no entanto, podem ser orientadas as explosões do ego como necessidade afetiva.
Seria desejável que essa proposta de educação dos sentimentos, começada no lar, prosseguisse na escola, de forma que a criança pudesse experienciar a afetividade sem afetação, sem sedução, evitando­-se, por consequência, o fenômeno da rejeição.
Nesse programa educativo, seria viável que se retomasse a espontaneidade, ao lado do currículo estabelecido sem rigidez, para que se logre, na com­petitividade do grupo social, a produção e a con­quista de recursos financeiros compensadores para o ego e realizadores para o Self.
Todo recurso de sedução é prejudicial, em razão da falta de autenticidade afetiva, propondo confli­tos, perfeitamente dispensáveis.

Joana de Ângelis – Psicografado por Divaldo franco

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